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21/Jan/2025

Frete Rodoviário subirá com safra recorde de grãos

O preço do frete rodoviário no Brasil deve aumentar entre 15% e 20% no primeiro semestre de 2025, impulsionado pelo escoamento da safra recorde de grãos, estimada em 322,3 milhões de toneladas, segundo projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O crescimento de 8,2% em relação à safra anterior reflete um aumento de 24,5 milhões de toneladas na produção, que impõe desafios ao sistema logístico e à infraestrutura de transporte do País. A concentração da colheita, o déficit de armazenagem e a redução no uso de ferrovias são os principais fatores por trás da alta nos custos de frete. O mercado de fretes agrícolas opera de forma muito sensível às variações de oferta e demanda, o que faz os preços reagirem rapidamente em anos de produção elevada. Com uma safra recorde, já existe uma pressão natural no sistema logístico.

No entanto, a concentração da colheita e o limitado crescimento da capacidade de armazenagem tornam o cenário ainda mais desafiador. A colheita de 2025 será mais concentrada nos meses de fevereiro e março, devido ao atraso inicial no plantio em Mato Grosso, que coincidiu com o calendário regular da semeadura de soja em outros Estados produtores. Esse cenário intensifica a competição por caminhões, especialmente em rotas de longa distância, como as que ligam Mato Grosso ao Porto de Santos (SP), onde o aumento do frete em 2025 pode chegar a 30%. Outro ponto crítico é a armazenagem. Entre 2010 e 2023, a produção de grãos no Brasil cresceu 134%, enquanto a capacidade de armazenagem avançou apenas 53%, de acordo com a Conab. O Brasil consegue estocar 210 milhões de toneladas, o que representa cerca de 65% da produção estimada para 2024/2025. Isso força os produtores a escoarem a produção imediatamente após a colheita, gerando gargalos no transporte e pressionando os preços do frete.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a capacidade de armazenagem supera 150% da produção anual, o que dá maior flexibilidade aos produtores e reduz os custos logísticos. Outro fator de pressão é o preço do diesel, que representa até 40% dos custos operacionais do transporte rodoviário. A desvalorização do Real frente ao dólar, aliada às sanções dos Estados Unidos à Rússia, deve levar a Petrobras a reajustar os preços nas refinarias entre 5% e 10% nos próximos meses. Esse cenário pode gerar um impacto adicional de 4% a 5% nos custos de frete, especialmente em trajetos de longa distância. A menor utilização das ferrovias também contribui para agravar os desafios logísticos da safra. Em 2024, as concessionárias ferroviárias enfrentaram prejuízos porque o preço do frete rodoviário caiu cerca de 30% em relação a 2023, depois da quebra da safra. Isso tornou o transporte por caminhões mais competitivo e desestimulou as tradings, empresas que comercializam os grãos, a fechar contratos de longo prazo com as ferrovias.

A Rumo é um exemplo. A principal operadora ferroviária do País enfrenta dificuldades financeiras para custear a expansão de sua rede até Lucas do Rio Verde (MT), um projeto avaliado em R$ 20 bilhões. As tradings estão preferindo fechar contratos mais curtos, chamados de spot, diretamente com os caminhoneiros, mesmo com a Rumo tentando oferecer preços mais atrativos para o transporte ferroviário. Apesar das limitações, o modal hidroviário pode ganhar mais relevância como alternativa logística, com os Rios Madeira e Tapajós operando em plena capacidade. O Porto de Itaituba (PA), por exemplo, deve registrar aumento na movimentação de cargas em 2025. No entanto, o impacto na redução do transporte rodoviário será marginal, dado que a infraestrutura hidroviária ainda é restrita. Mudanças na matriz logística são graduais. Cada modal tem seus limites de capacidade, e não é possível transferir grandes volumes de um para outro rapidamente. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.