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28/Oct/2024

Tecnologia: conectividade ainda é desafio no País

A distância entre Uiramutã, em Roraima, e Armação dos Búzios, no Rio de Janeiro, é muito maior que os 5,5 mil quilômetros que as separam. Enquanto Búzios tem a melhor internet do Brasil, Uiramutã ainda está praticamente no século passado, quando o assunto é conectividade, com internet equivalente à discada, dos anos 90. É o que mostra o novo recorte do Índice de Progresso Social do Brasil (IPS Brasil), um levantamento feito em parceria pelas entidades Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Fundação Avina, Centro de Empreendedorismo da Amazônia, Amazônia 2030, Anattá - Pesquisa e Desenvolvimento e Social Progress Imperative. Esse indicador, que considera vários componentes de desenvolvimento social nos 5.570 municípios do País, avaliou agora como está a cobertura de internet móvel (4G/5G), considerando a densidade de banda larga fixa, de telefonia móvel e a qualidade da rede móvel.

O indicador de qualidade expressa a capacidade da rede de entregar os pacotes de dados ao destino sem a ocorrência de perdas. Os números do estudo deixam claras as desigualdades regionais no País. Os municípios que tiveram os melhores desempenhos estão exatamente nas regiões consideradas mais desenvolvidas economicamente, como São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná. A cidade de Armação dos Búzios foi a campeã, com nota 91,02 (numa escala que vai de zero a 100), seguida por Roseira (SP) e Agudos do Sul (PR), que pontuaram 90,85 e 89,91, respectivamente. A comparação considera a melhor qualidade de internet no Brasil. Não é um ranking com parâmetros de conectividade internacionais. A metodologia da pesquisa foi desenvolvida pela Universidade Harvard e pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). No outro extremo, a Região Nordeste e, sobretudo, a Amazônia Legal apresentaram os piores resultados em conectividade.

Uiramutã teve a pior nota: 12,39 pontos. Em seguida, vêm Santa Terezinha (MT), com 13,26 pontos, e Vereda (BA), com 14,58. Dos 5.570 municípios brasileiros, só 84 tiveram nota igual ou maior que 80. Na rabeira, com nota abaixo de 51, estão 1.199 cidades. A nota média do País ficou em 69,77. A maioria dos municípios brasileiros (4.287) aparece no levantamento com notas entre 51 e 80 pontos. Além de estar na Região Sudeste (o mercado de internet mais importante do País), existe uma razão peculiar para que a cidade litorânea do Rio de Janeiro apareça liderando o ranking. Búzios é um dos destinos turísticos mais luxuosos do País. A população de 40 mil habitantes quase triplica com a presença de turistas na cidade. Só em 2023, foram mais de 900 mil visitantes nacionais e internacionais, segundo o Conselho de Turismo da Costa do Sol, do Ministério do Turismo.

Segundo a Associação Brasileira de Internet (Abranet), os hotéis, pousadas e o poder público fizeram um investimento grande para a cidade ter uma internet forte, que segurasse a demanda dessa população flutuante tão grande. Os problemas de conexão são comuns em toda a Região Norte e em partes da Região Nordeste. Quanto mais difícil o acesso, menos investimentos as empresas fazem para expandir a rede por fibra ou cabos. Distância também conta. Em Mato Grosso, por exemplo, as cidades são pequenas (têm em média 30 mil habitantes) e muito distantes entre si (no mínimo, 300 quilômetros), o que encarece a expansão da rede. A floresta, no Amazonas, é uma barreira para a expansão do cabo. Isso acaba limitando o progresso social dessas regiões. Sem conexão de internet, a atividade econômica das cidades não tem como se expandir. Além disso, a população tem pouco acesso a serviços bancários e de informação. Segundo a Abranet, já há 215 mil pontos de internet via satélite no País, onde, além da Starlink, há apenas redes via satélite das Forças Armadas ou do poder público, para algumas escolas e autarquias.

Esse cenário, entretanto, deve mudar a partir de 2025, com a chegada de um concorrente, o Projeto Kuiper, da Amazon, que prevê investimentos globais de US$ 10 bilhões (R$ 56,9 bilhões). A empresa promete oferecer acesso via satélite por menos de US$ 400,00 (R$ 2,2 mil) com um equipamento mais leve e mais rápido do que as antenas tradicionais do concorrente. O número de pontos de acesso vai quadruplicar. Mesmo que chegue a quase 1 milhão de pontos de acesso, ainda assim a cobertura não vai ser suficiente, uma vez que a população da Amazônia Legal é de aproximadamente 28,4 milhões de habitantes. Quando a Amazônia se conectar com o mundo, haverá mudanças sociais, econômicas e ambientais. Cidades que hoje têm sua economia baseada na exploração da madeira, por exemplo, poderão criar outras possibilidades de renda, o que diminuiria o desmatamento. Por isso, governos e iniciativa privada precisam se unir para conectar essas partes isoladas do País. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.