21/Feb/2024
Com o objetivo de limpar sua matriz energética e diversificar as fontes de fornecimento após reduzir a compra de gás da Rússia, por causa da guerra travada na Ucrânia, a Alemanha está patrocinando projetos, pesquisas e eventos ligados ao desenvolvimento do hidrogênio verde no exterior, o que tem beneficiado o Brasil. As primeiras plantas de hidrogênio verde do País foram inauguradas em agosto de 2023. Ainda são usinas piloto construídas em laboratórios de faculdades: uma na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e outra na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em setembro, foi a vez de a Universidade Federal de Itajubá (Unifei), em Minas Gerais, inaugurar sua pequena usina. Em comum, além de desenvolverem o combustível que é uma das principais apostas do mundo para reduzir as emissões de carbono, os projetos estão recebendo recursos do país europeu.
O governo da Alemanha já anunciou que o hidrogênio verde é uma das fontes de energia renovável estratégicas para o país abandonar os combustíveis fósseis. De acordo com a Lei das Fontes de Energias Renováveis da Alemanha, as fontes limpas deverão ser responsáveis por 80% da energia até 2030. Para cumprir a meta, a Alemanha terá de importar dois terços do hidrogênio verde que deverá demandar. Para atingir o objetivo, o país vai ter de importar energia, e o Brasil pode ter um papel estratégico para cobrir parte da oferta. Agora, a Alemanha está criando mecanismos para viabilizar o mercado de hidrogênio. Segundo a Câmara Brasil-Alemanha, não existe oferta global atualmente. A estratégia para alcançar as metas de descarbonização e promover o abastecimento de hidrogênio na Alemanha foram estabelecidas em meados de 2020. O governo destinou € 9 bilhões para investimento tanto interno como externo.
No Brasil, além das plantas da UFSC, da UFRJ e da Unifei, projetos na Universidade Federal de Goiás (UFG) e no parque tecnológico Itaipu também receberam financiamento do governo alemão, grande parte por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (Giz), uma agência de cooperação técnica. Segundo a Giz no Brasil, a agência costuma destinar ao País de € 1 milhão (R$ 5,36 milhões) a € 2 milhões (R$ 10,7 milhões) por ano para financiamento de estudos e programas de cooperação técnica. Mas, entre o fim de 2021 e 2024, projetos relacionados a hidrogênio verde receberam € 34 milhões (R$ 182 milhões). Colômbia e África do Sul, também receberam recursos alemães. As Câmaras de Comércio Brasil-Alemanha em São Paulo e no Rio de Janeiro têm organizado diversos debates sobre o tema desde 2020, parte deles com apoio do hoje chamado Ministério para Assuntos Econômicos e Proteção Climática da Alemanha, além de empresas alemãs como Thyssenkrupp e Siemens Energy.
A câmara em São Paulo, em parceria com a Giz, ainda desenvolveu um programa para acelerar 24 startups no Brasil que tivessem soluções para o hidrogênio verde. A Câmara Brasil-Alemanha de São Paul afirma que a Alemanha está mapeando países que podem ajudá-la a cumprir suas metas climáticas e frisa que o Brasil é uma “potência única” em energia renovável. Na América Latina, Argentina e Chile também chamam atenção como possíveis fornecedores, mas o fato de o Brasil ser o único “parceiro estratégico” da Alemanha na região o favorece. A Alemanha classifica como “parceiros estratégicos” países com os quais tenha firmado acordos de cooperação em diferentes campos, como sustentabilidade, energia, economia, comércio, trabalho, assuntos sociais e direitos humanos. As indústrias química e siderúrgica são muito fortes na Alemanha e ambas precisam de um grande volume de energia para operar. Como o país, assim como o restante do mundo, precisa transformar sua matriz energética, ele passou a buscar em todo o mundo fontes para tornar essa transição possível. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.