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31/Mar/2025

Autopeças: setor preocupado com tarifas dos EUA

Segmento mais prejudicado pela taxação extra de 25% nas importações dos Estados Unidos, anunciada pelo presidente Donald Trump, as fabricantes de autopeças instaladas no Brasil declararam preocupação com a medida, mas aguardam mais detalhes para avaliar os efeitos. Hoje, as taxas de importação americanas variam de zero a 2,5%. A taxação inclui também os veículos, mas as montadoras locais não têm exportações de carros completos para os Estados Unidos. O setor, porém, prevê impactos nos negócios em razão de mudanças que devem ocorrer no mercado automotivo global. As tarifas devem entrar em vigor no dia 3 de abril. O mercado norte-americano é o segundo maior para as autopeças brasileiras, que enviam seus produtos para mais de 200 países.

Fica atrás apenas da Argentina e representa 17,5% das exportações do setor. Ainda assim, o Brasil é deficitário na balança comercial com os Estados Unidos há vários anos. Em 2024, os Estados Unidos importaram US$ 1,37 bilhão (R$ 7,87 bilhões, ao câmbio desta quinta) em componentes do Brasil, enquanto as importações brasileiras somaram US$ 2,24 bilhões (R$ 12,87 bilhões), uma diferença de US$ 870 milhões (R$ 5 bilhões). Em janeiro deste ano, o déficit ficou em US$ 1,43 bilhão (R$ 8,2 bilhões), com o envio de US$ 568,7 milhões (R$ 3,2 bilhões) em peças aos Estados Unidos. O Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) aguarda a publicação do teor da legislação para analisar mais detalhadamente possíveis impactos.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) também avalia com suas associadas eventuais implicações da medida. O setor enfrenta desafios diários em relação às medidas que vêm sendo anunciadas por Trump, como a taxação para o aço e o alumínio em fevereiro e, agora, para carros e componentes. A pior palavra para o setor automotivo é incerteza, e é isso que acontece hoje. Várias montadoras instaladas nos Estados Unidos estão revendo suas estratégias e podem surgir novas oportunidades para o Brasil, mas também ameaças. Uma delas é em relação ao desenvolvimento de tecnologias ou de veículos hoje feitos em conjunto com outros mercados globais. Isso pode se refletir no Brasil.

Há temores também de que as medidas restritivas anunciadas por Donald Trump possam resultar em uma entrada maior de carros de outros países no mercado brasileiro, especialmente da China, comprometendo, assim, a competitividade do veículo nacional. A Anfavea ressalta que modelos a combustão importados pagam 35% de Imposto de Importação no País. Para elétricos, a taxa ficou zerada por alguns anos, mas, desde janeiro, começou a ser cobrada gradualmente e está prevista para chegar aos 35% em julho de 2026. Há meses, a entidade vem pedindo ao governo a antecipação do retorno do imposto cheio. A entidade lembrou que, sobre suas expectativas em relação ao governo norte-americano logo após a eleição de Trump, respondeu que, em razão do seu primeiro mandato, já conhecia e sabia mais ou menos a linha que ele iria seguir. Mas, foi um grande equívoco.

Entre as montadoras, a Toyota do Brasil é uma exceção, pois desde setembro de 2022 exporta para a subsidiária dos Estados Unidos motores 2.0 Dynamic Force, usados no Corolla. É a única montadora nacional que fornece componentes para o mercado norte-americano. Na ocasião, para atender à demanda (inicialmente de 45,6 mil motores ao ano), a fábrica de Porto Feliz (SP) ampliou a produção mensal de 13 mil para 17 mil unidades ao mês e contratou cerca de 150 funcionários. Hoje, emprega mais de 600 pessoas. O grupo não informou se o número previsto de motores foi exportado, nem o volume atual. Na decisão, Trump assinala que a medida busca atrair mais fabricantes para os Estados Unidos, gerando renda e empregos locais. Estão envolvidos na sobretaxa sedãs, utilitários-esportivos, minivans e vans de carga. Entre as autopeças, já estão relacionadas motores, transmissões, peças de trem de força e componentes elétricos, mas a lista pode aumentar. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.