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09/May/2024

Corrida por minerais estratégicos deve levar a M&A

A surpreendente oferta de US$ 39 bilhões (quase R$ 200 bilhões) da mineradora BHP pela rival Anglo American pode ser apenas o prenúncio de uma onda de fusões e aquisições no setor de mineração. Essa movimentação tem como pano de fundo o domínio dos metais e minerais estratégicos para uso na transição energética e o avanço da indústria de mobilidade elétrica. E os potenciais alvos são os ativos de cobre, níquel, lítio, alumínio, manganês, nióbio, terras raras, grafite e ferro, entre outros. Num primeiro momento, a possível aquisição da Anglo teria desdobramentos principalmente na América do Sul. No Brasil, atingiria as operações de produção de minério de ferro da empresa, em Minas Gerais, e a de ligas de níquel, em Goiás. O modelo da aquisição proposto, se concretizada, poderá gerar vários negócios, já que a BHP não tem plano de manter ativos na África do Sul, origem e base das principais operações da Anglo American.

A Anglo rejeitou a oferta hostil da BHP, de Melbourne (Austrália), na semana passada, alegando preço subvalorizado por parte da rival. Porém, na visão de especialistas do setor, até o dia 22 de maio, prazo legal da operação, a BHP voltará à carga com uma proposta mais robusta. Ao mesmo tempo, o campo está livre para ofertas de outras concorrentes, como a suíça Glencore, gigante no mercado de commodities, e a australiana Rio Tinto, maior produtora de ferro do mundo. As ações da Anglo American estão muito baratas, por várias razões de negócios, especialmente as operações na África do Sul. Isso estimula movimentos como o da BHP. Mesmo se não prosperar o ataque da BHP, não está descartado um desmembramento da Anglo em vários negócios, de metais como a platina ao minério de ferro na África do Sul (ambas empresas já listadas na Bolsa do país).

A área de diamantes, da De Beers (controlada pela Anglo), estaria à venda. A BHP, líder global da indústria mineral, não demonstrou interesse por esses ativos, mirando especialmente as minas de cobre no Chile (Collahuasi, Los Bronces, El Soldado e Chagres) e no Peru (Quellaveco). Há alguns anos, a gigante redirecionou o foco dos negócios para o que chama de “minerais voltados para o futuro”, como o cobre e o potássio. No Chile, a companhia é majoritária, com 57,5%, da mina de Escondida, maior do mundo de controle privado. Com os ativos da rival sul-africana, sua produção anual somaria 2,6 milhões de toneladas de cobre, superando a estatal chilena Codelco e, de longe, a norte-americana Freeport-McMoRan. O que se vê é uma corrida por metais que são ganhadores na transição energética e na mudança da atual matriz econômica para uma matriz mais verde para garantir acesso a materiais de elevada qualidade.

Para o Itaú BBA, o mundo parece caminhar nessa direção. Cobre, lítio e alumínio, são metais importantes na produção de baterias para carros elétricos e em parques de geração de energia eólica e solar. Os grandes projetos de cobre no Brasil estão sob gestão da Vale Base Metals, subsidiária da Vale com sede em Toronto (Canadá), localizados na região de Carajás (Sossego e Salobo). Duas outras empresas são a Lunding Mining, no Pará, e a Ero Copper, na Bahia (antiga Mineração Caraíba) e Goiás. Segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), no País há áreas com potencial para exploração do metal em Mato Grosso, Goiás, Tocantins e Bahia. Nessa corrida, o Brasil tem ainda vários negócios em operação e em desenvolvimento. Além do lítio, na região do Vale do Rio Jequitinhonha, nordeste de Minas Gerais, e no Vale das Vertentes (região central), há projetos em fase adiantada de grafite e terras raras. O País é ainda um importante produtor de alumínio e líder global na oferta de nióbio, por meio da CBMM, empresa do grupo Moreira Salles.

Projetos de lítio já em produção (CBL, AMG e Sigma) e em desenvolvimento em Minas Gerais estão sendo tocados por empresas do Brasil, Canadá, Estados Unidos, Europa e Austrália. Alguns deles estão na mira de grupos estrangeiros, especialmente chineses, que detêm a tecnologia de refino do mineral e de fabricação de baterias para carros elétricos. A Sigma Lithium, por exemplo, chegou a negociar sua venda com as montadoras de automóveis Tesla e BYD. Porém, a forte retração nos preços dos produtos oriundos do mineral (concentrado, carbonato e hidróxido) no último ano esfriou as conversas. Há um consenso de mercado de que haverá déficit na oferta de cobre no mundo até o fim desta década com a demanda crescente e dificuldades na obtenção de licenças para se desenvolver novas minas do metal, que é um excelente condutor de energia.

A ofensiva da BHP tem a ver com isso, pois ela se tornaria a maior do mundo no metal vermelho ao adquirir a Anglo American. Parece mais fácil comprar um ativo já conhecido e em operação do que montar um do zero, que demoraria de 10 a 12 anos para iniciar produção. Desde o início do ano, a Vale estrutura a Vale Base Metals, com foco em metais de base (cobre e níquel). A VBM poderia olhar oportunidades nesses dois metais e outros da transição energética. Há poucos dias, a VBM vendeu 10% do seu capital para a Manara Minerals, joint venture entre a Ma’aden e um fundo da Arábia Saudita, por US$ 2,5 bilhões (R$ 12 bilhões). Após as vendas estratégicas de fatias societárias da VBM, a Vale vislumbra uma oferta inicial de ações (IPO) da subsidiária. Com os projetos que opera no Brasil, Canadá e Indonésia, a mineradora de metais de base tenta alcançar produção de 900 mil toneladas de cobre e de 300 mil de níquel até o fim da década, se posicionando com escala de produção para a transição energética, destaca a direção da VBM. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.