21/Out/2019
A tendência é altista para os preços no mercado interno, com as exportações brasileiras recordes em 2019, dólar em níveis acima de R$ 4,10 – que eleva a paridade de exportação nos portos –, demanda interna firme e vendedores retraídos. Na Bolsa de Chicago, mesmo com quebras na safra dos Estados Unidos de 2019/2020 abaixo das esperadas pelo mercado, o contrato março/2020 acumula alta de 9,5% desde início de setembro, cotado acima do patamar de US$ 4,00/bushel, com o contrato julho/2020 cotado acima de US$ 4,10/bushel. Entre janeiro e outubro de 2019, as exportações brasileiras cresceram 133% em relação ao mesmo período de 2018, atingindo 36,9 milhões de toneladas, com potencial para atingir 38 milhões de toneladas no atual ano-safra (fevereiro/2019 a janeiro/2020). A tendência é de preços sustentados em patamares elevados, diante dos problemas de implantação da 1ª safra 2019/2020 e das preocupações com a janela de plantio do milho 2ª safra, decorrente dos atrasos no plantio da soja em diversas regiões.
As demandas nacional e externa por milho seguem aquecidas, contexto que mantém suporte aos preços domésticos do cereal. Os valores já acumulam cinco semanas consecutivas de altas. Os compradores domésticos estão com estoques baixos. Assim, consumidores, cerealistas e cooperativas, na tentativa de incentivar os produtores a negociar o cereal, têm elevado o valor pago. No entanto, esses agentes se deparam com a forte restrição de vendedores, que estão atentos ao clima desfavorável, ao forte ritmo das exportações e às altas nos preços internacionais do milho. Nesse cenário, as negociações internas seguem lentas. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas – SP) registra alta de 4,5% nos últimos sete dias, cotado a R$ 42,15 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, a alta é de 2,5% no mercado de lotes (negociações entre empresas) e de 2,9% no mercado de balcão (valor pago ao produtor). Ao mercado externo, as negociações estão mais intensas, inclusive devido às recentes valorizações internacionais. Vale lembrar que, apesar disso, as cotações domésticas ainda estão mais atrativas.
No Porto de Paranaguá (PR), o milho apresenta valorização de 2% nos últimos sete dias, cotado a R$ 39,72 por saca de 60 Kg. O ritmo de embarques segue intenso neste mês. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), nos primeiros nove dias úteis de outubro, foram exportadas 2,8 milhões de toneladas de milho, o que já representa quase a metade de todo o volume de setembro. A média diária de embarques está em 314,4 mil toneladas, 1,5% acima da verificada no mês anterior. Agentes têm expectativas de que as exportações continuem expressivas até o final de outubro e em novembro. Na B3, os contratos também estão avançando. O contrato Novembro/2019 registra alta de 6,7% nos últimos sete dias, cotado a R$ 43,35 por saca de 60 Kg, e Março/2020 apresenta aumento de 5,7%, a R$ 43,99 por saca de 60 Kg. Na Bolsa de Chicago, os valores também estão em alta, influenciados por preocupações quanto ao clima, ao desenvolvimento das lavouras e ao ritmo lento da colheita nos Estados Unidos.
Os contratos Dezembro/2019 e Março/2020 registram valorização de 3,8%, cotados a US$ 3,94 por bushel e a US$ 4,06 por bushel, respectivamente. No campo brasileiro, os agentes seguem temerosos quanto à falta de chuvas. Nas Regiões Sul e Sudeste do País, onde prevalece o semeio, já se verifica atraso nas atividades de campo e no desenvolvimento. Na Região Centro-oeste, importante produtor de milho de 2ª safra, o atraso do plantio de soja pode diminuir a janela ideal para o semeio de milho em 2020. Certo alívio vem da previsão indicando chuvas para os próximos dias. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), o semeio atingiu 74% da área estimada no Paraná até o dia 14 de outubro, contra 85% no ano anterior. Do total semeado, 89% estão em boas condições, 10%, em médias e 1%, em ruins. Quanto às fases, 78% estão em desenvolvimento vegetativo e 22%, em germinação.
No Rio Grande do Sul, o semeio vem acontecendo de maneira satisfatória, apesar dos relatos de chuvas ainda insuficientes em algumas áreas. De acordo com a Emater-RS, até o dia 17 de outubro, 68% do cereal da safra 2019/2020 havia sido semeado. Do que está na lavoura, 100% estão em germinação/desenvolvimento vegetativo. No mesmo período do ano passado, o percentual de área cultivada era de 58%. Na Argentina, chuvas auxiliam os trabalhos de campo. Dados da Bolsa de Cereais de Buenos Aires divulgados no dia 17 de outubro indicam que 28,7% da área havia sido semeada, percentual que era de 24,2% na semana passada. Nos Estados Unidos, os produtores haviam colhido 22% da safra, percentual que era de 38% no mesmo período do ano passado. Com relação ao cereal que está na lavoura, 73% estão maduros, contra 96% no ano passado. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.