21/Jun/2021
Com o aval dado pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para a importação de milho dos Estados Unidos, empresas do Brasil que aguardavam a liberação já trabalham para começar a trazer o grão. A Resolução Normativa nº 32, que autoriza a importação, foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) do dia 17 de junho. O documento do órgão altera regras sobre cultivares transgênicas e torna viável, entre outros pontos, a compra do cereal norte-americano. A mudança valerá a partir de 1º de julho. Importadores relatam tratativas adiantadas para a contratação de ao menos três navios, com cerca de 65 mil toneladas cada. Eles devem chegar ao País, provavelmente por Santa Catarina, a partir da segunda quinzena do próximo mês.
Segundo o Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados de Santa Catarina (Sindicarne/SC), há potencial de contratação de outros sete navios. A liberação é fundamental e faz parte de estratégia para o setor sob a ótica de custo e disponibilidade de grãos para que seja possível continuar oferecendo proteína sem que isso seja um elemento adicional de aumento da inflação. Os esforços para a liberação exigiram reuniões em diferentes instâncias do governo federal. Embora a importação do milho dos Estados Unidos seja vista como uma alternativa pontual, a liberação é estratégica. O setor ganha poder de barganha para negociar o cereal, principal insumo da ração animal, em um ano em que seus preços atingiram patamares recorde. Em suínos, aves e ovos, o milho e a soja representam 70% dos custos de produção.
Com a alta do milho, o grão norte-americano chega ao Brasil com preços mais competitivos que os do grão disponível no mercado interno, especialmente em Santa Catarina. Assim, a expectativa é de que o equilíbrio será retomado em breve. A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) avaliou como positiva a resolução do CTNBio. Com a redução do desequilíbrio que existia entre a fácil exportação de grãos brasileiros e a difícil importação, além da viabilização técnica da importação proveniente de grandes produtores de grãos, como é o caso dos Estados Unidos (aliada à isenção da TEC de importação desses insumos), espera-se que a especulação que causou aumentos injustificados no Brasil (com impacto na inflação dos alimentos) arrefeça gradativamente.
O Itaú BBA reforçou que a abertura total para a importação de milho dos Estados Unidos deve ter impacto limitado sobre os preços, mas poderá ajudar a diminuir a preocupação com a falta do produto. Os preços de paridade elevados ainda dificultam a compra do cereal norte-americano. O Brasil importou 820 mil toneladas de milho entre janeiro e maio deste ano. As compras ajudaram a indústria de proteína animal a minimizar os impactos do aumento dos preços do grão no mercado interno, mas não eliminam os efeitos da alta sobre os custos da cadeia. A decisão do CTNBio pode ajudar caso haja quebra de produção na Argentina, de onde os brasileiros já compram o cereal, que sofreu com o clima. Todas essas movimentações no mercado de milho não vão pressionar os preços para patamares vistos antes da pandemia. Fonte: Valor Online. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.