23/Set/2019
Com a oferta retraída, a tendência é altista para os preços do milho no mercado brasileiro. Além da oferta retraída, as exportações estão muito aquecidas e devem atingir um recorde no atual ano-safra 2018/2019. O movimento de alta nos preços de milho, que antes era verificado apenas em parte das regiões, se estende para praticamente todas as localidades nos últimos dias. Atentos ao clima seco no campo e ao ritmo intenso das exportações, os produtores brasileiros estão mais afastados dos mercados spot e a termo. Diante disso, os compradores, como cooperativas e cerealistas, relatam dificuldades para adquirir novos lotes do cereal, fator que impulsiona os valores domésticos. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas – SP) registra alta de 1,2% nos últimos sete dias, cotado a R$ 37,89 por saca de 60 Kg. Nas regiões de Itapeva (SP) e de Sorocabana (SP), as altas nos valores são de 0,8% e 1,2%, respectivamente.
Nos últimos sete dias, a alta é de 1,4% no mercado de lotes (negociações entre as empresas) e de 1,7% no mercado de balcão (valor pago ao produtor). Nos portos, as cotações estão em alta, devido à demanda mais aquecida. Nos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR), as cotações apresentam avanço de 2,6% e 4,4% nos últimos sete dias, respectivamente. Apesar da alta, os negócios ainda são pontuais, tendo em vista a disparidade entre os preços de comparadores e vendedores. Para embarque em setembro e outubro, os compradores indicam R$ 36,00 por saca de 60 Kg e os vendedores, R$ 40,00 por saca de 60 Kg. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações registram média diária de 3,32 mil toneladas nos primeiros 10 dias úteis de setembro, o que, caso se mantenha até o final do mês, pode resultar em vendas externas de quase 7 milhões de toneladas, o que seria um recorde para o período. Por enquanto, o volume embarcado está 1% inferior ao total de setembro/2018, mas ainda restam 11 dias úteis para as exportações.
Na B3, os valores também estão em alta, influenciados pelo mercado físico nacional, por expectativas de que as exportações sigam intensas e pela redução na oferta nos próximos meses. Nos últimos sete dias, o contrato Novembro/2019 registra valorização de 1,2%, cotado a R$ 39,55 por saca de 60 Kg. Os contratos Janeiro/2020 e Março/2020 apresentam avanço de 1,7% e 1,3%, respectivamente, passando para R$ 40,93 por saca de 60 Kg e R$ 40,95 por saca de 60 Kg. No campo, os produtores estão com as atenções voltadas ao clima seco e às altas temperaturas, que limitam o avanço da semeadura da safra verão (1ª safra 2019/2020). As previsões oficiais para o trimestre setembro, outubro e novembro indicam chuvas abaixo da média histórica na Região Centro-Oeste, o que pode atrasar o semeio da soja e diminuir a janela ideal de plantio do cereal da 2ª safra de 2020. A área semeada no Paraná até o dia 16 de setembro é estimada em 24%, com significativo avanço de 15% em relação à semana anterior, mas ainda 13% inferior ao ano passado. Quanto às fases, 76% estão em germinação e 24%, em desenvolvimento vegetativo.
No Rio Grande do Sul, o semeio apresenta diferentes estágios. Enquanto na região de Santa Rosa a falta de chuvas em agosto atrasou os trabalhos de campo, em Ijuí, o plantio avança rapidamente, favorecido pelas temperaturas e pelo solo com umidade adequada, totalizando 80% da área estimada. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, as chuvas continuam favorecendo o semeio da temporada 2019/2020 na Argentina, totalizando 5,5% da área nacional. Nos Estados Unidos, a colheita teve início na semana passada e totaliza 4% da área, 3% menor que a média dos últimos cinco anos. Segundo o relatório semanal divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no dia 16 de setembro, estima-se que 55% da safra de milho esteja em condição entre boa ou excelente, estável ante a semana anterior; 31%, em condição média e 14%, entre ruim e muito ruim. Na Bolsa de Chicago, o contrato Dezembro/2019 registra alta de 1,5% nos últimos sete dias, cotado a US$ 3,72 por bushel. No mesmo período, os contratos Março/2020 e Maio/2020 apresentam avanço de 1,1% e 0,71%, a US$ 3,84 por bushel e a US$ 3,91 por bushel, respectivamente. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.