05/Ago/2019
A tendência é baixista no curto prazo para os preços do milho no mercado interno, com o avanço da colheita de uma 2ª safra volumosa e retração das cotações futuras em Chicago. A pressão baixista é contida pelo forte aumento das exportações brasileiras de milho neste ano e pela tendência altista para as cotações futuras no longo prazo. O avanço da colheita da 2ª safra de 2019 tem elevado a disponibilidade interna e pressionado as cotações do cereal na maior parte do Brasil, mesmo com o ritmo forte das exportações. Apenas em algumas regiões do Paraná que os valores registram altas, sobretudo no mercado de balcão, influenciados pela posição firme de vendedores. No geral, os compradores sinalizam ter estoques e seguem adquirindo o produto quando há necessidade, aguardando a finalização das entregas programadas. Os vendedores, por sua vez, restringem a comercialização a pequenos lotes, à espera de melhores oportunidades.
Nos últimos sete dias, os valores também estão sendo influenciados pelas quedas nos preços externos. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas –SP) está cotado a R$ 35,95 por saca de 60 Kg, queda de 1,2% nos últimos sete dias. No acumulado do mês de julho, o Indicador acumulou baixa de 7,1%. Nas regiões norte, sudoeste e oeste do Paraná, os valores registram alta nos últimos sete dias, respectivamente, 7%, 4,2% e 1,5%. Ainda nos últimos sete dias, os preços apresentam avanço de 0,9% no mercado de balcão (preço recebido pelo produtor) e se mantêm estáveis no mercado de lotes (negociação entre empresas). No acumulado de julho, porém, os recuos foram de 4,4% e 3,9%, na mesma ordem. Na B3, o contrato Setembro/2019 está cotado a R$ 36,10 por saca de 60 Kg, recuo de 1,4% nos últimos sete dias. O vencimento Novembro/2019 está cotado a R$ 37,89 por saca de 60 Kg, queda de 1,9% no mesmo período.
Os embarques de milho seguem em forte ritmo e a expectativa é de que as entregas nos portos subam ainda mais nas próximas semanas. Nos últimos dias, contudo, os negócios estiveram enfraquecidos com as consecutivas quedas no mercado externo. A quantidade exportada entre fevereiro/2019 e julho/2019 já é três vezes superior à do mesmo período de 2018. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicam que, em julho, foram embarcadas 6,317 milhões de toneladas, quantidade recorde para o mês. Em julho/2018, foram exportados apenas 1,1 milhão de toneladas. Em Mato Grosso, 77% da produção já foi negociada. No Paraná, 36% do milho da 2ª safra de 2019 já está comercializado. No campo, o clima seco e as temperaturas mais amenas nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil têm proporcionado boas condições para os trabalhos de campo, o que resultou em adiantamento da colheita em relação ao ano anterior. Além disso, a qualidade está muito boa.
A colheita no Paraná atingiu 73% da área até o início da semana passada, contra 31% no mesmo período do ano anterior. Com relação à condição do cereal que está na lavoura, 7% estão ruins, 20% têm condição média e 73% estão em bom estado. Com relação às fases, 4% estão em frutificação e 96%, em maturação. Em Mato Grosso, a colheita de milho da 2ª safra de 2019 atingiu 97,7% da área plantada. A colheita evolui de maneira satisfatória, com os trabalhos praticamente finalizados no médio-norte do estado. No mercado internacional, os vencimentos futuros registram forte recuo, pressionados pela melhora das condições das lavouras norte-americanas e principalmente pelas expectativas de menor demanda chinesa pelos produtos dos Estados Unidos.
Tarifas de 10% dos Estados Unidos sobre US$ 300 bilhões sobre produtos chineses devem ser impostas pelo país norte-americano a partir de 1º se setembro. Esse cenário pode elevar a oferta de milho nos Estados Unidos. Assim, o contrato Setembro/2019 apresenta queda de 6,1% nos últimos sete dias, cotado a US$ 3,92 por bushel. O vencimento Dezembro/2019 registra recuo de 5,8%, a US$ 4,025 por bushel. De acordo com o relatório semanal do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgado no dia 29 de julho, 58% da safra norte-americana tem condição entre boa e excelente, contra 57% da semana anterior e 72% do ano passado. A produção na Argentina segue estimada em 48 milhões de toneladas, devido à boa produtividade do cereal no país. Quanto aos trabalhos no campo, a colheita avançou para 74,6% da área até o dia 1º de agosto. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.