28/Abr/2023
A Kepler Weber, líder no mercado de equipamentos para armazenagem de grãos, obteve lucro líquido de R$ 51,2 milhões no primeiro trimestre deste ano, queda de 45,3% ante os R$ 93,6 milhões apurados em igual período do ano passado. A margem líquida atingiu 15,9%, recuo de 5,5% na comparação anual. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou em R$ 77,4 milhões, queda de 47,3%. A receita líquida da companhia diminuiu 26,2% na mesma comparação, para R$ 323,1 milhões. No primeiro trimestre de 2023, o mercado interno representou 93% da receita líquida, e o externo, 7%, em comparação a 91% e 9%, respectivamente, um ano antes. A Kepler Weber informou que realizou no primeiro trimestre um reposicionamento dos segmentos de negócios.
Com isso, os clientes que pertenciam à carteira de pós-colheita foram divididos em dois grupos: Fazendas, que correspondem a produtores rurais, e Agroindústrias, que são contas corporativas como tradings, indústrias, cooperativas e cerealistas, que serão somadas às indústrias de grande porte anteriormente contempladas neste segmento. A receita líquida do segmento Fazendas da Kepler Weber no primeiro trimestre de 2023 diminuiu 12,4% em relação a igual período do ano passado, para R$ 107,4 milhões. A empresa disse que a redução refletiu fortemente a elevada taxa de juros, além dos impactos negativos no tíquete médio resultantes do arrefecimento no preço do aço, escassez de recursos nas linhas de agronegócios como PCA e redução do valor das commodities, trazendo impactos para a renda agrícola no período.
Já o segmento de agroindústrias gerou R$ 110,1 milhões em receita líquida no primeiro trimestre, queda de 53% na comparação anual. A redução também foi atribuída ao cenário de taxa de juros elevada, que resultou em menor volume de negócios. A receita de negócios internacionais caiu 39,7%, para R$ 22,8 milhões. Segundo a Kepler, a queda foi motivada principalmente pela seca no Paraguai e pelo arrefecimento econômico nos países da América do Sul. O segmento de portos e terminais teve receita líquida de R$ 31,8 milhões no primeiro trimestre. Em igual período do ano passado, a receita foi próxima de zero. A Kepler explicou que o desempenho foi resultado da entrega de projetos importantes, dentre eles um grande terminal portuário em Paranaguá. A receita líquida de reposição e serviços aumentou 19,4%, atingindo R$ 51 milhões.
O diretor presidente da Kepler Weber, Piero Abbondi, afirmou que a grande produção de grãos esperada para o Brasil em 2023 demandará novos projetos em todos os segmentos de atuação da companhia. "Estamos preparados. A demanda continua positiva, especialmente de agroindústrias, cooperativas, portos e terminais; por outro lado há menor pressão de custo dos materiais, o que deve contribuir para nossa rentabilidade neste ano", disse Abbondi durante teleconferência sobre os resultados do primeiro trimestre de 2023. Abbondi explicou que depois de um 2022 "excepcional", a perspectiva é de que 2023 seja um ano de retorno à normalidade e à sazonalidade do setor de armazenagem. "A normalidade é demanda mais fraca do produtor no primeiro semestre e mais forte no segundo semestre", disse. O diretor Financeiro e de Relações com Investidores, Paulo Polezi, ponderou que apesar da esperada normalidade, 2023 ainda será um ano forte porque, mesmo que produtores rurais estejam postergando compras, em virtude dos níveis atuais de taxas de juros, empresas e cooperativas estão investindo para fazer frente à maior produção e necessidade de cooperados/clientes.
"O horizonte é chegar a 400 milhões de toneladas de grãos no BR em 2027", afirmou ele. O diretor Comercial da Kepler, Bernardo Nogueira, complementou que o pipeline de pedidos no primeiro trimestre deste ano é superior ao do primeiro trimestre de 2022, puxado mais por pedidos de agroindústrias e cooperativas do que de produtores rurais, mas tais projetos ainda não estão se concretizando. "Acreditamos que quando as condições (econômicas) se normalizarem, devemos trazer esses projetos para dentro da fábrica", afirmou. Conforme Nogueira, a companhia aprovou, no dia 26 de abril, investimentos para ter mais dois Centros de Distribuição. No primeiro trimestre, o Capex (investimentos) da Kepler aumentou 292%, para R$ 29,4 milhões. A conclusão no primeiro trimestre de 2023 da compra de 50% mais uma ação da Procer, empresa líder em conectividade de silos com soluções que utilizam Internet das Coisas (IoT), abre caminho para a Kepler Weber alcançar cobertura de mais de 80% do mercado agrícola, segundo o diretor Comercial da empresa, Bernardo Nogueira.
"Estamos muito animados com as possibilidades trazidas pela Procer. Nós somos líder em armazenagem, a Procer é líder em conectividade de silos, então quando juntamos essas duas forças, temos uma cobertura do mercado de mais de 80%", afirmou Nogueira, durante teleconferência de resultados do primeiro trimestre. Conforme o executivo, cerca de mil unidades de armazenagem de clientes da empresa já estão conectadas com soluções da Procer. O diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Kepler, Paulo Polezi, complementou que a diretoria trabalha com perspectiva de "crescimento importante" para a Procer neste ano. Há expectativa também de que a empresa de conectividade de silos permita à Kepler entrar em novos mercados internacionais, segundo o diretor presidente, Piero Abbondi, que participou da teleconferência.
Sobre a atuação internacional da companhia, Nogueira informou que a Kepler participará da principal feira agropecuária da África do Sul neste ano, em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), e que há uma negociação importante com cliente do país. "Esperamos trazer novidades (sobre esta negociação) no nosso próximo call de resultados", afirmou. Os executivos informaram, além disso, que o Fiagro lançado recentemente pela Kepler já financiou um projeto de armazenagem. A perspectiva é que, com uma possível queda das taxas de juros no País, o Fiagro se torne uma opção "cada vez mais atraente" para clientes financiarem seus projetos. Em dezembro, a Kepler anunciou que havia concluído a estruturação de um Fiagro da categoria Direitos Creditórios (Fiagro-Fidc), junto com o BTG Asset e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Por meio do fundo, serão concedidos até R$ 300 milhões em crédito a clientes da empresa para financiar projetos de armazenagem de grãos. Fonte: Broadcast Agro.