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17/May/2024

AgroGalaxy divulga resultado do 1º trimestre/2024

A AgroGalaxy teve prejuízo líquido ajustado de R$ R$ 249,7 milhões no primeiro trimestre de 2024. O prejuízo é 158,3% maior do que o registrado em igual período do ano passado, de R$ 96,6 milhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi negativo em R$ 95,1 milhões no primeiro trimestre de 2024, ante R$ 58,6 milhões positivos um ano antes. A margem Ebitda ajustado foi negativa em 6%, ante margem positiva de 2,1% no primeiro trimestre de 2023. A receita líquida no primeiro trimestre deste ano foi de R$ 1,596 bilhão, 42,7% menor do que a registrada no primeiro trimestre de 2023 (R$ 2,785 bilhões). Executivos da companhia já estavam preparados para tais resultados. O período foi fortemente influenciado pela redução de cerca de 9% na área plantada da 2ª safra de milho de 2024. O investimento por hectare na 2ª safra de 2023, levando em conta o último trimestre de 2022 e o primeiro de 2023, foi 30% maior do que em 2024.

A rentabilidade atual do agricultor brasileiro é uma das piores nos últimos cinco anos, e ainda há atraso na comercialização de grãos. Significa que o produtor ainda está olhando com muita cautela o melhor momento para fixar esse grão, monetizar e eventualmente investir e pagar as contas. Além disso, a aquisição de insumos para 2024/2025 está 20% atrasada em comparação ao mês de abril do ano passado, o que também reflete a tendência de comprar da mão para a boca e acompanhar o que é necessário para a sua produção. Em contrapartida, o primeiro trimestre registrou um aumento de mais de 60% na captura de pedidos na modalidade barter em comparação com o primeiro trimestre do ano passado. Isso não só permite capturar melhor as margens, mas principalmente garante que os recebíveis associados com esses pedidos sejam mais robustos. Outro ponto destacado foi o aumento na categoria de especialidades no mix de vendas, atingindo 11,5% (crescimento de 3,3 pontos porcentuais ante o primeiro trimestre de 2023) e a diminuição dos fertilizantes, que representaram 25% no mix ante 29% em igual intervalo do ano passado.

Essa contração ante as especialidades foi proposital, visto que o objetivo da empresa é crescer em categorias com maior retorno, diante de um alto consumo do capital de giro e retornos menores dos fertilizantes. Os estoques estavam 48% menores no primeiro trimestre de 2024 na comparação anual. Isso tem um impacto significativo na eficiência do uso do capital de giro, e nos permite entrar em um segundo trimestre do ano, quando acredita-se ser o melhor momento, com a empresa pronta para recompor os estoques e comprar no melhor custo possível. A empresa vislumbra resultados mais positivos para o restante do ano, em especial nos terceiro e quarto trimestres, com clima mais favorável e a relação de troca se tornando mais positiva para o produtor diante de uma estabilização nos custos. Ainda assim, o ano de 2024 traz suas próprias dificuldades em relação a recebimentos, com alguns produtores enfrentando quebras de safra.

O comportamento diante dessa adversidade é analisar caso a caso, de acordo com o histórico do produtor. Esse cenário também deve ser amortecido pelo aumento nas transações via barter. Em relação à captação de fundos, a AgroGalaxy disse que o momento é de utilizar os recursos já recebidos, mas sem descartar aportes de eventuais investidores. Esse movimento feito no mercado de capitais mostra que as pessoas entenderam e depositam confiança no trabalho que a AgroGalaxy vem fazendo nos últimos 12 meses. Segundo o Citi, os fracos resultados no primeiro trimestre de 2024 da AgroGalaxy, uma das principais plataformas de varejo de insumos agrícolas e serviços, refletem o cenário difícil para o setor rural, principalmente com as menores margens dos produtores. Além disso, se esperava que as iniciativas da companhia pudessem melhorar seu capital de giro, à medida que os estoques de insumos se equalizassem, e melhorassem a eficiência operacional de SG&A (Despesa com Vendas, Gerais e Administrativas) apresentando resultados no trimestre. No entanto, as medidas foram ofuscadas pela menor margem bruta, implicando em uma pior geração de FCO (fluxo de caixa operacional) no ano.

A AgroGalaxy diminuiu a SG&A em R$ 40 milhões na comparação anual, com menores despesas fixas, redução de 23% no quadro de funcionários e menores comissões comerciais, o que não foi suficiente para gerar um Ebitda ajustado positivo. O Citi destacou, ainda, que, apesar das estimativas mais altas para 2024 do que para 2023, ainda prevê um ano desafiador, mesmo após um aumento anual na margem de insumos (15,6% ante 15,1% no 1º trimestre de 2023), por causa do maior mix de vendas de especialidades. O provável fenômeno La Niña, que ocorrerá no 2 semestre de 2024, pode ser um risco positivo para o setor, pois poderá trazer chuvas maiores e regulares nas Regiões Centro-Oeste/Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) aumentando o rendimento produtivo do agricultor brasileiro.

A deterioração na relação de troca para o milho em 2023 pode ser considerada uma das piores na história recente. Essa relação, que inclui também uma das piores rentabilidades para o cereal, nos níveis de 2017 e 2018, também é uma das piores da série histórica e é vista como uma das justificativas para o balanço que a empresa apresentou. Embora os preços da soja estejam acima da série histórica, por causa da virada radical em 2021 e 2022 para 2023 e 2024, a rentabilidade do agricultor está muito apertada. Ainda assim, a oleaginosa ainda é considerada mais rentável do que o cereal atualmente. Mesmo diante do cenário atual, a expectativa é de que os agricultores ampliem a tendência de investimento no pacote tecnológico, o que mantém os executivos otimistas para o futuro, com La Niña e melhores relações de troca beneficiando os negócios.

Ainda, o período de ajuste nos preços dos grãos deve continuar por 2024 até o início de 2025. Os atuais objetivos da companhia são trabalhar para melhorar as margens, procura incansável por economias, que no período foi de R$ 40 milhões economizados, e preservação do caixa do capital de giro. O foco é vender fertilizantes dentro do pacote tecnológico, para elevar o retorno, especialmente em relações de barter. Mas, o Ebitda negativo, de R$ 95,1 milhões ante R$ 58,6 milhões positivos um ano antes, faz parte do período que a empresa vive no momento. Mesmo tendo o ano de 2023 super desafiador, foi possível manter o patamar de endividamento no mesmo no ano passado, com dívida líquida de R$ 1,8 bilhão.

A expectativa de maior volume de negócios no segundo semestre de 2024 também pode ter gargalos logísticos. Com a concentração mais acelerada dos negócios no segundo semestre de 2024, a logística vai ser um problema, mas a empresa está trabalhando e entendendo como negociar embarques. Há indícios de que a fase de recuperação vai chegar no segundo semestre e quando isso acontecer, a AgroGalaxy estará pronta para retomar o crescimento. Além da logística, outra área de foco para o restante de 2024 é um aproveitamento no fortalecimento do portfólio de sementes de soja, aceleração no crescimento de especialidades, captura de sinergias com os negócios de grãos, tanto com barter quanto com originação, aumento na produtividade comercial, diminuição no custo operacional e reposição dos estoques no menor custo possível.

A companhia está bem-posicionada em alternativas de financiamento. Desde 2022, por efeito do varejo, tem tido uma luz amarela dos bancos. A alternativa tem sido a busca por outras estruturas de financiamento, como Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (Fdics) para manter o ritmo dos negócios. A estrutura de capital da AgroGalaxy é considerada sólida. A AgroGalaxy viu um aquecimento no mercado de sementes de soja nas últimas três a quatro semanas. A expectativa dos executivos da empresa é de equalização de estoque na cadeia produtiva, mas com ressalva para sementes de soja por causa das irregularidades climáticas das últimas semanas, que devem implicar na oferta de algumas variações da oleaginosa. Ainda é preciso avaliar o impacto no Rio Grande do Sul, que produz bastante sementes de soja.

Diante desse cenário, a AgroGalaxy não tem expectativa de venda total do negócio de sementeiras. É hora de ter sementeira perto para maximizar essa oportunidade. A AgroGalaxy está em posição vantajosa frente a maioria dos concorrentes. O intuito é de procurar eventuais parceiros de negócio para a sementeira continuar crescendo, diminuindo custo de produção e mantendo qualidade. O prazo para interessados para submeter propostas se encerra neste fim desta semana. Com relação a eventuais quebras, os produtores podem negociar dívidas com o milho, que aparentemente terá uma boa 2ª safra de 2024, mesmo no período de baixa rentabilidade, caso não consigam bons resultados com a soja, em virtude de possíveis perdas pelo clima adverso. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.