07/Jun/2021
A tendência é baixista para os preços do milho no mercado doméstico, com as altas dos futuros em Chicago sendo anuladas pelo forte recuo do dólar. O dólar se aproxima do patamar de R$ 5,00. O dólar à vista caiu 0,93% na sexta-feira (04/06), para R$ 5,037, engatando o terceiro pregão de firme queda, para o menor patamar desde 10 de junho de 2020, com o câmbio repercutindo um rali global de ativos de risco que intensifica nos negócios o efeito do otimismo em curso sobre o Brasil. Os futuros de milho fecharam em alta de mais de 3% na sexta-feira (04/06) na Bolsa de Chicago, refletindo o clima desfavorável em áreas de cultivo dos Estados Unidos. Condições atipicamente secas estão sendo relatadas em Minnesota e Iowa, o que está atraindo mais atenção do mercado. Iowa é o principal Estado produtor de milho nos Estados Unidos. Embora haja muito tempo para as chuvas se desenvolverem e promoverem rendimentos normais, quanto mais tempo demorarem para se materializar, mais prêmio de risco será adicionado aos futuros.
O vencimento julho do grão avançou 20,75 cents (3,13%) e fechou a US$ 6,82 por bushel. Os valores do milho apresentam comportamentos distintos dentre as regiões, influenciados pelas condições de oferta e demanda regionais. Na maior parte das localidades das Regiões Sul e Sudeste, os preços registram altas nos últimos dias, tendo em vista que os produtores estão limitando a oferta de novos lotes, diante de preocupações com a produtividade das lavouras. Nos últimos sete dias, as maiores altas, de 7,0% e de 5,3%, são observadas em Araxá (MG) e Mogiana (SP), onde o milho é comercializado, respectivamente, a R$ 86,57 e a R$ 92,64 por saca de 60 Kg. Em certas regiões de São Paulo, do Rio Grande do Sul, de Goiás, de Mato Grosso do Sul e em praticamente todas de Mato Grosso, os valores do milho estão sendo pressionados pelo crescimento pontual na oferta.
Assim, nos últimos sete dias, as desvalorizações do milho são de 9,3% na região de Rondonópolis (MT), a R$ 78,56 por saca de 60 Kg, e de 4,6% em Primavera do Leste (MT), a R$ 76,00 por saca de 60 Kg. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) está cotado a R$ 98,63 por saca de 60 Kg, queda de 0,6% nos últimos sete dias. No mês passado, contudo, houve leve avanço de 0,3%. Nos últimos sete dias, há uma queda de 1,0% no mercado de lotes (negociação entre empresas). No acumulado de maio, foram verificadas baixas de 8,2% no mercado de balcão e de 3,1% no mercado de lotes. Quanto aos contratos a termo, consumidores da Região Centro-Oeste indicam ter lotes de milho para receber na última semana de junho, mas os vendedores, especialmente os de Mato Grosso do Sul e de Goiás, estão com receio de não conseguir entregar lotes do cereal. Esse cenário eleva a disparidade entre os preços dos contratos a termo, que chega a passar de R$ 5,00 por saca de 60 Kg em alguns casos.
Na B3, os vencimentos de curto prazo estão se valorizando, influenciados pelas altas em algumas regiões nacionais e pelos preços externos. O contrato Julho/2021 registra avanço de 1,5% nos últimos sete dias, a R$ 95,42 por saca de 60 Kg, e o contrato Setembro/2021 apresenta alta de 2,7% no mesmo período, a R$ 97,03 por saca de 60 Kg. Na região dos portos, as negociações estão lentas, devido aos altos preços domésticos. Em maio, as exportações brasileiras de milho somaram apenas 13,9 mil toneladas, o que corresponde por 10,6% do volume exportado em abril e 44% abaixo das vendas externas de maio de 2020. As importações somaram 62,3 mil toneladas, bem acima das 8,9 mil toneladas adquiridas em maio de 2020. No Paraná, a colheita do milho 2ª safra de 2021 foi iniciada pontualmente. Até o dia 31 de maio, 1% das lavouras haviam sido colhidas, sendo que 44% das lavouras de milho 2ª safra de 2021 estavam em fase de floração, 41%, em frutificação e 8%, em desenvolvimento vegetativo.
As condições das lavouras do Paraná seguem refletindo o período de estiagem, com apenas 22% em boas condições, 46%, em médias e 32%, em ruins. O Deral/PR reajustou negativamente a estimava de produção do milho 2ª safra de 2021, em decorrência dos impactos negativos do clima sobre as lavouras, para 10,3 milhões de toneladas, queda de 13% frente à safra anterior. A produtividade deve ser 20% menor. Em Mato Grosso do Sul, apesar de a semeadura de 44% das lavouras ter ocorrido fora da janela ideal, o aumento de 5,7% da área pode resultar em produção de 9 milhões de toneladas, aumento de 4% em relação à temporada 2019/2020. Na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires aponta que 31% da área foi colhida. A produtividade média está em 8,5 toneladas por hectares, o que ainda permite estimar produção de 46 milhões de toneladas, 5,5 milhões de toneladas a menos que a temporada 2019/2020. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.