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06/Jan/2020

Tendência de preços firmes para o milho no Brasil

A tendência é de preços firmes para o milho no mercado brasileiro, com o fortalecimento dos futuros em Chicago, exportações brasileiras recordes em 2019, adversidades climáticas na 1ª safra 2019/2020 na Região Sul do País e cenário de suprimento apertado no primeiro semestre deste ano. Em Chicago, o contrato março/2020 voltou a se aproximar do patamar de US$ 4 por bushel. As exportações brasileiras de milho atingiram 43,482 milhões de toneladas no acumulado de 2019, 90% a mais que as 22,933 milhões de toneladas embarcadas em 2018. O volume anualizado é o maior já exportado pelo País. No Rio Grande do Sul, as altas temperaturas, aliadas ao baixo volume de chuvas, provocaram perdas no potencial produtivo das lavouras de milho de verão de várias regiões. O plantio de milho no Estado atingiu 95% da área prevista. As lavouras implantadas no fim de setembro estão com perdas elevadas. A temporada 2019/2020 deve iniciar com disponibilidade restrita, em um cenário de consumo doméstico crescente.

A nova safra de verão (1ª safra de 2020) deverá ficar em linha com a registrada em 2019, não conseguindo alterar de forma expressiva a disponibilidade interna neste primeiro semestre. Assim, há fatores de sustentação de preços no curto prazo, o que tende a estimular o plantio da cultura na 2ª safra e, consequentemente, a elevar a oferta no segundo semestre deste ano. Em termos globais, são esperadas reduções da produção, do consumo e dos estoques, o que reforça a perspectiva de sustentação de preços. O forte movimento de alta nos preços domésticos no último trimestre de 2019 estimulou produtores a aumentarem a área semeada com milho 1ª safra. A 1ª safra de milho 2019/2020 está estimada pela nossa Consultoria em 26,4 milhões de toneladas, 3% a mais que na temporada anterior. Mas esse número poderá ser menor, caso ocorram quebras na Região Sul do País. O consumo interno está estimado em 68,1 milhões de toneladas, quantidade 7% superior ao da temporada passada.

Esse cenário se deve às maiores procuras por parte do setor pecuário e de novas usinas produtoras de etanol de milho do Centro-Oeste. A soma da produção da 1ª safra ao estoque de passagem – estimado em 11,0 milhões de toneladas ao final de janeiro/2020 – resulta em suprimento de 37,4 milhões de toneladas para o primeiro semestre. Este volume é equivalente a 55% do consumo doméstico no ano. Como comparação, na temporada passada, o volume dos estoques iniciais somado à produção do milho 1ª safra respondeu por 65% do consumo interno. Ou seja, na atual safra, o consumo interno deverá absorver percentual maior da produção de milho 2ª safra. Para a 2ª safra de 2020, a estimativa da nossa Consultoria é de uma produção de 75,7 milhões de toneladas, caso as condições climáticas sejam favoráveis – mas boa parte da área será plantada fora da “janela” considera ideal, o que pode reduzir o potencial produtivo das lavouras. Caso essas estimativas se concretizem, a produção total de milho em 2020 deverá atingir 103,3 milhões de toneladas.

Em Mato Grosso, após os problemas enfrentados no início da temporada, a semeadura de soja ganhou ritmo, ficando acima da média dos últimos cinco anos. Apesar disso, a janela ideal de plantio de milho da 2ª safra ainda preocupa. A área plantada no estado deve crescer 2,3%. A disponibilidade interna brasileira para a próxima safra – referente à soma de estoques iniciais, importação e produção – pode superar 115 milhões de toneladas, quantidade 1% inferior à safra passada. Este é um quadro favorável aos vendedores, uma vez que o excedente interno, que se refere à diferença entre a disponibilidade interna e o consumo, seria de 47,2 milhões de toneladas, quantidade 11% inferior à da temporada passada. Este volume estará disponível para exportação. Por enquanto, a estimativa de exportações da nossa Consultoria é de 36 milhões de toneladas entre fevereiro/2020 e janeiro/2021 (ano safra 2019/2020).

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que a produção mundial seja de 1,108 bilhão de toneladas, redução de 1,4% em relação à temporada anterior. Essa diminuição é decorrente da menor produção nos Estados Unidos. O consumo global deve somar 1,127 bilhão de toneladas, queda de 1,7%. Quanto às transações internacionais, o USDA projeta aumento de 0,2%, para 172,3 milhões de toneladas. Com perspectivas de reduções na produção e no consumo, os estoques finais mundiais estão estimados em 300,5 milhões de toneladas. Quando analisada a relação estoque final/consumo para a safra 2019/2020, observa-se redução frente à temporada passada, para 26,6%, a menor desde a temporada 2013/2014, o que pode contribuir para a sustentação dos preços internacionais no médio prazo. O aumento na tributação de exportações agrícolas argentinas anunciado em meados de dezembro deve reduzir a competividade internacional do cereal do país vizinho e favorecer as exportações brasileiras nos próximos meses. Fontes: Cepea, Secex e Cogo Inteligência em Agronegócio.