14/Ago/2019
A exportação de milho até o dia 9 de agosto supera o volume embarcado pelo País em todo o mês de agosto do ano passado e participantes do mercado projetam que os embarques devem bater recorde neste mês. O ritmo intenso reflete a grande produção na segunda safra do grão, o dólar valorizado e a comercialização antecipada neste cenário favorável, além da perspectiva de safra norte-americana menor. Os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia também mostram que a exportação de milho nas duas primeiras semanas do mês, período de apenas sete dias úteis encerrado no dia 9, representa 46,5% dos embarques de julho passado, que totalizaram 6,316 milhões de toneladas. O Brasil tinha milho no fim de maio e começo de junho e isso fez com que os contratos de exportação fossem cumpridos de maneira antecipada. Como a produção do cereal deve ser recorde, a tendência é de que ocorram novos recordes mensais sendo batidos neste ano.
A produção total de milho deve ultrapassar 99,3 milhões de toneladas, ante 80,7 milhões de toneladas no ano passado. A vizinha Argentina também colhe grande produção. Quando dois fornecedores mundiais oferecem grandes quantidades simultaneamente os preços ficam mais baixos e atraem a demanda mundial. Além disso, os Estados Unidos tiveram problema climático, com perspectiva de queda de produção. As exportações de grãos dos países sul-americanos são favorecidas, principalmente, pela desvalorização das moedas locais (real, peso entre outros) frente ao dólar. A média diária exportada de milho brasileiro está 241,7% acima da observada em agosto de 2018. No acumulado do ano até julho, os embarques do cereal do Brasil totalizam 15,95 milhões de toneladas. Já a Argentina enviou 19,12 milhões de toneladas ao exterior no mesmo período.
Assim, se as previsões de exportação para agosto de 9,23 milhões de toneladas do Brasil e 1,55 milhão de toneladas da Argentina se confirmarem, os dois países devem atingir o maior volume já exportado para os primeiros oito meses do ano - 25,19 milhões de toneladas para o Brasil e 20,66 milhões de toneladas para a Argentina. A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), que considera a programação para embarques de navios nos portos, reforça a tendência de recorde nas exportações do Brasil de milho neste mês, embora projete um volume menor para agosto. A programação de line-ups até o dia 31 de agosto é de 7,6 milhões de toneladas, o que seria o maior volume já registrado para um período de 30 dias. O Brasil tem grande estoque e preços muito competitivos. Por enquanto, a Anec prevê exportações de milho de 35 milhões de toneladas, com possibilidade de revisão para cima. O movimento também reflete vendas antecipadas. As tradings tinham contratos fechados anteriormente para receber.
Para os demais meses, ainda há incertezas sobre o rumo das exportações após a revisão feita na segunda-feira (12/08) pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em sua estimativa para a produção norte-americana. O USDA voltou a elevar sua estimativa para a safra 2019/2020 de milho dos Estados Unidos, de 352,426 milhões para 353,086 milhões de toneladas. Ainda que tenha reduzido sua projeção de área plantada com milho no país, de 37,11 milhões de hectares para 36,42 milhões de hectares, o USDA aumentou a estimativa de produtividade, de 10,4 toneladas por hectare para 10,6 toneladas por hectare. Embora se acredite que a safra norte-americana ainda será revisada para baixo, considerando as adversidades climáticas no plantio e desenvolvimento das lavouras, a queda nos futuros deve causar uma retração nos preços para exportação no Brasil, podendo beneficiar compradores domésticos menores como granjas, confinamentos e usinas de etanol, que precisam comprar milho com regularidade e vinham pagando valores acima dos indicados para exportação para garantir suprimento.
Entretanto, grandes compradores como indústrias de carnes também adquiriram milho antecipadamente e estavam recebendo esse milho nos últimos meses, o que evitou que os preços subissem. Com uma oferta norte-americana maior do que a esperada, tradings também podem originar mais milho nos Estados Unidos nos próximos meses. Se o mercado absorver os dados do USDA e houver continuidade da queda dos futuros em Chicago talvez fique mais difícil manter os níveis de embarques. Apesar da melhora das projeções do USDA, o Brasil se mantém em uma posição de destaque no mercado internacional. O Brasil pode ter embarques próximos de 7 milhões de toneladas também em setembro e outubro. Neste ano há menor concorrência da soja pela logística dos portos. A guerra comercial ainda é um fator que puxa a busca por soja brasileira, mas neste ano a demanda chinesa por soja é muito menor do que ano passado em função da peste suína africana, que trouxe grandes prejuízos para a China. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.