22/Abr/2019
Está se aproximando a colheita de uma grande 2ª safra no Brasil e avançando na Argentina, com estimativa recorde de produção em 2018/2019. Com grande oferta interna, superando a demanda, a pressão baixista vai se acentuando sobre os preços do milho no mercado interno. Os preços do milho seguem em queda na maior parte das regiões, influenciados pela oferta superior à demanda. Em São Paulo, na região de Campinas, os valores operam próximo dos patamares observados em novembro do ano passado. No geral, o ritmo de negócios está limitado, tendo em vista a disparidade entre os preços indicados por compradores e vendedores. Além disso, alguns produtores têm dado preferência em comercializar a soja. Vale lembrar que a cotação da oleaginosa está firme, favorecida pelas altas do dólar e nos preços externos. No campo, o clima segue favorável ao desenvolvimento das lavouras de milho, o que pode resultar em antecipação da colheita.
Do lado comprador, atentos à possibilidade de oferta elevada, muitos pressionam os valores, adquirindo novos lotes apenas para o curto prazo. Alguns demandantes ainda relatam maior volume de oferta da Região Centro-Oeste e de armazéns de São Paulo. Quanto ao vendedor, os que detêm maiores estoques, como os do Paraná e do Rio Grande do Sul, estão mais interessados em negociar. Nestes casos, alguns acabam cedendo e vendem a valores mais baixos. Em São Paulo, parte dos vendedores, mais capitalizada, está retraída do mercado. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) registra recuo de 2,7% nos últimos sete dias, a R$ 36,19 por saca de 60 Kg, o menor patamar nominal desde meados de novembro/2018. Entre março e abril, o Indicador recuou expressivos 5,8%, com média de R$ 37,39 por saca de 60 Kg, a menor média nominal deste ano. Nos últimos sete dias, os preços apresentam recuo de 1,9% no mercado de balcão (ao produtor) e de 1,7% no mercado de lotes (negociação entre empresas).
Na Região Nordeste, o elevado volume de chuvas tem dificultado os trabalhos de campo e o transporte do cereal, cenário que tem impulsionado as cotações. Nas regiões de Recife (PE) e Barreiras (BA), os preços registram avanço de 1,3% e 0,4%, respectivamente. No mercado futuro da B3, os contratos estão em queda, refletindo a perspectiva de oferta elevada no segundo semestre. O vencimento Maio/2019 está cotado a R$ 34,38 por saca de 60 Kg, queda de 2,7% nos últimos sete dias. Os contratos Junho/2019 e Setembro/2019 estão cotados a R$ 32,68 por saca de 60 Kg e a R$ 33,00 por saca de 60 Kg, quedas de 2% para ambos. As consecutivas baixas no mercado futuro e dos preços externos têm deixado agentes cautelosos quanto a negociações futuras, sobretudo nos portos. Enquanto o comprador aguarda queda nos valores diante da possibilidade de maior oferta, os vendedores se atentam para o fato de os preços do mercado interno estarem superiores e mais rentáveis do que os praticados nos portos.
No Porto de Paranaguá (PR), as cotações médias apresentam recuo de 4,2% nos últimos sete dias, para R$ 34,01 por saca de 60 Kg. As baixas cotações atuais e o período de maiores negociações de soja nos portos brasileiros, por sua vez, limitam os embarques de milho. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), apenas 246 mil toneladas foram embarcadas nos primeiros 10 dias úteis de abril. No campo, o clima segue favorável. Para a safra verão (1ª safra 2018/2019), o sol em boa parte do dia beneficia a colheita do cereal. As chuvas em dias intercalados favorecem o desenvolvimento das lavouras da 2 safra de 2019 em todo o Brasil. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), até o dia 16 de abril, 94% da safra verão (1ª safra 2018/2019) havia sido colhida no Paraná. Para a 2ª safra de 2019, a área total destinada ao grão foi implantada e 4% da área estadual já está na fase de maturação, mas a maior parcela ainda está nas fases de floração (36%) e frutificação (30%).
Nos Estados Unidos, as preocupações ainda se voltam ao clima. Até o momento, a região Meio Oeste apresenta solo úmido, o que já tem atrasado o plantio de grãos. Por outro lado, a demanda enfraquecida pelo cereal mantém as cotações em baixa. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o surto de peste suína africana na China já tem diminuído a necessidade chinesa pelo cereal destinado à ração animal. Com isso, na Bolsa de Chicago, o contrato Maio/19 registra queda de 0,49% nos últimos sete dias, cotado a US$ 3,58 por bushel. O contrato Julho/2019 acumula baixa de 1,5% no mesmo comparativo, indo para US$ 3,67 por bushel. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a colheita na Argentina atinge 23,3% da área e vem apresentando bons rendimentos nas regiões de Cordoba, Santa Fé e Buenos Aires. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.