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14/Jan/2025

Armazenagem: déficit reduz competitividade de grãos

Outra vez os números confirmam o Brasil como um dos maiores produtores de grãos do mundo. Por 15 anos seguidos a área cultivada cresceu. Para a safra de 2024/2025 estão estimados 81,39 milhões de hectares, um aumento de 1,8% em relação à safra passada. A produção está estimada em 322,4 milhões de toneladas, superando em 8,2% a safra de 2023/2024, destacando as Regiões Centro-Oeste e Sudeste, cujo crescimento está estimado em mais de 10,0%. O cenário é positivo quanto a quantidade produzida, mas e agora, tem onde guardar? A cada safra fica evidente um grande gargalo, o déficit de armazéns para grãos. A FAO recomenda que a capacidade de armazenamento deva ser 20,0% maior do que se é produzido anualmente. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil é capaz de armazenar apenas 64,3% da produção estimada para a safra atual. A capacidade estática de armazenamento está estimada em 207,4 milhões de toneladas, quando o ideal seria de 386,9 milhões de toneladas.

Da capacidade estática total de armazenagem, apenas 16,6%, ou 34,4 milhões de toneladas, estão em fazendas, nas áreas produtoras. Esse fato destaca outro problema: Com a falta de infraestrutura o produtor fica sem ter onde secar, limpar e armazenar os grãos. A maior parte das unidades armazenadoras é de propriedade de traders e cooperativas e muitas vezes está longe de onde o produto é produzido. Isso desencadeia uma série de desafios enfrentados pelo produtor, como problemas de logística, perdas durante o transporte, custo do frete e negociações limitadas. O armazenamento próprio permite comercializar o produto no momento oportuno, tomar melhores decisões quanto à área semeada e momento da colheita, redução de perdas qualitativas e quantitativas, economia no transporte e um produto com melhor qualidade. Porém, a instalação de uma unidade armazenadora requer investimento alto.

Os produtores rurais e as cooperativas podem solicitar financiamento para ampliar, modernizar, reformar ou construir armazéns através do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), e a indústria nacional é capaz de atender a essa demanda, porém o programa não atende a todos e não é exclusivo para armazéns de grãos, além de que é uma obra complexa e um investimento de longo prazo. A capacidade de armazenamento de grãos, não acompanhou o crescimento da produção. Nos últimos 10 anos, a capacidade estática aumentou em 44,9 milhões de toneladas e a produção aumentou 113,8 milhões de toneladas. O déficit de armazéns reduz a competitividade da produção de grãos, prejudicando o desenvolvimento do interior brasileiro. Uma ação efetiva na solução desse problema deveria ser estratégia de Estado, pois, além de conservar o alimento produzido, alavanca a produção. A infraestrutura tem que evoluir de acordo com a evolução da produção. Fonte: Alcides Torres. Broadcast Agro.