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20/Abr/2020

Tendência de pressão baixista sobre preço do milho

A pressão baixista se acentua sobre os preços do milho no mercado brasileiro, com as fortes quedas acumuladas na Bolsa de Chicago, com a pressão negativa da queda do petróleo sobre a produção de etanol de milho nos Estados Unidos. O milho é pressionado pela forte queda do petróleo, que reduz a competitividade do etanol produzido nos EUA – o maior produtor global do biocombustível – que destina mais de 40% da produção interna para etanol, além da estimativa de aumento de 8,2% da área plantada nos EUA na safra 2020/2021. Além disso, a safra 2020/2021 dos EUA está estimada em um recorde de 392,7 milhões de toneladas, o que deverá elevar expressivamente os excedentes de exportação no segundo semestre de 2020. Se não ocorrerem quebras na 2ª safra de milho de 2020 no Brasil, haverá necessidade de escoar produto para exportação e a tendência é de que as cotações internas se ajustem à paridade de exportação, recuando para patamares bem inferiores aos atuais. Os preços do milho seguem em queda na maior parte das regiões.

A pressão vem de incertezas relacionadas à pandemia de coronavírus, o pode prejudicar a demanda interna por milho, especialmente por parte do setor pecuário, importante consumidor do cereal para produção de ração. Muitos compradores estão retraídos do mercado, mas os vendedores estão ativos. Nos últimos sete dias, as quedas mais expressivas nos valores são verificadas em São Paulo. Ressalta-se que os preços no Estado passam por ajustes após terem atingido recordes nominais em meados de março. Na região de Campinas. o Indicador ESALQ/BM&F registra recuo de 7,8% nos últimos sete dias, a R$ 52,02 por saca de 60 Kg. Na parcial do mês, o Indicador acumula queda de expressivos 13,5%. Apesar disso, a média da parcial deste mês, de R$ 56,28 por saca de 60 Kg, ainda supera em 55% a média de abril do ano passado, em termos nominais. Em Mato Grosso do Sul, na região de Dourados, a queda é de 5,5% nos últimos sete dias. Em Minas Gerais, na região do Triângulo Mineiro, a baixas é de 5,4%. No Rio Grande do Sul, a forte quebra na produção de milho da safra de verão (1ª safra 2019/2020) mantém os produtores cautelosos, limitando a oferta do cereal.

Neste contexto, as cotações nas regiões de Passo Fundo e Ijuí apresentam recuo de apenas 0,3% e 1,5% nos últimos sete dias. Na Região Nordeste, as quedas nos preços também foram menos expressivas, ainda em função da oferta restrita. Em Pernambuco, na região de Recife, importante consumidora, os valores apresentam leve queda de 0,1%. Nos últimos sete dias, os valores no mercado de balcão (recebidos pelo produtor) registram queda de 3,9% e, no mercado de lotes (negociação entre empresas), a queda é de 4,5%. Na parcial de abril, as baixas são de 6,2% e de 6,9%, respectivamente. Na B3, as quedas nos preços ocorrem em menor intensidade, ainda influenciadas pela perspectiva de maior oferta da 2ª safra de 2020 nos próximos meses e por incertezas quanto à demanda nos próximos meses. O vencimento Maio/2020 registra desvalorização de 2,6% nos últimos sete dias, a R$ 45,55 por saca de 60 Kg. Os contratos Setembro/2020 e Novembro/2020 apresentam queda de 1,5% e 1,3%, indo para R$ 42,15 por saca de 60 Kg e R$ 44,12 por saca de 60 Kg, respectivamente.

No campo, a maior incidência de chuvas na Região Centro-Sul nos últimos dias tem favorecido o desenvolvimento das lavouras que vinham sendo prejudicadas pela restrição hídrica. Na Região Sul do País, agentes seguem preocupados com a possibilidade de geadas. A colheita do milho da safra de verão (1ª safra 2019/2020) segue na etapa final. No Paraná, a colheita alcançou 95% da área total até o dia 13 de abril, leve avanço de 4% em relação à semana anterior. No Rio Grande do Sul, as chuvas observadas não dificultaram os trabalhos no campo, mas alguns produtores ainda priorizaram a colheita de soja. A colheita de milho chegou a 79% da área total estimada para o Estado, avanço de 3% em relação à última semana. Os produtores seguem indicando redução na produção total do Estado, devido ao desenvolvimento comprometido pela estiagem.

Na Argentina, o clima favoreceu a colheita e agentes avaliam que a produção deve se manter inferior à da temporada passada. Nos últimos sete dias, a colheita avançou 6,4%, chegando a 32,7%. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires mantém a previsão de 50 milhões de toneladas e a Bolsa de Rosário, de 49,8 milhões de toneladas. Os preços internacionais também registram queda, diante da menor demanda global e da possível retração no consumo nos Estados Unidos. A demanda por etanol tem caído no país norte-americano por conta da pandemia de coronavírus. Os produtores iniciaram o plantio nos Estados Unidos, que chegou a 3% do total da área estimada para esta safra, segundo relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Na Bolsa de Chicago, o contrato Maio/2020 registra desvalorização de 3,6% nos últimos sete dias, a US$ 3,19 por bushel. O contrato Julho/2020 está cotado a US$ 3,26 por bushel, queda de 3,1%. No parcial do mês, as desvalorizações são significativas, de 6,2% para Maio/2020 e de 5,7% para Julho/2020. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.