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09/Oct/2024

Energia: Brasil está atrasado no uso de baterias

Apesar de terem ficado de fora do Projeto de Lei conhecido como "Combustível do Futuro", que foi sancionado nesta terça-feira (08/10), as baterias são consideradas fundamentais para resolver problemas de intermitência e segurança energética no Brasil, e vêm sendo cada vez mais usadas na geração solar distribuída e em locais de difícil acesso. Enquanto na Califórnia, Estados Unidos, as baterias já garantem armazenagem de 11 gigawatts (GW), e preveem mais 6 GW no curto prazo, no Brasil a tecnologia é incipiente e possui até o momento apenas um projeto de geração centralizada no litoral de São Paulo, de 30 megawatts (MW). Na China, há mais de uma centena de projetos operando.

O atraso brasileiro na tecnologia se explica pela existência de um parque hidrelétrico que por anos garantiu a segurança do abastecimento de energia elétrica do País. Agora, as hidrelétricas existentes enfrentam problemas climáticos em algumas regiões para gerar energia, e novas unidades têm tido dificuldade de licenciamento. Ao mesmo tempo, a população está crescendo e com ela o consumo, e a expansão do sistema elétrico está sendo feito por energia renovável, que é intermitente. Cerca de 90% da expansão do sistema nos últimos anos foi de energia renovável, e é aí que entra a bateria. A opção por usinas térmicas já se mostrou ineficiente para equilibrar a conta das renováveis, já que, ao contrário da bateria, não podem ser chamadas para gerar energia automaticamente.

Térmicas emitem mais gases de efeito estufa (GEE) e levam pelo menos cinco horas se aquecendo para rodar, não faz sentido, porque é preciso ativar no mesmo momento quando as renováveis saem. Mesmo sendo as baterias uma das soluções energéticas que o Brasil precisa, e se observa queda de preços da tecnologia no mercado internacional (da ordem de 40% em relação a 2019), é prematuro o anúncio de um leilão de baterias para o ano que vem. Além disso, as baterias não precisam de um leilão específico, e deveriam entrar na disputa com usinas termelétricas, com todas as chances de vencer. A térmica tem um custo muito grande porque não roda sempre e emite muito mais GEE.

O ideal seria fazer um estudo detalhado sobre o período que as baterias poderiam funcionar e refletir mais sobre esse leilão. Na proposta do governo, as baterias teriam que estar prontas para rodar 4 horas por dia, o que é um exagero. O ideal seria que o leilão de baterias ocorresse após regulamentação do segmento pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), prevista para ser finalizada em 2027. É preciso fazer um estudo que mostre quantas horas realmente o Brasil vai precisar armazenar energia, olhando a partir de 2027. A data do leilão está desalinhada com a Aneel, é preciso mais reflexão.

Entre os usos da bateria, destaque para os casos de armazenagem quando não há linha de transmissão suficiente para escoar energia, o que tem ocorrido com frequência e tirado algumas renováveis do sistema, e no horário de curva pesada de carga de energia, entre 17h e 20h. A tecnologia da bateria já está muito mais barata do que das térmicas e o Brasil está atrasado em adotar. Algumas empresas já estão pensando em projetos no País, como a WEG, BYD, Moura, mas a célula usada ainda seria importada. A energia eólica também começou no Brasil com peças importadas, e hoje tem uma produção nacional relevante. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.