08/Mar/2021
A tendência é de alta dos preços do milho no mercado brasileiro, com as cotações futuras na Bolsa de Chicago sustentadas ao redor dos US$ 5,50 por bushel, dólar em forte alta no Brasil, atraso expressivo na implantação da 2ª safra de 2021 no Brasil, com incertezas sobre a produção que será obtida. No atacado em São Paulo, o preço do milho acumula uma alta de 6,2% desde o início de fevereiro e já se aproxima do patamar de R$ 90 por saca de 60 Kg. O dólar fechou na máxima em quatro meses ante o Real na sexta-feira (05/03), aproximando-se de R$ 5,70 e engatando a terceira semana consecutiva de valorização, com investidores replicando os ganhos da moeda norte-americana no exterior e ainda no aguardo das próximas votações da PEC Emergencial. O dólar à vista subiu 0,40%, para R$ 5,6841, depois de atingir até R$ 5,72. O patamar atual é o mais alto desde 3 de novembro do ano passado. Na semana, a cotação apreciou 1,45%. Em três semanas seguidas de alta, o dólar se fortaleceu 5,77%.
Os preços do milho continuam em alta no mercado brasileiro. O impulso vem da combinação da posição firme dos vendedores, diante das preocupações com o atraso da semeadura da 2ª safra de 2021 frente à temporada anterior, com as constantes elevações dos fretes, visto que há escassez de caminhões para o escoamento da safra verão (1ª safra 2020/2021) e das entregas do cereal. Apesar da elevação nos preços, as negociações continuam em ritmo lento. As maiores dificuldades de abastecimento têm sido observadas nas regiões consumidoras de São Paulo, o que impulsiona as cotações. Em Campinas/SP, o Indicador ESALQ/BM&F segue registrando recordes nominais consecutivos, cotado a R$ 89,07 por saca de 60 Kg, alta de 3,5% nos últimos sete dias. Esse valor está bem próximo do recorde real da série histórica, de R$ 89,90 por saca de 60 Kg, registrado em novembro de 2007. Devido à dificuldade enfrentada pelos consumidores, alguns têm optado pelo grão que está mais próximo, levando-os a aceitar os patamares mais elevados.
Nos últimos sete dias, os preços no mercado de balcão (valor pago ao produtor) registram alta de 0,9%. No mercado de lotes (negociação entre empresas), os preços apresentam avanço de 1,5% no mesmo período. Com as altas, o preço no mercado disponível chega aos maiores valores históricos, em termos nominais, em regiões como norte e oeste do Paraná e Sorocabana (SP). Em boa parte das demais regiões brasileiras, os valores também estão próximos dos recordes. Nesse cenário, os produtores têm preferido estocar a mercadoria colhida da safra de verão (1ª safra 2020/2021), além do restante da safra 2019/2020. Muitos ainda apostam que as cotações não devem recuar de forma expressiva no curto e médio prazos. Na B3, os vencimentos negociados a partir de maio deste ano também apresentam recorde. Os contratos Maio/2021 e Julho/2021 estão cotados a R$ 93,44 por saca de 60 Kg e a R$ 88,89 por saca de 60 Kg, 4, altas de 5,9% e de 6%, respectivamente. O primeiro vencimento (Março/2021) tem alta de 0,1% no mesmo período, a R$ 89,00 por saca de 60 Kg.
As exportações e o desenvolvimento da 2ª safra de 2021 devem ser decisivos para as cotações no segundo semestre. Por enquanto, os contratos a termo para embarques do produto na segunda metade do ano seguem elevados. As intenções de fechamento de contratos para exportação de milho em setembro de 2021 estão em altos patamares, com os valores subindo mês a mês desde janeiro. De janeiro até este início de março, os contratos a termo para embarque em agosto no Porto de Paranaguá (PR) subiram 8,6%, e para embarque em setembro, 10,2%, com médias de R$ 76,31 por saca de 60 Kg e de R$ 75,96 por saca de 60 Kg, respectivamente, na parcial de março. Esses valores estão muito próximos dos preços à vista observados neste início de março. A média da primeira semana de março no Porto de Paranaguá (PR) foi de R$ 77,56 por saca de 60 Kg. Esse cenário reflete a expectativa da demanda internacional pelo cereal brasileiro, que pode resultar em excedente menor que o sinalizado até o momento.
Em fevereiro, as exportações de milho surpreenderam e atingiram 822,9 mil toneladas, 142% acima do total registrado no mesmo mês do ano passado. Os principais Estados produtores têm tido dificuldades com a colheita em decorrência do volume elevado de chuvas. Esse cenário, por sua vez, deixa boa parte dos produtores preocupada com a semeadura da 2ª safra de 2021. Em Mato Grosso, o cultivo da 2ª safra de 2021 havia alcançado 54,6% da área até 26 de fevereiro, avanço semanal de expressivos 18,7%. As chuvas têm limitado a implantação do grão dentro da janela ideal, levando os produtores a reduzirem as intenções de vendas. A área em Mato Grosso deve ser de 5,687 milhões de hectares. Em Mato Grosso do Sul, as chuvas também dificultaram os trabalhos de campo, e o produtor deve seguir atento para não fugir muito da janela ideal da semeadura, que vai até 10 de março no Estado.
Em Mato Grosso do Sul, até o dia 26 de fevereiro, o cultivo havia alcançado 19,4% da área estadual, 19,9% abaixo do verificado na temporada passada. O cenário é distinto dentre as regiões no Paraná. De forma geral, o clima tem auxiliado na colheita da safra de verão (1ª safra 2020/2021), que atingiu 46% do total no Estado, e na semeadura da 2ª safra de 2021. No entanto, na região sudoeste do Estado, as temperaturas mais elevadas e as chuvas irregulares preocupam os produtores. O avanço do plantio da 2ª safra de 2021 foi expressivo, de 17% em relação à semana anterior, alcançando 28% da área prevista. No Rio Grande do Sul, a colheita havia alcançado 55% da área até o dia 4 de março, com produtividade irregular, variando de 10 a 15 sacas de 60 Kg por hectare, em média. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.