19/Aug/2024
Empresas do setor de insumos agrícolas listadas na Bolsa de Valores do Brasil (B3) destacaram em comentários sobre os resultados das companhias no segundo trimestre atrasos nas aquisições de sementes, fertilizantes e defensivos por parte dos produtores. É um padrão já observado em igual período do ano passado e que deve se manter como uma tendência em momento de preços mais baixos das commodities, na avaliação de executivos dessas empresas, que apontam a concentração das compras em um período mais curto como um fator determinante nos resultados do setor. De acordo com a Boa Safra, uma das principais sementeiras do Brasil, problemas climáticos provocaram atrasos significativos na programação de pedidos desde o primeiro trimestre, resultando em uma desaceleração no crescimento da carteira de pedidos. Os adiamentos persistiram no segundo trimestre, dificultando a gestão da safra atual. Além disso, a queda nos preços da soja e a redução nas margens agravaram a situação.
Os produtores estão tomando decisões mais tarde do que no ano passado. A Boa Safra ainda tem sementes disponíveis, mas sente um atraso. Os produtores estão adiando as compras o máximo possível. A Boa Safra reportou um lucro líquido de R$ 18,1 milhões no segundo trimestre deste ano, uma redução de 34,92% em relação ao mesmo período de 2023, quando o lucro foi de R$ 27,8 milhões. O Ebitda ajustado foi de R$ 7,195 milhões, uma queda de 66,9% na comparação anual. A receita operacional líquida caiu 34,86%, para R$ 87,6 milhões. Para a AgroGalaxy, grupo varejista de insumos agrícolas, o cenário é semelhante. Os produtores estão adiando as compras até o último momento. A companhia registrou um prejuízo líquido ajustado de R$ 362,4 milhões no segundo semestre, 40,9% superior ao registrado no ano passado. O agricultor está focado em eficiência e austeridade, investindo apenas no essencial e adiando a compra de itens cuja importância para a produtividade não está clara.
Além disso, alguns já possuem estoques. O primeiro semestre foi muito represado em comparação com o ano anterior. A partir de junho, a carteira de pedidos cresceu 30%. O agricultor precisa se posicionar. Chegou um ponto em que não é mais possível adiar a compra de insumos essenciais. Sobre os atrasos nas aquisições, a AgroGalaxy acredita que o comportamento deve persistir por mais tempo. Devido aos níveis ainda elevados de inadimplência no setor, será necessário mais algum meses, mais uma safra para que a situação mude. O agricultor não vai mudar drasticamente o comportamento de compra. Entre as áreas de atuação da empresa 3tentos, varejista de insumos agrícolas, originação e trading de grãos, e industrialização, o pior desempenho do trimestre foi no segmento de insumos. A receita líquida recuou 30,6% no segundo trimestre de 2024, para R$ 236,6 milhões. O lucro bruto do segmento também sofreu uma queda de 34,7%, totalizando R$ 36,4 milhões, com uma margem bruta de 15,4%, o que representa uma redução de 1% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O resultado foi influenciado pela compra escalonada de insumos pelos produtores. A compra está represada devido a fatores climáticos. Não é uma queda na demanda, mas um adiamento. O excesso de dias chuvosos atrasou a janela de plantio, adiando o uso de insumos. A expectativa é de que a demanda retome seu ritmo normal conforme o plantio e a cultura evoluem. A fabricante de insumos biológicos Vittia expressou otimismo em relação à safra 2024/2025, apesar do trimestre marcado pelos problemas climáticos. A previsão é de uma safra mais tranquila. O produtor vai investir. O segundo semestre é crucial para o agronegócio brasileiro. A Vittia iniciou julho com crescimento em dois dígitos. A receita líquida da Vittia no trimestre foi de R$ 99,9 milhões, aumento de 37,3% em relação ao segundo trimestre de 2023. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.