24/Apr/2025

A AgroGalaxy pretende usar os próximos 30 dias para homologar o plano de recuperação judicial aprovado no início do mês e iniciar a execução dos compromissos. Segundo o CEO Eron Martins, o foco agora é implementar o que foi acordado, restabelecer a relação com fornecedores e recuperar a confiança do produtor rural. “A aprovação foi só uma etapa. A partir de agora, é a execução.” Martins afirmou que o quarto trimestre foi marcado por ações para enxugar a estrutura, reforçar o caixa e preparar a companhia para a assembleia de credores. A empresa saiu de três Estados (Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Piauí) e passou a operar com 65 lojas, 14 silos e uma unidade de sementes em nove Estados. A revisão da malha física foi acompanhada por uma mudança na gestão: as decisões operacionais foram descentralizadas e os gerentes de loja ganharam mais autonomia.

A AgroGalaxy também buscou liquidez. Reduziu estoques de R$ 839,8 milhões para R$ 223,8 milhões. Converteu vendas a prazo em operações à vista. Antecipou recebimentos de produtores com vencimento previsto para 2025. Essas medidas levaram o caixa de R$ 195 milhões no terceiro trimestre para R$ 480 milhões no fim do ano. “Trocamos posições de balanço por caixa”, disse o executivo. O plano de recuperação judicial prevê pagamento integral aos credores parceiros, com dois anos de carência e quitação em dez anos. A empresa já recebeu uma proposta vinculante para a compra de cerca de R$ 683 milhões em créditos vencidos, operação prevista no plano. Segundo Martins, outros interessados podem apresentar ofertas após a homologação. O plano inclui, ainda, o grupamento das ações na proporção de 15 para 1, com início em 6 de maio. A medida busca adequar os papéis da companhia às regras da B3, que exigem cotação mínima de R$ 1,00.

A AgroGalaxy aposta que o comportamento do produtor rural em 2025 pode favorecer sua atuação. A empresa acredita que o ritmo lento de compras, motivado por incertezas climáticas, cambiais e de preços, abre espaço para ampliar a presença no mercado após a homologação do plano. “Com a estrutura ajustada e o plano aprovado, conseguimos participar da próxima safra com mais confiança”, disse Martins. Ele citou o conflito comercial entre Estados Unidos e China como um fator que pode aumentar a demanda chinesa por soja brasileira. Apesar do cenário baixista na Bolsa de Chicago, a empresa vê possibilidade de melhora nos prêmios de exportação. “O produtor está esperando para decidir. Isso nos permite negociar com mais competitividade agora”, afirmou. Martins disse que, após a homologação, a empresa vai formalizar acordos com os credores e iniciar o monitoramento mensal das obrigações previstas no plano. A expectativa é concluir esse processo até o fim de maio.

A AgroGalaxy iniciou a execução do modelo operacional desenhado no plano de recuperação judicial aprovado em abril. Eron Martins afirmou que a empresa está concentrada na reorganização do modelo de negócios, com ênfase na gestão de capital de giro, no redesenho geográfico da operação e no aperfeiçoamento dos processos de crédito e cobrança. Martins disse que o plano está baseado em experiências acumuladas pela AgroGalaxy desde 2015, combinadas com os padrões de governança adotados após a abertura de capital em 2021. Segundo ele, a estrutura atual busca manter o nível de controle interno exigido para empresas listadas, associando isso à agilidade operacional das revendas que deram origem à companhia. "É uma volta às raízes, com os aprendizados recentes incorporados", afirmou.

De acordo com o executivo, a empresa passou a operar comercialmente por meio de duas vice-presidências regionais. Uma atende Goiás, Mato Grosso, Rondônia, Pará, Tocantins e Maranhão. A outra cobre São Paulo, Paraná e o Sul de Minas. Martins afirmou que essa divisão reflete a concentração das unidades operacionais da AgroGalaxy e considera o perfil climático e de crédito dessas regiões. A companhia informou que encerrou o ano com 65 lojas, 14 silos e 1 unidade de sementes em operação. Martins declarou que a companhia mantém disciplina na gestão dos estoques e atenção ao capital de giro. Segundo ele, a empresa busca equilíbrio entre a disponibilidade dos produtos para o produtor e o custo financeiro de manter estoques. "Um dos serviços que oferecemos é a proximidade e o atendimento imediato", declarou.

A empresa reduziu os estoques de R$ 839,8 milhões no fim do terceiro trimestre para R$ 223,8 milhões ao fim do quarto trimestre. Na concessão de crédito, Martins afirmou que houve evolução com a adoção de uma nova ferramenta de gestão e o uso de cobrança terceirizada. Ele disse que essas medidas começaram a apresentar bons resultados. O executivo também mencionou que a empresa está adaptando sua política de crédito para melhorar o acompanhamento e a recuperação de recebíveis. A Agrogalaxy informou que continua o processo de venda de uma carteira de créditos inadimplidos, no valor de até R$ 683 milhões, previsto no plano de recuperação. Martins afirmou que parte dos recebimentos tem ocorrido por meio de ativos como máquinas, veículos e imóveis. Ele explicou que essas operações estão sendo conduzidas dentro do marco da recuperação judicial, com supervisão dos administradores judiciais.

"A monetização desses ativos pode ampliar a geração de caixa", comentou. A empresa não especificou o volume financeiro dessas operações. A AgroGalaxy também pretende ajustar o portfólio de produtos. Segundo Martins, a empresa continuará priorizando soluções agronômicas, com foco em especialidades e biológicos, e reduzirá a participação de fertilizantes. Ele afirmou que o objetivo é melhorar o mix de vendas e manter a capacidade de atendimento técnico ao produtor. "Esse é um eixo em que a AgroGalaxy sempre atuou e vai continuar atuando", declarou. A estrutura operacional também foi reorganizada para ampliar a atuação direta nas regiões atendidas. Martins afirmou que a companhia orientou todas as equipes, incluindo as áreas administrativa e de crédito, a atuarem de forma próxima aos produtores. "O time precisa estar no campo, não apenas o comercial", concluiu. Fonte: Broadcast Agro.