24/Ago/2020
A tendência é de alta dos preços do milho no mercado brasileiro, com o dólar subindo, exportações mais aquecidas em agosto, grande parte da 2ª safra comercializada antes da colheita e demanda interna firme para o setor de rações. O dólar voltou a subir e ultrapassou os R$ 5,60, também se aproximando do recorde nominal, verificado em maio deste ano. Os preços do milho seguem em acentuado movimento de alta no mercado interno. Esse cenário é verificado mesmo com a colheita avançada da 2ª safra de 2020 e com estimativas apontando produção recorde. O impulso vem da retração de vendedores, que limitam a disponibilidade do cereal no spot brasileiro, da demanda interna firme e das exportações em ritmo aquecido. No acumulado da parcial de agosto, o Indicador ESALQ/BM&F (Campinas-SP) registra alta de 16,2%, cotado a R$ 59,60 por saca de 60 Kg. A média deste mês está em R$ 54,66 por saca de 60 Kg, a maior, em termos reais, desde março de 2020, quando esteve em R$ 60,36 por saca de 60 Kg, o recorde real do Cepea, de R$ 73,20 por saca de 60 Kg, foi verificado em dezembro de 2007 (os valores mensais foram deflacionados pelo IGP-DI julho/2020).
Nos últimos sete dias, o Indicador apresenta alta de 7,1%. Na região de Mogiana (SP), o aumento nos preços é de 3,5%, e em Chapadão do Sul (MS), de 4,4%. No mesmo período, na região de Sorriso (MT), o valor do milho acumula avanço de 6,5%. No Paraná, os aumentos são de 3,6% na região norte e de 5,9% na região oeste. Neste caso, chuvas ao longo da semana passada dificultaram a colheita e limitaram ainda mais a oferta no Estado. Nos últimos sete dias, os aumentos são de 4,1% no mercado balcão (ao produtor) e de 5,1% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Na B3, o contrato Setembro/2020 registra valorização de 4,5% e o Novembro/2020, 4,8%, indo para R$ 60,47 por saca de 60 Kg e R$ 59,86 por saca de 60 Kg, respectivamente. Na parcial deste mês, os aumentos são expressivos, de 18,6% e de 15,2%. O bom ritmo das exportações de milho tem limitado ainda mais as negociações no mercado doméstico. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), os embarques brasileiros na parcial de agosto (até o dia 14) somam 3,5 milhões de toneladas, representando 84% do total registrado em julho.
A média diária de embarques está em 350,6 mil toneladas, ritmo que, se for mantido até o final do mês, pode resultar em exportação de 7,36 milhões de toneladas. Esse desempenho das vendas externas se deve ao bom volume comercializado antecipadamente. Os atuais patamares também têm atraído parte dos vendedores. O preço médio do milho no Porto de Paranaguá (PR) é de R$ 56,12 por saca de 60 Kg e, no Porto de Santos (SP), R$ 58,40 por saca de 60 Kg, altas de 3,6% e 5,1%, respectivamente, nos últimos sete dias. No campo, a colheita foi praticamente finalizada em Mato Grosso, superando a média das últimas cinco safras, de acordo com dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Os produtores sinalizam que devem armazenar o milho, à espera de preços ainda maiores. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), até o dia 17 de agosto, a colheita no Paraná havia alcançado 63% da área estimada, avanço semanal de 12%.
Em Mato Grosso do Sul, a Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul) mostra que chuvas vêm dificultando os trabalhos, que podem ser estendidos até meados de setembro. Até o momento, a colheita alcançou 38,3% da área estadual, avanço de 17% na semana passada, mas ainda 54,5% menor que a temporada 2018/2019. No Rio Grande do Sul, produtores já iniciaram os primeiros plantios da safra verão (1ª safra 2020/2021). Segundo a Emater-RS, os trabalhos estão mais adiantados nas regiões de Frederico Westphalen, Santa Maria, Bagé e Porto Alegre. Em Santa Rosa e Ijuí, as chuvas da semana passada dificultaram o avanço na área plantada. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), as condições das lavouras de milho norte-americanas registraram leve piora. Segundo relatório divulgado no dia 17 de agosto, as áreas consideradas boas ou excelentes correspondiam a 69% até o dia 16 de agosto, queda de 2% frente à semana anterior, mas ainda 13% acima do registrado no mesmo período de 2019.
Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros de milho estão em alta, influenciados por preocupações com o impacto da passagem de uma tempestade nas lavouras de Iowa. Porém, as perspectivas de produção elevada em outros estados amenizaram as altas. Nos últimos sete dias, o vencimento Setembro/2020 registra recuo de 0,23%, cotado a US$ 3,24 por bushel. Já para Dezembro/2020 e Março/2021, os aumentos são de 0,15% e de 0,71%, a US$ 3,39 por bushel e a US$ 3,52 por bushel, respectivamente. Na Argentina, os produtores devem começar a semeadura da temporada 2020/2021 em algumas províncias, como Santa Fé e Entre Rios. Por enquanto, muitos pretendem manter a área, incentivados pelos atuais valores do cereal. Até o momento, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires indica que a área destinada à safra de verão deve ser de 6,2 milhões de hectares, queda de 1,3% frente ao ano anterior, mas 13% acima da média das últimas cinco temporadas. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.