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23/Mar/2020

Tendência é de alta do milho com ofertas restritas

A tendência é altista para os preços do milho no mercado brasileiro, com a forte escalada do dólar, para o patamar ao redor dos R$ 5,00, oferta restrita por parte dos produtores, demanda interna aquecida e preocupações com o resultado da 2ª safra de 2020. A restrição na oferta e o maior interesse comprador sustentam o movimento de alta nos preços do milho no mercado brasileiro. Em Campinas (SP), o Indicador ESALQ/BM&F subiu 1,2% nos últimos sete dias, para R$ 58,27 por saca de 60 Kg, mantendo os maiores patamares já registrados na série do Cepea. Já nas demais regiões, os atuais valores são os maiores nominais desde 2016. As altas nos preços também refletem as incertezas ligadas ao desenvolvimento da 2ª safra de 2020, à disponibilidade de milho nos próximos meses e ao cenário macroeconômico.

Ressalta-se, contudo, que a forte valorização do dólar frente ao Real eleva a competitividade internacional do cereal brasileiro e deve favorecer o movimento de alta nos preços nos próximos meses. Até o momento, os portos brasileiros seguem funcionando normalmente, sem restrições em relação às exportações de commodities. Contudo, agentes estão temerosos quantos aos possíveis efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre as transações internacionais, que podem impactar a cadeia produtiva como um todo. A liquidez está lenta nos mercados spot e futuro, mas os preços seguem firmes, devido ao dólar valorizado. No porto de Paranaguá (PR), as cotações subiram 0,3% nos últimos sete dias, para R$ 43,33 por saca de 60 Kg. No mercado a termo, compradores já indicam patamares superiores, a R$ 45,00 por saca de 60 Kg.

Na maior parte das regiões, os preços médios já são os maiores nominais desde 2016, como é o caso de Chapecó (SC), Dourados (MS), Ijuí (RS), Mogiana (SP) e Norte do Paraná. Considerando-se a média das regiões, os avanços nos últimos sete dias foram de 1,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,6% no de lotes (negociação entre empresas). A região consumidora de Campinas (SP) se destaca pelos aumentos nos preços – que superam os 9% na parcial deste mês. Na B3, os contratos futuros de milho apresentaram forte desvalorização, sobretudo o primeiro vencimento (Maio/2020). A pressão veio de incertezas quanto à oferta de milho nos próximos meses e ao cenário macroeconômico. Com isso, o contrato Maio recuou 5,5% na última semana, para R$ 49,50 por saca de 60 Kg. Já os vencimentos do segundo semestre são influenciados pela expectativa de maior disponibilidade. Os contratos Setembro/2020 e Novembro/2020 se desvalorizaram respectivos 1,6% e 2,4%, a R$ 44,52 por saca de 60 Kg e a R$ 46,00 por saca de 60 Kg.

Os produtores se concentram na finalização da colheita de soja e no plantio de milho 2ª safra, limitando o volume de mercadoria disponível para negociação. As chuvas retornaram na maior parte das regiões que estão no plantio da 2ª safra, favorecendo o desenvolvimento das lavouras, sobretudo as do Paraná e Mato Grosso do Sul. Assim, os trabalhos de campo seguem acelerados no Paraná. No sudoeste do estado, inclusive, o plantio já foi finalizado. 90% da área estadual já havia sido plantada, enquanto a colheita da safra de verão atingiu 67% da área. No Rio Grande do Sul, a colheita alcançou os 63% da área. Apesar do bom andamento da colheita, as dificuldades encontradas durante o desenvolvimento das lavouras reduziram o potencial produtivo, o que tem feito com que produtores limitem o volume disponível.

Na Argentina, os trabalhos de campo da safra 2019/2020 seguem avançando, apesar das chuvas. Segundo relatório da Bolsa de Cereais, 13,6% da área nacional já havia sido colhida até o dia 19. Os rendimentos até então reportados estão muito distintos dentre as regiões, com algumas, como Santa Fé, apresentando 7.700 quilos por hectare e nos núcleos Norte e Sul chegando a 10.000 quilos por hectare, sustentando a manutenção da estimativa de produção, de 50 milhões de toneladas. Nos Estados Unidos, os contratos futuros vêm sendo pressionados pelo enfraquecimento do petróleo e por preocupações com a pandemia do coronavírus. Na Bolsa de Chicago (CME Group), nos últimos sete dias, os vencimentos Maio/2020 e Julho/2020 tiveram significativas baixas de 5,5% e 4,8%. Na última semana, os contratos chegaram aos menores patamares desde o início das negociações. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.