12/Mai/2020
Os preços remuneradores do milho e a incerteza econômica em meio à pandemia do novo coronavírus impulsionam a contratação de seguro agrícola para a 2ª safra de 2020. Capitalizado, o produtor investiu na lavoura, sem perder o foco nos riscos que a cultura suscetível aos meses de frio pode sofrer. Segundo a Sancor Seguros, a estimativa é de incremento de 10% nas vendas da modalidade que prevê reembolso por quebras na produtividade. Já foram contratados R$ 38 milhões em apólices com cobertura de 150 mil hectares. Na Tokio Marine, o montante referente ao milho 2ª safra de 2020 chega a R$ 80 milhões, R$ 60 milhões a mais que no ano passado. A Mapfre Seguros estima crescimento de 10% a 15% na contratação. No caso da BrasilSeg, empresa da BB Seguros, o crescimento de 75% a 80% no seguro rural foi puxado pelo milho 2ª safra de 2020, com 11.962 apólices e 1,8 milhão de hectares cobertos.
A Tokio Marine considera que perdas causadas pelo clima na 2ª safra de 2019 e na safra de verão (1ª safra 2019/2020) contribuíram para aumentar o interesse do produtor. Segundo a Mapfre, a percepção de risco do produtor também foi aguçada pela menor janela de plantio para o cereal, que o torna mais vulnerável às intempéries. Após a pandemia, o produtor quer proteger mais sua principal fonte de renda. Segundo a BrasilSeg, o produtor também está mais preocupado em maximizar a rentabilidade de suas lavouras. No primeiro ano de oferta para a 2ª safra, o seguro faturamento da empresa, que restitui perdas por quebras climáticas ou queda de preços, já alcançou 2.570 apólices vendidas, com cobertura de 360 mil hectares. A oscilação do preço das commodities e o câmbio volátil influenciam na procura do produtor por este tipo de seguro.
Segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), diante de relatos recorrentes sobre a maior procura de agricultores pela recuperação judicial, a entidade pede apoio à contratação de seguros. Faltam políticas de estímulo, o que reduziria a necessidade de recuperação judicial. Enquanto os produtores financiados por bancos oficiais adquirem cobertura, o mesmo não ocorre quando o crédito vem de tradings ou agroquímicas. A proposta é que nas operações de barter (troca de insumos por produto entregue na colheita) seja incluso valor extra que cubra o seguro. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) concorda com a importância de o produtor fazer seguro, mas lembra que a tarefa não cabe às tradings. O seguro é questão de mercado com seguradoras, produtores, e eventualmente com o governo, de ter um programa com subsídio mais amplo. As tradings nunca colocarão o seguro como condição para dar crédito.
A onda de produtores em recuperação judicial pode se refletir em juros mais altos cobrados pelas empresas. Com a Selic caindo, isso deveria reduzir o custo do crédito. Mas, se na carteira há produtores em recuperação, dilui esse risco para todo o resto. De qualquer modo, com a criação da Cédula Imobiliária Rural (CIR) aprovada na chamada Lei do Agro (13.986), documento referente à fração de terra dada como garantia na obtenção de crédito, os produtores deverão ter acesso a mais agentes financiadores (bancos e tradings) e a dinheiro mais barato. Até então, a única garantia imobiliária era a hipoteca de toda fazenda. Muitos bancos não aceitavam hipoteca já apresentada a outros credores e produtores pagavam caro para desmembrá-la a fim de obter recursos com mais agentes. A CIR deve estimular a concorrência e a queda de juros. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.