28/Set/2020
A tendência é de alta dos preços do milho no mercado brasileiro, com maior movimentação para exportações, aumento do valor de paridade de exportação nos portos, grande parte da 2ª safra negociada antecipadamente, dólar voltando a subir e demanda interna mais aquecida. Os preços do milho voltaram a subir na maior parte das regiões do Brasil. As elevações estão atreladas, especialmente, à maior demanda nos portos. Além disso, os compradores no interior do País também estão mais ativos, ao passo que os vendedores seguem firmes nos preços, na perspectiva de continuidade das altas. Assim, o Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) registra alta de 4,8% nos últimos sete dias, voltando a atingir recorde nominal da série iniciada em 2004, cotado a R$ 61,28 por saca de 60 Kg. O maior valor real, ou seja, considerando-se os efeitos da inflação, foi verificado em dezembro de 2007, quando a média daquele mês foi de R$ 76,11 por saca de 60 Kg (valores deflacionados pelo IGP-DI de agosto/2020).
Nos últimos sete dias, as altas foram de 4,1% no mercado de balcão (recebido pelo produtor) e de 3,7% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Mesmo com as valorizações, o número de negócios efetivos está baixo. A colheita está na reta final em algumas regiões de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná, mas produtores têm optado por armazenar o milho. Em Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, o volume disponível no spot é limitado. Na Região Nordeste, os compradores sinalizam que aguardam o início da colheita de algumas áreas. Nos portos, apesar do enfraquecimento dos valores externos, a demanda de exportadores esteve aquecida, influenciada pela valorização de 5,3% do dólar frente ao Real. No Porto de Paranaguá (PR), os preços do milho apresentam alta de 4,7% nos últimos sete dias, indo para R$ 62,13 por saca de 60 Kg. No Porto de Santos (SP), o avanço é de expressivos 6,1% no período, a R$ 63,26 por saca de 60 Kg. Na parcial de setembro, os aumentos nestes dois portos são de respectivos 4,8% e 7,2%.
Para os próximos meses, os compradores seguem interessados em novas negociações e os preços estão firmes. Os registros de line up seguem apontando manutenção no ritmo de embarques. Até a terceira semana de setembro, já foram embarcadas 4,55 milhões de toneladas de milho. A média diária está em 350 mil toneladas. Caso esse ritmo seja mantido até o encerramento do mês, as vendas externas podem ficar acima de 7 milhões de toneladas. Caso esse volume seja alcançado, as exportações acumuladas no ano-safra 2019/2020 (fevereiro a setembro) atingirão 18,6 milhões de toneladas. Para atingir a nossa estimativa de exportações de 34,5 milhões de toneladas nesta safra, deverão ser embarcadas mais 15,9 milhões de toneladas, o que resultaria em uma média mensal de cerca de 4 milhões de toneladas entre outubro/2020 a janeiro/2021, o que é perfeitamente possível de ser efetivado. Na B3, os contratos futuros estão em alta. Nos últimos sete dias, o vencimento Novembro/2020 registra valorização de 5,8%, a R$ 62,66 por saca de 60 Kg. O contrato Janeiro/2021 apresenta avanço de 4,7%, a R$ 62,76 por saca de 60 Kg, e o Março/2021, alta de 3,6%, a R$ 62,37 por saca de 60 Kg.
No Paraná, 98% da área da 2ª safra de 2020 havia sido colhida até o dia 21 de setembro. Em Mato Grosso do Sul, 97,3% da área havia sido colhida até o dia 18 de setembro. Enquanto isso, para a safra de verão (1ª safra 2020/2021), os produtores se preocupam com o clima seco. Apesar das chuvas registradas na semana anterior, ainda serão necessários maiores volumes para seguir com o plantio e para o desenvolvimento das plantas. 34% da área estimada para o Paraná foi semeada, avanço de 10% ante a semana anterior. No Rio Grande do Sul, a semeadura apresenta diferentes estágios. Enquanto em Erechim 70% da área estimada foi semeada, em Ijuí e Santa Rosa, as atividades ocorrem apenas em regiões onde as condições do solo estão melhores. Nos Estados Unidos, com a colheita avançando, os preços externos estão pressionados.
Na Bolsa de Chicago, o contrato Dezembro/2020 registra recuo de 3,1% nos últimos sete dias, passando para US$ 3,63 por bushel. O vencimento Março/2021 acumula desvalorização de 3,1% no mesmo comparativo, indo para US$ 3,72 por bushel. De acordo com o relatório semanal do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgado no dia 21 de setembro, 61% das lavouras de milho estavam em condições entre boas e excelentes até o dia 20 de setembro, contra 60% até o dia 13 de setembro. Além disso, 59% da safra está em maturação, diante de 26% no mesmo período no ano passado. A colheita totalizou 8% da área total, avanço semanal de 3% e anual de 2%. Na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires apontou que 11% da área prevista para o milho para a safra 2020/2021, de 6,3 milhões de toneladas, havia sido cultivada até o dia 24 de setembro (atraso de 5% em relação à temporada passada). Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.