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11/Apr/2025

AgroGalaxy aposta na reaproximação com produtor

O CEO da AgroGalaxy, Eron Martins, disse nesta quinta-feira (10/09) que "hoje é um dia diferente para a companhia", marcando o início de uma nova fase após a aprovação do Plano de Recuperação Judicial (RJ) por 82,4% dos credores. A prioridade, segundo ele, é manter o capital de giro funcionando, especialmente porque abril concentra a maior parte dos pagamentos da safra de verão, período que tradicionalmente ocorre injeção de recursos relevantes no caixa das revendas. A homologação judicial ainda depende da 19ª Vara Cível e Ambiental de Goiânia e deve ocorrer em até 30 dias. Mesmo assim, segundo o executivo, a empresa já retomou as conversas com fornecedores e clientes para reforçar a continuidade das operações. "Estamos voltando às nossas raízes: ser uma revenda próxima do produtor, com simplicidade e eficiência", afirmou Martins. A estratégia envolve foco em produtos de maior valor agregado, controle de despesas e gestão rigorosa de estoques e recebíveis. Martins destacou que a boa produtividade da soja nesta safra anima o setor.

"O produtor colheu bem e já começa a pensar na próxima safra. Isso traz ânimo para o setor inteiro", disse. O plano aprovado foi desenhado com base no fluxo de caixa da companhia. Embora ainda não haja um número consolidado da dívida após os acordos, o passivo era de cerca de R$ 4,6 bilhões antes da recuperação -, o executivo afirmou que os pagamentos iniciais estão dentro da capacidade da empresa. "Cada credor escolhe uma condição de pagamento. Só depois disso vamos fechar as contas finais", explicou. Eron também respondeu a perguntas sobre o cumprimento imediato do plano. Questionado se a empresa tem caixa para os primeiros pagamentos, especialmente os trabalhistas, que vencem 30 dias após a homologação, ele afirmou que a proposta foi feita com base no que a empresa consegue cumprir. "Você pode imaginar que a gente trabalhou nesse plano desde o primeiro dia. Com esse caixa você começa a avaliar o que pode propor. O plano foi aprovado por mais de 80%, então é natural que ele seja compatível com a nossa capacidade de pagamento", disse.

"Tem alguns pagamentos pequenos na largada, todas as condições foram analisadas e amarradas ao nosso plano de negócio." Sobre o risco de judicialização por parte dos credores que votaram contra, o advogado Gustavo Salgueiro disse que considera esse risco mitigado. "O Banco do Brasil, por exemplo, foi combativo durante a assembleia, mas ao final aprovou o plano e já selecionou a condição de pagamento dentre as possíveis. Em regra, o Poder Judiciário não entra na discussão econômica do plano, porque os credores são soberanos para avaliar a conveniência. O plano foi aprovado por ampla maioria, e isso reduz muito qualquer possibilidade de questionamento", afirmou. Martins evitou projetar o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) necessário para execução do plano, alegando restrições por ser uma empresa listada e o curto prazo desde a aprovação. "Confesso que não deu tempo de fazer toda essa contabilização desde a aprovação ontem às duas da manhã", disse. Nas próximas semanas, a empresa deve intensificar as negociações com fornecedores.

"Já temos agendas intensas para complementar o trabalho da safra 25/26, que já começou a andar na ponta com algumas feiras acontecendo", afirmou. Nos últimos meses, a AgroGalaxy passou por uma reestruturação profunda, com o fechamento de metade das lojas e corte de 40% no quadro de funcionários. Com o plano aprovado, a empresa busca recuperar a confiança do mercado e garantir a continuidade das operações. Apesar do alívio com a boa produtividade da safra de soja, o CEO da AgroGalaxy, Eron Martins, afirmou que os produtores rurais ainda demonstram cautela nas compras, em especial diante da volatilidade nos preços internacionais e das incertezas provocadas por disputas comerciais entre grandes potências. "O produtor continua no famoso sistema 'mão para boca', esperando o último momento para comprar", disse o executivo, ao comentar o ritmo lento da comercialização de insumos para a próxima temporada. Segundo Martins, o comportamento mais prudente dos agricultores é compreensível após um período de dois anos difíceis, em que houve estresse de margem e receio com a exposição a custos elevados. Ainda assim, ele afirmou que o atual momento é mais favorável e já começa a mudar o ânimo do setor.

"Depois de uma safra boa, normalmente o moral e o espírito do produtor são mais positivos para iniciar a nova safra. Isso a gente teve agora - fazia dois anos que isso não acontecia." Martins também avaliou que o mercado de grãos passa por uma reacomodação brusca, impulsionada pelos embates comerciais entre Estados Unidos e China, que criaram um ambiente de incerteza para os exportadores. "Esse movimento, com tarifas que entram e saem, bagunçou o mercado de uma maneira muito grande, e o agro não fica de fora", afirmou. Na prática, a queda nos preços futuros da soja em Chicago reduziu a base de cálculo para os preços internos, mesmo com a valorização recente do dólar. O executivo ponderou, no entanto, que o câmbio mais alto pode ser positivo para as contas da AgroGalaxy. "O dólar subiu, o que é bom quando pensamos que os preços são em reais", disse. Outro fator que pode contribuir com a recuperação do setor é o prêmio pago pela soja brasileira, que tende a crescer caso o Brasil se consolide como alternativa de fornecimento diante do prolongamento das tensões geopolíticas.

"Existe uma tendência: se essa guerra persiste, o Brasil é a alternativa." Para a companhia, o cenário atual reforça a importância de manter flexibilidade comercial e planejamento estratégico. Martins destacou que eventos regionais e feiras do setor devem impulsionar as vendas nas próximas semanas, à medida que os agricultores ganhem confiança para iniciar os preparativos da safra 2025/2026. "Tem uma feira importante acontecendo agora no sul de Goiás. Isso começa a puxar os negócios", disse. Com o plano de recuperação judicial aprovado pelos credores e a homologação judicial aguardada para as próximas semanas, a AgroGalaxy aposta na retomada gradual da normalidade operacional. A empresa considera abril e maio como meses-chave para o início da execução do plano, por concentrarem a liquidação de vendas passadas, principalmente da safra de verão. Segundo Martins, esse ciclo de recebimentos é fundamental para irrigar o capital de giro e dar início à nova fase da companhia. Fonte: Broadcast Agro.