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15/Oct/2024

Mineração: investimento de empresas australianas

A possibilidade de desenvolver projetos de exploração de minerais estratégicos, em crescente demanda global, vem atraindo para o País mineradoras australianas. Estudo feito pela consultoria A&M Infra identificou 40 projetos de 17 mineradoras e estimou em US$ 10,5 bilhões o total de investimentos que receberão num horizonte de cinco anos. Deste total, US$ 2,7 bilhões já foram efetivamente anunciados para oito empreendimentos de sete companhias. Embora a Austrália seja a segunda maior produtora de minérios do mundo, atrás apenas do Canadá, a atividade de empresas do país no Brasil é limitada. A A&M Infra aponta só cinco operações, focadas em cobre (Oz Minerals), ouro (Oz Minerals, Beadell Resources, Troy Resources) e alumínio (South32), concentradas no Pará, Amapá e Maranhão. Este cenário vem mudando nos dois últimos anos, com a ascensão global da demanda por terras raras, lítio e cobre, essenciais para a transição energética. Também há projetos focados em fosfato e potássio, matérias primas para a produção de fertilizantes.

Trata-se de um nicho promissor, pois o Brasil importa até 90% do fertilizante usado nas culturas. As australianas aterrissam no Brasil, principalmente, comprando ativos em etapas iniciais de exploração ou direitos minerários de pessoas físicas ou empresas de pequeno porte, que verificam a presença de minerais, mas não detêm recursos e expertise para tocar os projetos e consolidar a atividade. Mas, também há companhias que fazem aquisições de outras empresas consolidadas. Em agosto, a australiana Pilbara Minerals comprou 100% das ações da compatriota Latin Resources, que tem um projeto de lítio, em Minas Gerais, com capex de US$ 313 milhões. Esses ativos demandam muito capital para serem desenvolvidos, em volume inviável para muitos dos proprietários. São investimentos grandes demais para os detentores dos direitos minerários e empreendimentos pequenos demais para manter a atenção das grandes mineradoras. Além disso, os projetos, necessariamente, têm horizonte de longo prazo e envolvem riscos, pois passam por diversas etapas sem geração de caixa: sondagem, estudos e licença e a implementação propriamente dita. Por isso, têm dificuldade para encontrar capital no País.

E é aí que entram as australianas, algumas com capital aberto e com fundos de pensão entre seus acionistas. Os fundos de pensão têm dinheiro e apetite por risco. É um perfil de investidor que está disposto a aportar em projetos que vão levar anos para amadurecer. Além de capital, esses investidores trazem governança aos empreendimentos, já que estão habituados a padrões de documentação, incluindo relatórios, que favorecem as análises por investidores. O Brasil tem estabilidade regulatória e um oceano azul de ativos não desenvolvidos por falta de financiamento. Falta expertise em investimento em setor de risco. Na Austrália, estão mais acostumados. Investem em 10 projetos, sabendo que 7 podem falhar e 3 vão dar muito certo e compensar. Para levantar a ordem de grandeza do investimento das australianas, estimando os que ainda não foram anunciados, a A&M Infra fez uma ponderação a partir dos projetos cujo capex já é conhecido, encontrando uma cifra média por minério. Considerando os oito projetos que vão dispender US$ 2,7 bilhões, estimamos que os 40 empreendimentos mapeados têm potencial de até US$ 10,5 bilhões.

Além de Latin Resources, outras companhias que já informaram o capex: Brazilian Critical Minerals, com o projeto de exploração de terras raras Jequié, na Bahia, que consumirá US$ 636 milhões; Centaurus Metals, com os projetos Jaguar (US$ 371 milhões), de níquel, no Pará, e Jambreiro (US$ 79 milhões), de minério de ferro, em Minas; Harvest Minerals, com o projeto Sergipe (US$ 427 milhões), de potássio, em Sergipe; South32, com o Novas Minas (US$ 170 milhões), de bauxita, no Pará; Águia, com Três Estradas (US$ 77 milhões), de fosfato, no Rio Grande do Sul; e Meteoric, com Caldeira (US$ 403 milhões), de terras raras, em Minas Gerais. Os 40 projetos identificados pela Alvarez & Marsal Infra estão distribuídos em lítio (17), terras raras (8), cobre (5), fosfato (3), bauxita (2), ouro (2), níquel (1), ferro (1) e potássio (1). As iniciativas estão promovendo a dispersão geográfica das atividades. Ainda há muita atividade em desenvolvimento no Pará (6), mas agora também há empreendimentos em Minas Gerais (11), na Bahia (7), no Ceará (5), Goiás (2), Tocantins (2) e Rio Grande do Sul (1). Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.