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04/Dec/2024

Aço: importações da China continuam crescendo

Na semana em que o presidente chinês Xi Jinping esteve no Brasil, para a Cúpula do G20 e para firmar uma série de acordos comerciais com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foram divulgados dados oficiais mostrando que a entrada de aço chinês no mercado nacional se mantém firme. A avaliação é que as medidas que começaram a vigorar em junho para conter a enxurrada de importações, da China e de outros países asiáticos, ainda não surtiram o efeito desejado pelas siderúrgicas locais. Apenas amenizaram o problema. Segundo dados do Instituto Aço Brasil (IAB), os volumes importados dos nove tipos de produtos siderúrgicos que foram enquadrados no programa de cota-tarifa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) tiveram uma redução de apenas 0,3% no período de junho a setembro, comparado com igual período de 2023. O programa, que estabeleceu sobretaxas por cotas, foi anunciado em abril, passando vigorar em 1º de junho. Inicialmente, o setor pleiteou o enquadramento de 18 produtos. O setor de tubos conseguiu incluir dois tipos de aço.

O sistema de cota-tarifa estabeleceu a média de importação de 2020 a 2022 mais um percentual de 30%. Até esse patamar, os volumes continuariam com a alíquota de 10,8%. O excedente passou a ser sobretaxado com 25%, exatamente o que o setor pediu ao governo sobre as importações de todos os tipos de aços. As reivindicações começaram em julho de 2023, mas o setor não conseguiu convencer as autoridades de comércio exterior. O problema era que a China é o maior parceiro comercial do Brasil e não seria de bom tom adotar uma tarifa considerada muito elevada, de 25%. O receio era desagradar tanto o parceiro quanto consumidores de aço de diversos setores industriais no País, como máquinas e equipamentos, construção civil, automotivo e outros, que ampliaram as compras de aço estrangeiro. Por isso, o governo administrou o problema com cautela durante nove meses. Mais de 90% do volume de produtos siderúrgicos que entram no Brasil é oriundo da China, segundo o IAB, que representa oito dos dez grupos nacionais e estrangeiros que atuam no País (CSN e a mexicana Simec não são associados).

Em outubro, de acordo com dados oficiais, a China representou 91,5% dos aços planos laminados importados. São tipos de produtos fabricados aqui por CSN, Usiminas, ArcelorMittal Tubarão e Gerdau (incluindo especiais) e Aperam (inox e elétricos). Também o segmento de aços longos continua afetado, com entrada de produtos da construção civil (barras e vergalhões) e indústria (fio-máquina), perfis e tubos sem costura, além de trefilados. Gerdau, ArcelorMittal Aços Longos, Simec, AVB e Sinobras são os fabricantes locais desses itens. O IAB, que tem uma ‘sala de guerra’ para analisar os números e procedências das importações com lupa, mais os técnicos do MDIC vão continuar monitorando e verificando irregularidades e fraudes para fazer uma avaliação dos resultados das medidas, previstas para vigorar até 31 de maio de 2025. As siderúrgicas chinesas têm exportado com margem negativa de US$ 32,00 por tonelada em relação aos seus custos de produção, ou com preço 19% inferior.

O setor, na China, conta com apoio e subsídios do governo, dentro da política de Estado para garantir empregos. Uma tonelada de aço laminado a quente, produto de referência, é comprada na China a menos de US$ 490,00 por tonelada (R$ 2.840,00), valor tido como incompatível com os custos de produção. Só de minério de ferro e carvão, que são ingredientes essenciais, são quase US$ 300,00 por tonelada. Um sinal vermelho foi dado na comparação de agosto sobre julho, quando houve aumento de 43,5% nas importações dos produtos inseridos nas medidas. O setor já estava pronto para pedir providências ao governo, mas os números de setembro amenizaram a situação, com recuo de 9,6% sobre o mês anterior. O objetivo do programa elaborado pelo MDIC era de conter e reduzir as importações. Para fortalecer a barreira de entrada, algumas siderúrgicas pedem ações antidumping e de subsídios contra produtos chineses. A CSN, por exemplo, já obteve um direito provisório para folhas metálicas e que não foram incluídas entre os nove do programa. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.