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31/Mar/2025

Ferrovias: projetos dependem de aportes do governo

Segundo o Movimento Pró-Logística, os principais projetos ferroviários em andamento no Brasil podem reduzir os custos de transporte e a dependência do modal rodoviário, mas sua concretização requer tempo e aporte do governo federal. A iniciativa privada não vai fazer uma ferrovia de mais de 700 quilômetros sem o aporte do governo federal. Entre os projetos em construção, a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico) é a que apresenta avanços mais significativos. A ferrovia ligará Água Boa (MT) a Mara Rosa (GO), onde se conectará com a Ferrovia Norte-Sul, já em operação. O primeiro trecho da Fico, com 383 quilômetros, está sendo construído pela Vale. Em maio devem estar em campo pelo menos mil funcionários por trecho. São oito trechos ao todo. A previsão de conclusão é abril de 2028, com capacidade para transportar entre 15 milhões e 20 milhões de toneladas de grãos por ano.

A Ferrovia Norte-Sul, que conecta Porto Nacional (TO) a Estrela d’Oeste (SP), está operacional desde junho de 2023, após 36 anos de construção. Com quase 2.300 quilômetros de extensão, ela permite acesso ao Porto de Santos e integração com outras ferrovias, como a Estrada de Ferro Carajás, que leva ao Porto de Itaqui (MA). Outro projeto importante é a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), dividida em três trechos. A Fiol 1 (537,2 Km) ligará Ilhéus a Caetité, na Bahia, e já foi concedida à mineradora Bamin. A Fiol 2 (485,4 Km), entre Caetité e Barreiras, também na Bahia, está sendo construída pelo governo federal por meio da estatal Infra S.A. A Fiol 3, prevista para conectar Barreiras a Figueirópolis (TO), onde se ligaria à Ferrovia Norte-Sul, ainda não saiu do papel. Esse trecho só sai se o governo colocar dinheiro. São mais de 700 quilômetros, e sem apoio público não há viabilidade.

A Ferrovia de Mato Grosso, também conhecida como Ferrovia Senador Vicente Vuolo, ou extensão da Malha Norte da Rumo, é outro projeto em andamento. Com 743 quilômetros, ligará Rondonópolis a Lucas do Rio Verde (MT), com um ramal para Cuiabá. A obra, inserida no Novo PAC do governo federal, prevê a geração de até 180 mil empregos diretos e indiretos. O cronograma oficial prevê conclusão até 2030, mas há ceticismo, deve ser em 2032. Obra ferroviária é demorada. Antes disso, a empresa deve inaugurar um terminal intermediário em Dom Aquino (MT) até o fim de 2026. Na Região Sul do País, a Ferroeste segue sem data definida para sair do papel. A ferrovia, planejada entre Guarapuava e o Porto de Paranaguá (PR), seria uma alternativa ao atual sistema ferroviário. Hoje, os 248 quilômetros de trilhos entre Cascavel e Guarapuava favorecem boa velocidade, mas após Guarapuava as cargas enfrentam uma ferrovia antiga e sinuosa, operada pela Rumo até Ponta Grossa, com alto custo operacional.

Na Região Sudeste, o destaque é a Ferrovia Interna do Porto de Santos (Fips), criada em 2022 como parceria entre o governo estadual e as empresas ferroviárias MRS, Rumo e VLI, para melhorar a circulação dentro do maior porto do Brasil. A Fips vai dar mais fluidez ao transporte ferroviário no maior porto do País. A parceria tem duração de 35 anos e visa aprimorar a operação e a infraestrutura ferroviária no terminal. Mas, mesmo com novas ferrovias, um problema estrutural permanece: a falta de concorrência. Existe um monopólio natural, e isso pesa no bolso do produtor. A ferrovia cobra o valor que ela quer. No transporte por caminhões, milhares de empresas e motoristas autônomos competem pelos fretes. Mesmo com a expansão do modal, o transporte rodoviário seguirá sendo necessário. Mas ele deve fazer trechos curtos até a ferrovia ou hidrovia, não cruzar o País de ponta a ponta. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.