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19/Sep/2024

Fertilizantes: produtor brasileiro adiando compras

O aperto nas margens dos produtores rurais em decorrência da queda dos preços das commodities está atrasando a comercialização de fertilizantes para o plantio da safra 2024/2025. E tem potencial para reduzir a demanda pelo insumo neste ano. Segundo a Eurochem, o mercado está um pouco atrasado em função da demora dos produtores rurais na compra de insumos para a safra 2024/2025. A empresa já está olhando com muito cuidado os gargalos logísticos que devem acontecer até dezembro para a entrega dos fertilizantes. A BRQ Brasilquímica também registra atraso na comercialização, mas espera que a demanda ganhe fôlego agora. Segundo a empresa, a lentidão nas vendas está relacionada à seca severa que fez com que muitos produtores freassem investimentos. A tendência, assim, é que “optem pelo básico” ou por produtos mais baratos e deixem as compras para a última hora. A demanda costuma ser maior nesta época do ano, se o preço for atrativo, pois o produtor começa a negociar o adubo que será utilizado no plantio da 2ª safra de milho, após a colheita da soja. Mas, isso não está acontecendo.

A parcimônia tem suas razões. Relatório do Rabobank afirma que após um ciclo de prosperidade que se estendeu de 2020 até o fim de 2023, os produtores vivem um cenário em que as commodities caíram mais rapidamente do que os custos de produção. Esse quadro suscita dúvidas sobre a demanda por fertilizantes. Com margens mais apertadas, os produtores estão mais cautelosos na hora de gastar. Assim, com a alta do custo do fósforo, que compõe fertilizantes usados no cultivo de grãos, a tendência é que os agricultores recorram a uma tática utilizada em 2022, quando o preço do insumo disparou em decorrência da guerra da Ucrânia. Na ocasião, eles reduziram o uso de fosfatados, contando com o estoque da substância já existente no solo. Um indicador elaborado pelo banco mostra que está mais difícil para o produtor comprar adubos. O Índice de Acessibilidade para a compra de fertilizante varia entre -1 e 1. Quanto mais próximo de -1, menor o poder de compra dos produtores e quanto mais próximo de 1, melhor. Atualmente, o índice no país está em 0,01, próximo da neutralidade, o que sugere que o poder de compra dos produtores é limitado, mas não crítico.

Globalmente, o índice é de 0,02, refletindo uma condição semelhante, porém um pouco mais favorável em termos de acesso aos fertilizantes. Outro indicador que mostra o menor poder de compra é a relação de troca. Considerando o valor atual do MAP (fosfato monoamônico), a StoneX afirma que a relação de troca entre o adubo e a soja é uma das piores dos últimos cinco anos. Piores do que quando estourou a guerra da Rússia com a Ucrânia; o valor do MAP era o dobro do praticado hoje. Contudo, a soja chegava a US$ 18,00 por bushel, enquanto hoje está cotada entre US$ 9,00 e 10,00 por bushel. O Rabobank já projeta uma diminuição de 1 milhão de toneladas na entrega de fertilizantes aos consumidores finais no Brasil este ano, para 45,5 milhões de toneladas. A redução se deve, sobretudo, à alta do preço dos fosfatados. Os custos gerais de fertilizantes devem apresentar uma redução de cerca de 7% na safra atual em comparação com a temporada 2023/2024. Mas, o aumento de 6% do MAP limitou essa queda.

A alta dos fosfatados é reflexo da redução da oferta global de fósforo, diante de uma mudança de estratégia dos três maiores exportadores mundiais, China, Estados Unidos e Marrocos. O aumento de preços já provoca diminuição nas importações dos fosfatados. Entre janeiro e julho de 2024, o Brasil importou 2,3 milhões de toneladas de MAP, 18% menos que no mesmo período de 2023. As importações de TSP (fosfato superfosfatado triplo) e SS (sulfato de amônio) subiram 29% e 24%. O aumento é uma tentativa de oferecer opções mais econômicas ao superfosfato simples (P205), cujas importações recuaram 6% em relação a 2023. Para a StoneX, a recente queda nos preços do potássio, matéria-prima dos fertilizantes NPK (que combinam nitrogênio, fósforo e potássio), pode ajudar a compensar o alto custo do fósforo. O produtor precisa comprar um pouco de cada, então os preços estão na média dos últimos cinco anos, e dá para conviver com ela. Não é atrativa, mas é aceitável. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.