21/Set/2020
A tendência é de estabilidade com viés baixista para os preços do milho no mercado brasileiro, com os compradores retraídos, o ritmo de exportações ainda inferior ao do ano passado, a queda do dólar e parte da oferta da 2ª safra ainda não negociada. Os preços do milho estão em queda em diversas regiões, influenciados pelo menor interesse de compradores, que indicam ter estoques para o curto prazo. O Indicador do milho ESALQ/BM&F (Campinas/SP) está cotado a R$ 58,48 por saca de 60 Kg, com baixa de 4,5% no acumulado de setembro, mas ainda com ganho de 59,1% nos últimos 12 meses. No Porto de Santos (SP), o milho é negociado a R$ 59,65 por saca de 60 Kg, alta de 4,4% nos últimos sete dias. No Porto de Paranaguá (PR), a elevação no preço foi de expressivos 6,5%, com o milho comercializado a R$ 59,32 por saca de 60 Kg. Será necessária uma convergência dos preços internos com a paridade de exportação nos próximos meses para alinhar os preços no interior com as cotações FAS portos brasileiros – caso contrário, os excedentes não escoados para exportação poderão pressionar os preços internos.
No ano comercial 2019/2020 (fevereiro a setembro/2020), as exportações brasileiras de milho devem atingir 21,6 milhões de toneladas, considerando uma projeção de embarques de 10 milhões de toneladas neste mês de setembro. Caso confirmado o volume projetado para setembro, para atingir a projeção de embarques de 34,5 milhões de toneladas no ano comercial 2019/2020 (fevereiro/2020 a janeiro/2021), serão necessárias exportações de mais 12,8 milhões de toneladas entre outubro/2020 e janeiro/2021, com média mensal de 3,2 milhões de toneladas, o que é factível. A revisão para baixa da safra 2020/2021 dos Estados Unidos, afetada por um período seco e tempestades no Meio Oeste do país e os elevados volumes de milho exportados pelos EUA para a China estão dando sustentação às cotações futuras em Chicago, o que poderá dar sustentação aos preços internos no médio e no longo prazos. Os compradores de milho estão afastados do mercado, à espera de quedas nos preços do cereal, fundamentados no avanço da colheita da 2ª safra de 2020, apenas alguns agentes aproveitam movimentos de baixa para repor estoques. Os produtores, por sua vez, limitam o volume ofertado no spot, com as atenções voltadas ao clima, ao maior ritmo das exportações e à entrega de lotes comercializados antecipadamente.
Além disso, os vendedores acreditam que parte dos demandantes volte ao mercado em breve, devido à finalização de estoques. Nesse contexto, o fechamento de novos negócios tem sido pontual e envolvendo pequenas quantidades. Quanto aos preços, apresentam movimentos distintos dentre as regiões. Na Região Centro-Oeste, sobretudo em Mato Grosso, o baixo excedente mantém firmes os valores do milho. Na Região Sudeste, a colheita avança e os produtores têm interesse em entregar a mercadoria na cooperativa, o que enfraquece as cotações em alguns dias. Na Região Sul, no Paraná, os preços estão em alta, tendo em vista que os produtores se concentram nos trabalhos de campo, se mantendo afastados dos negócios. No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, os valores sobem, diante do baixo excedente. Nos últimos sete dias, os preços no spot do mercado de balcão (ao produtor) registram avanço de 2,4%. No mercado de lotes (negociação entre empresas), a alta é menor, de 1,2%.
Na B3, os contratos de milho estão em alta. Nos últimos sete dias, os vencimentos Novembro/2020 e Janeiro/2021 registram avanço de 0,9% e 1,9%, respectivamente, indo para R$ 59,25 por saca de 60 Kg e R$ 59,97 por saca de 60 Kg, respectivamente. Os contratos Março/2021 e Maio/2021 registram aumentos de 2,9% e de 3,5%, a R$ 60,20 por saca de 60 Kg e R$ 56,95 por saca de 60 Kg, nesta ordem. Os produtores estão atentos ao clima seco, que impede um avanço mais expressivo na semeadura das safras de verão (1ª safra 2020/2021). A expectativa é de que a previsão de chuva para este final de semana se confirme e que as condições do solo melhorem. No Paraná, 24% da área total estimada para esta temporada foi semeada, avanço semanal de 8%. No Rio Grande do Sul, os trabalhos de campo voltaram se intensificar, após os danos observados por geadas. Em Santa Catarina, o plantio segue em ritmo mais acelerado, beneficiado por chuvas. Quanto à colheita da 2ª safra de 2020, a maioria das regiões já está na reta final. Restam apenas 6% da área para ser colhida no Paraná. Em Mato Grosso do Sul, a colheita atingiu 92,3% da área total, podendo ser finalizada nos próximos dias caso o clima favoreça.
Nos Estados Unidos, os valores estão em alta, devido à piora na qualidade das lavouras, que reduziu a previsão da safra e a vendas aquecidas nos últimos dias. A alta, no entanto, é limitada pelo início da colheita. Na Bolsa de Chicago, o contrato Dezembro/2020 registra valorização de 2,8% nos últimos sete dias, a US$ 3,75 por bushel. Março/2021 apresenta avanço de 2,4% no período, a US$ 3,84 por bushel. Relatório semanal do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgado no dia 14 de setembro, mostra que as lavouras norte-americanas seguem apresentando queda nas boas condições, com 14% em excelentes, 46%, em boas, 25%, em médias, 10%, ruins e 5%, muito ruins. A colheita chega a 5% do total, mesmo percentual da temporada anterior. No dia 11 de setembro, o USDA apontou que a tempestade de vento que atingiu as lavouras de Iowa e o clima seco no Meio Oeste resultaram em queda na produção norte-americana. Assim, a produção norte-americana deve atingir 378,46 milhões de toneladas na safra 2020/2021, queda de 2,5% em relação ao estimado em agosto. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.