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01/Abr/2021

Etanol de milho: baixa oferta deve sustentar preço

O cenário é incerto para os produtores brasileiros de etanol de milho nos próximos meses. Se por um lado o atraso na safra de cana-de-açúcar e o alto volume de açúcar vendido antecipadamente indicam que a oferta do biocombustível será limitada, sustentando os preços em plena safra, o aumento nas medidas restritivas para conter a transmissão do novo coronavírus nas últimas semanas indicaria uma retração na demanda por combustíveis. Segundo o Rabobank, no ano passado, exatamente quando a safra de cana-de-açúcar começou (em abril), a demanda desapareceu. Isso pode ser repetir este ano. Mas, não é possível saber qual será a reação da população e até que ponto a mobilidade vai ser reduzida ou por quanto tempo isso vai durar. A ALD Bioenergia Deciolândia S/A avalia que a demanda merece atenção. Do ponto de vista de oferta, a cana-de-açúcar só deve chegar de meados de abril em diante, dependendo das condições climáticas.

Mas, também é necessário ponderar a demanda, com lockdowns e antecipação de feriados. Por conta dessa questão, o mercado de distribuição está bem cauteloso nas compras. Isso pode influenciar os preços. A União Nacional do Etanol de Milho (Unem) acredita que o ano pode ser positivo, apesar das dificuldades, e que deve ser possível aumentar a produção mesmo num cenário de medidas restritivas que podem manter as pessoas em casa. Em 2020, mesmo com a Covid-19, o setor cresceu 60% em função de novas usinas que entraram em operação. Este ano, duas empresas ampliando a capacidade, então o crescimento deve ficar entre 650 milhões e 750 milhões de litros ante 2020. Após alcançar preços recordes nas últimas semanas, o etanol vem recuando, mas com cotações ainda firmes. O álcool está acima da paridade com a gasolina em todos os Estados e no Distrito Federal, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Na semana passada, o biocombustível se desvalorizou 2,8% na comparação com a semana anterior, mas ainda acumula avanço de 20,40% ante o mesmo mês de fevereiro de 2020. Os preços chegaram a patamares recordes por causa da entressafra de cana-de-açúcar e do aumento no preço do petróleo, que impulsionou também a gasolina, mas recuaram tanto pelo recuo recente do petróleo quanto pelo agravamento da pandemia. A oferta parece continuar restrita. A Archer Consulting estima que 85,75% do açúcar destinado à exportação para a safra 2021/2022 já estava fixado em 28 de fevereiro, volume muito acima da média. Usinas fizeram vendas antecipadas para aproveitar os preços recordes que o açúcar alcançou em Reais nos últimos meses.

Esse alto volume de fixações de preço indica que a parcela de cana disponível para produção de etanol, pelo menos no início da safra, deve ser reduzida, já que a maior parte vai para a produção de açúcar. Além disso, o tempo seco durante a entressafra deve atrasar o início da moagem de cana-de-açúcar no Centro-Sul brasileiro. A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) estima que no fim da primeira quinzena de abril, a primeira da safra 2021/2022, 169 usinas estarão operando na região, ante 180 unidades no mesmo período de 2020. Isso reduz ainda mais a disponibilidade de cana nas próximas semanas e, consequentemente, a oferta de etanol. A escassez da cana-de-açúcar, embora benéfica para usinas de etanol de milho, pode ser parcialmente neutralizada pelo alto preço do cereal. Em um ano, o indicador Esalq do milho avançou quase 60%, elevando os custos para produção do biocombustível produzido a partir do grão.

Mas, isso pode não ser sustentável, mesmo com etanol a R$ 3,50 por litro na usina e o milho entre R$ 85,00 e R$ 86,00 por saca de 60 Kg. A expectativa é de que o preço do milho tenha um momento de inflexão. Houve, de uma safra para outra, uma majoração nunca antes vista no mercado. O Rabobank relativiza o peso da cotação do cereal, pois a aquisição por parte dessas empresas costuma ter muitos meses de antecedência. Eles têm esse aspecto no etanol de milho, que não existe na cana-de-açúcar, de comprar matéria-prima e estocar por meses. Então, o custo seria um preço ponderado que representa a cotação ao longo de vários meses. Além disso, as usinas têm, além do etanol, uma receita com grãos secos de destilaria (DDG), ingrediente vendido para uso em ração animal. O preço do DDG tem acompanhado a alta do milho e soja. Então, à medida que o preço do milho está subindo, o preço de um componente da receita sobe no mesmo ritmo. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.