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19/Apr/2024

Fertilizantes: retomada pela Petrobras é positiva

O anúncio da Petrobras sobre a retomada das operações da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados, subsidiária integral da companhia, pode ser um primeiro passo para o Brasil começar a reduzir a dependência de importações de insumos. Mas, os efeitos, se forem sentidos, ocorrerão no médio prazo. A Petrobras informou que a planta localizada em Araucária, no Paraná, e "hibernada" desde 2020 tem capacidade de produção de 720 mil toneladas de ureia e de 475 mil toneladas de amônia por ano. A amônia é a base da produção da ureia e outros fertilizantes nitrogenados. Os fertilizantes mais utilizados nas lavouras são conhecidos pela sigla NPK (nitrogênio, fósforo e potássio). A capacidade de produção de ureia da planta representa menos de 10% das importações atuais do Brasil.

O País é um dos maiores importadores de ureia do mundo, e, mesmo com a retomada, demoraria muito para suprir o mercado interno. Dados oficiais do Comex Stat, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), apontam que no ano passado o Brasil importou 298 mil toneladas de amônia, 7,3 milhões de toneladas de ureia, 5,2 milhões de toneladas de MAP (fosfatados) e 13,4 milhões de toneladas de KCl (potássico, K). A produção de amônia envolve bastante uso de energia. A maioria dos países emprega o gás natural no processo de produção. Como os preços do gás no Brasil não são competitivos, o País tem dificuldade de competir com as mercadorias importadas oriundas de países onde o gás natural é mais barato. Não há problema na compra de insumos importados para a fabricação de fertilizantes.

Outros países, como Estados Unidos e China, recorrem ao mesmo procedimento para a fabricação de adubos. A questão é a dependência excessiva, pois o País fica sujeito a conflitos geopolíticos e a oscilações macroeconômicas, como a alta do dólar observada no começo desta semana. Em janeiro, na relação entre produção e entregas, o Brasil fabricou 13,8% dos fertilizantes utilizados nas plantações. Todo o resto foi importado. Depender de compras externas de mais de 85% dos insumos deixa o Brasil muito suscetível às oscilações de preços e isso se reflete no mercado interno. O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que, além da reativação da Ansa, o Conselho de Administração tem mandato para voltar a produzir fertilizantes. A Petrobras tem unidades na Bahia, Paraná e Rio Grande do Sul.

A estatal afirmou que dará uma solução viável, lucrativa para cada uma delas, dentro dos processos de governo, com TCU envolvido. A volta aos fertilizantes é um dos eixos das pressões do Ministério de Minas e Energia (MME) sobre a gestão de Prates. Nos últimos anos, tem havido um aumento da tensão entre os investidores do mercado de fertilizantes, pois os projetos demoram para serem planejados, implantados e para atingir a capacidade instalada. Por isso, os impactos da retomada da produção pela Petrobras serão sentidos no médio prazo. Além disso, há uma tendência de aumento do consumo interno, o que pode fazer com que o aumento da capacidade instalada não signifique diretamente um aumento da produção interna. Não há garantias de que a relação entre produção e consumo será melhor. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.