19/Aug/2024
Após fechar duas aquisições em menos de um ano, a companhia argentina Grupo Don Mario (GDM), que atua no mercado de genética de sementes, concentra-se na integração dos negócios. O foco é avançar nos segmentos de milho e soja no mercado internacional, com maior ênfase no Brasil. Na China e na Europa, a companhia também ganha espaços. O objetivo agora é integrar as operações das adquiridas KWS e da Biotrigo, mas não se descarta novas compras. Hoje, 80% da receita da GDM é proveniente de sementes de soja. E o objetivo é reduzir esse percentual para 50% até 2028, com o avanço acelerado em outras culturas, principalmente milho e trigo, sem deixar de crescer no segmento de soja. Com a compra da KWS e da Biotrigo a participação da soja já baixou para 65%, com 10% de vendas vindo da KWS e 5% da Biotrigo. O crescimento será mais acelerado no Brasil, onde a KWS tem cerca de 10% de participação de mercado de milho e a GDM tinha um negócio pequeno em sementes do cereal.
Na Argentina e no Uruguai, a expectativa é dobrar o volume de vendas na área de milho com a KWS. A companhia de capital fechado estima que sua receita deve atingir US$ 950 milhões este ano, quase 12% acima dos US$ 850 milhões de 2023. Para o ano que vem, a perspectiva é alcançar o montante de US$ 1,3 bilhão, como reflexo das aquisições. Do total estimado para a receita, 70% devem vir do Brasil. A vendas de sementes de soja e milho da GDM tem crescido no Brasil e na Argentina. Mas, em trigo, o ritmo é outro. Em trigo, a empresa decresceu um pouco, porque o mercado encolheu muito em área no Brasil. Ao todo, é possível crescer entre 3% e 7%. Além de ampliar suas vendas na América do Sul, a GDM também tem ganhado terreno em outras regiões. Na China, pela primeira vez, os produtores cultivam variedades de soja da GDM neste ano, afirma. É um marco importante e há muitas expectativas de crescimento no mercado. As vendas da GDM também têm crescido nos Estados Unidos, terceiro país em importância para o grupo argentino.
A empresa comercializa genética de soja e milho no país e, em abril de 2023 investiu US$ 25 milhões na compra da Traitology, focada no desenvolvimento de variedades de soja e milho por meio da edição gênica. Na Europa, a GDM cresce em girassol e tem desenvolvido variedades de sementes da oleaginosa para atender a demanda, usando inclusive a edição gênica. A empresa tem investimentos fortes na Europa e a expectativa é colocar no mercado europeu novas variedades a partir de 2026. Em março, a GDM comprou as unidades de sementes de milho sorgo da alemã KWS na América do Sul. A união dos bancos de germoplasma da GDM e da KWS vai permitir à companhia acelerar o lançamento de novas variedades nos próximos dois a quatro anos. A integração dos ativos começou a ser feita neste mês, após aprovação da operação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Cerca de 700 funcionários serão alocados na GDM e vão se unir aos 3,6 mil empregados da companhia no mundo.
Cerca de 60% dos empregados estão no Brasil e 20% na Argentina. No Brasil, a empresa vai contratar mais gente, sobretudo nas áreas de suporte à administração, para substituir a equipe que administrava da Europa. A empresa inaugurou recentemente um centro de pesquisa em Petrolina (PE) dedicado ao milho, com investimento de R$ 62 milhões. A expectativa é produzir 100 mil sacas de híbridos de milho já neste ano, chegando a 1 milhão de sacas em cinco anos. Com a aquisição da KWS adquiriu também um centro de operações em Petrolina que presta serviços de soja, milho, sorgo e girassol. Por ano, a GDM investe em torno de US$ 120 milhões em pesquisa e desenvolvimento. Com a aquisição da brasileira Biotrigo, referência em melhoramento genético de trigo na América do Sul, em setembro de 2023, a GDM espera ampliar a presença no Brasil, na Argentina, nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.