22/Jul/2019
A tendência é de pressão baixista sobre os preços no mercado interno, no curto prazo, com o avanço da oferta da 2ª safra, estimada em 72,2 milhões de toneladas (34% acima da temporada passada), recuo do dólar no Brasil e estimativas baixistas divulgadas no relatório de oferta e demanda mundial de julho do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). No médio e longo prazo, a tendência é altista para os preços no mercado interno, com exportações brasileiras aquecidas (cresceram 86% no 1º semestre/2019 em relação ao mesmo período do ano anterior) e redução do potencial produtivo na safra 2019/2020 dos EUA. Os próximos relatórios do USDA devem revisar para baixo as projeções de produção de milho nos EUA em 2019/2020. Com o avanço da colheita, a perspectiva de alta disponibilidade de milho nas próximas semanas tem pressionado as cotações no mercado interno desde o início de julho.
Apesar de as cotações externas também estarem em queda, a movimentação nos portos brasileiros voltou a aumentar nos últimos dias, influenciada pela competitividade e pela disponibilidade do cereal brasileiro. Por outro lado, o ritmo aquecido das exportações tem limitado as quedas dos preços internos. No geral, os compradores postergam as negociações de novos lotes na perspectiva de melhores oportunidades nas próximas semanas, enquanto vendedores priorizam a entrega dos lotes já comercializados. Em São Paulo, na região de Campinas, referência para o Indicador ESALQ/BM&F, novamente os compradores se mantêm afastados das negociações. O Indicador está cotado a R$ 36,98 por saca de 60 Kg, leve alta de 0,1% nos últimos sete dias. Apesar do maior volume de ofertas com a colheita, nos últimos dias, os maiores valores dos fretes também têm dificultado as negociações, sustentando as cotações em regiões consumidoras, como Campinas.
Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (preços recebidos pelos produtores) os preços registram recuo de 0,9% e, no mercado de lotes (negociação entre empresas), a queda é de 1,0%. Assim como no físico, os futuros na B3 também apresentam baixa. O contrato Setembro/2019 registra queda de 1,1% nos últimos sete dias, a R$ 37,08 por saca de 60 Kg. O contrato Novembro/2019 acumula recuo de 1,3% no mesmo período, a R$ 39,03 por saca de 60 Kg. No corredor da exportação, o ritmo é mais aquecido. Considerando-se as duas primeiras semanas de julho (nove dias úteis), os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que o volume de milho embarcado pelo Brasil foi de 1,87 milhão de toneladas, 37% superior ao exportado no mês de junho e 60% maior que o do mesmo período de 2018. A expectativa de ritmo forte de exportações é grande e, até o momento, os line-ups somente no Porto de Paranaguá (PR) indicam que as programações até meados de agosto podem totalizam 1 milhão de toneladas.
Além das exportações em alta, as especulações climáticas nos Estados Unidos deram suporte às cotações nos últimos dias. Após as chuvas e os atrasos registrados durante o semeio nos Estados Unidos, agora é o clima seco que preocupa os produtores neste período de desenvolvimento das lavouras. No Brasil, apesar das preocupações com as frentes frias e as chuvas nas áreas produtoras de milho nas semanas anteriores, a colheita segue com bom andamento. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), das lavouras de milho norte-americanas, 58% estão em condições entre boas e excelentes, 1% maior que a semana anterior, mas 14% inferior ao mesmo período de 2018. Além disso, 30% das lavouras estão em condição média e 12% estão entre situação ruim e muito ruim. Apesar deste cenário, os futuros registram recuo nos últimos sete dias, influenciados pelo baixo desempenho das vendas do cereal, além do enfraquecimento do petróleo.
O contrato Julho/2019 registra desvalorização de 4,45%, cotado a US$ 4,24 por bushel. Os vencimentos Setembro/2019 e Dezembro/2019 apresentam reações de 4% e de 3,6%, a US$ 4,29 por bushel e a US$ 4,38 por bushel. No Brasil, a atenção dos produtores está voltada para a colheita e entrega dos lotes comercializados antecipadamente. No Paraná, a colheita do milho da 2ª safra de 2019 alcançou 58% da área. Quanto às condições, 3% estão ruins; 19%; médias e 78% estão em bom estado. Com relação às fases, 10% estão em frutificação e 90%, em maturação. Em Mato Grosso, os produtores avançaram 14,1% com a colheita do milho, atingindo 76,2% da área. A produção continua a chamar a atenção e o melhor aproveitamento da janela ideal durante o plantio e as boas condições climáticas permitem que a produção do cereal seja volumosa.
A comercialização de lotes no spot segue limitada sobretudo pelas preocupações com as entregas dos lotes já negociados antecipadamente. No Paraná, estima-se que 21% da produção do milho 2ª safra de 2019 foi comercializada. Em Mato Grosso, a comercialização atinge 77% da 2ª safra de 2019. Em julho do ano passado, apenas 14% da produção no Paraná e 68% da safra de Mato Grosso haviam sido comercializados. Portanto, chama atenção o ritmo acelerado da comercialização do cereal neste ano, em função das preocupações no início da temporada com o grande volume a ser produzido. Na Argentina, as condições climáticas mais favoráveis permitiram avanços mais significativos na colheita em Córdoba, Salta e Chaco. Devido às boas condições climáticas durante o desenvolvimento, a produção é estimada em 48 milhões de toneladas. Quanto aos trabalhos no campo, a colheita avança para 61% da área até o dia 18 de julho. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.