03/Dec/2024
Segundo a Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE), que alguns membros do governo esperam ser fechado em breve, representa um desafio para indústria brasileira de máquinas e equipamentos. O setor sempre teve um déficit com a União Europeia. Quando se pensa em máquina, fala-se da Alemanha, que é o berço das empresas de máquinas e equipamentos. A entidade sempre levou ao governo a importância de se negociar o acordo dentro de um prazo maior para a redução total da tarifa de importação. Junto com a negociação do acordo Mercosul-UE, o setor trabalha temas que afetam a competitividade. Um deles sempre foi a reforma tributária, que afeta os custos de produção e comercialização no País. Se houver o ‘casamento’ de um prazo maior para redução da tarifa com o prazo que a reforma tributária estiver operando, será uma melhor concorrência com os europeus. O setor tem levado ao governo que o prazo médio para a redução da tarifa de importação deveria ser de 10 anos.
O acordo deve demorar um pouco ainda, pois se for assinado no final do ano, tem que passar por todo o processo burocrático, com a confirmação dos termos do acordo, depois pela avaliação da Câmara e do Senado, para, enfim, ter uma ratificação do acordo e do momento que ele começará a valer. Isso deve levar de dois a três anos. Então, até lá, o setor vai trabalhar outros temas que afetam a competitividade, além da reforma tributária, a questão dos financiamentos, tanto para a produção quanto para a comercialização. Isso é um desafio. Além disso, se o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, levar mesmo à frente suas ameaças de tributar em até 100% as exportações de países membros do Brics caso o bloco insista em uma moeda alternativa ao dólar, o Brasil poderá ampliar negociações com o México, que também está na mira do republicano. A Abimaq tem observado e analisado muito o perfil da nova gestão Trump e as ameaças dele de aumentar a tarifa para países como China e agora para o Canadá e para o México. Agora, ele falou em aumentar a tarifa para os países do Brics.
É preciso ver o que é retórica e o que de fato ele vai implementar. Mas, é fato que ele vai implementar medidas de proteção para o setor produtivo, principalmente setores que vêm reclamando muito fortemente contra a concorrência chinesa. Mas, no geral, as ameaças de Trump preocupam porque 30% das exportações brasileiras de máquinas e equipamentos vão para os Estados Unidos, principalmente máquinas rodoviárias e para construção civil. Mas, pode ser também uma oportunidade porque, sobretaxando outros países, o Brasil pode vender até mais para os Estados Unidos. Além disso, o Brasil não será tão afetado porque essa intenção de taxação de Donald Trump tem sido direcionada para todo o mundo. Se Trump taxar o México, o Brasil poderá passar a negociar mais com os mexicanos. E, nesse caso, há ainda uma força favorável vinda do governo brasileiro, que tem buscado um acordo comercial mais amplo com o México. Pode ser que, enfim, seja possível destravar essa pauta. Então, pode haver oportunidades, mas, também, desafios. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.