24/Apr/2024
A Companhia Brasileira do Lítio (CBL), pioneira na extração desse mineral no Brasil, estuda um investimento de US$ 70 milhões (cerca de R$ 360 milhões), para duplicar sua produção. O movimento vem a despeito do momento de baixa dos preços do lítio no mercado internacional. Os acionistas da empresa estão convictos de que se trata de uma fase de ajustes entre oferta e demanda do mineral, usado na fabricação de baterias para carros elétricos, entre outras aplicações industriais. A visão é de um cenário mais favorável nos próximos anos. O mineral se tornou uma ‘vedete’ global com a alta demanda gerada pela indústria de mobilidade elétrica de cinco anos para cá, especialmente com o avanço dos carros elétricos na China, Europa e Estados Unidos.
No entanto, depois da explosão de preços vista em 2022, considerada um ponto fora da curva, o valor de materiais de lítio registrou queda superior a 80% desde maio de 2023, fruto da ampliação da oferta ante uma expansão menos acelerada da indústria automotiva. Atualmente, o concentrado de lítio é negociado na faixa de US$ 1,1 mil por tonelada em mercados da China e Coreia do Sul, onde se localizam as principais refinadoras do metal. O preço do carbonato de lítio, uma das etapas anteriores à fabricação da bateria, hoje varia de US$ 14 mil a US$ 15 mil por tonelada. No auge, foi negociado a mais de US$ 80 mil por tonelada. Pioneira na extração, beneficiamento e refino de lítio no País, em operação desde 1991, a CBL busca ter uma posição de referência nesse mercado. A companhia não tem ações em Bolsa e opera a mina da Cachoeira, situada nos municípios de Araçuaí e Itinga (MG), no chamado ‘Vale do Lítio’.
Mesmo com outras empresas chegando e montando projetos nas imediações, a CBL vê espaço para lançar um plano de expansão das suas operações atuais, ao mesmo tempo que investe para ampliar suas reservas do mineral, hoje de 6 milhões de toneladas. A empresa é a única no País com atuação integrada na indústria de lítio (da mina ao produto químico refinado). O projeto em estudo prevê dobrar a produção de concentrado das atuais 45 mil toneladas por ano, volume previsto para este ano. Na planta de industrialização química, que fica em Divisa Alegre, distante 180 Km (quase na divisa com a Bahia), o plano é triplicar a capacidade de produção, indo a 6 mil toneladas por ano de LCE (o carbonato de lítio equivalente, que é a referência no mercado). Com a expansão, a ideia é transformar em compostos químicos de alta pureza em Divisa Alegre metade da produção de concentrado a ser gerada em Araçuaí, agregando valor ao lítio. Para a outra metade (45 mil toneladas), o plano é abastecer o mercado global.
A China hoje é o grande consumidor, mas Europa e Estados Unidos despontam como clientes relevantes. A CBL é a única produtora fora da China que converte concentrado de lítio tipo espodumênio (extraído de rocha dura) em material de uso direto (carbonato e hidróxido) na fabricação de células para os packs de baterias. Na unidade química, a CBL produz carbonato com 99,5% de pureza, elemento que supre fabricantes de baterias para carros elétricos e acumuladores de energia de alta potência; carbonato específico para uso farmacêutico; e material (98,5%) para indústrias cerâmicas e de metalurgia. Também produz hidróxido para usos em graxas, lubrificantes e vidros especiais. Desde 1991, a CBL extrai, beneficia e processa o mineral. Conseguir levar energia elétrica para Divisa Alegre foi uma grande aventura, além da falta de mão de obra qualificada na região. Quase metade da produção obtida na unidade química é vendida no mercado nacional para indústrias diversas.
A CBL é fornecedor único das 200 toneladas de lítio que o Brasil consome por ano para fabricação de medicamentos. Dois terços são comprados pelo governo e o restante por laboratórios privados. Cerca de 1,1 mil toneladas de LCE são exportadas para vários mercados. Desse volume, quase metade vai para a Índia para uso na fabricação de baterias. A empresa vem passando por qualificações técnicas para vender o produto para China, Japão, Coreia do Sul e Alemanha, o que motivou o projeto de triplicar a produção em dois a três anos. De 2020 ao ano passado, a CBL mais que triplicou a produção de concentrado de lítio, indo de 11 mil para 37,3 mil toneladas, também ampliando a oferta de material refinado (1,1 mil toneladas de LCE). Ainda aproveitando uma parte de preços em alta em 2023, a empresa registrou receita líquida recorde de R$ 783,3 milhões. O lucro líquido alcançou R$ 369,6 milhões. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.