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15/Jul/2021

Compradores do PR buscam milho em outras UFs

O início lento da colheita da 2ª safra de 2021 de milho e a perspectiva de quebra devido à estiagem e às geadas fazem com que consumidores do Paraná, grande produtor do cereal e de proteína animal, setor dependente da ração, já recorra ao cereal de Estados vizinhos e avalie novas importações. O Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral/Seab) relatou 3% da 2ª safra de 2021 colhida, mesmo percentual de uma semana atrás. Até agora, foram colhidas apenas as lavouras precoces da região sul do Estado. Vai começar a ter volume no fim do mês, se houver condições de clima. Volume maior de colheita nas regiões oeste e norte ocorre em agosto e setembro. Com o atraso de 15 a 20 dias no plantio no Paraná este ano, provavelmente a colheita estará mais concentrada em agosto, em vez de ficar distribuída entre julho e outubro. Ainda não há estimativa das perdas causadas por geadas no Estado, que estão sendo compiladas e serão apresentadas no próximo relatório mensal.

O cenário, contudo, não é favorável. Já tinha perda significativa por causa da estiagem, mas, em decorrência da geada, as perdas devem ser maiores, pois muitas lavouras foram afetadas em todo o Estado. Nenhuma região escapou, algumas em maior e outras em menor grau, todas tiveram impacto por causa da geada. Os maiores prejuízos estão no norte e oeste do Paraná, onde se concentra a produção da 2ª safra. Ainda há risco climático para as lavouras. Para próxima semana, a expectativa é de frio intenso. Caso ocorram mais geadas, ainda há possibilidade de novas perdas. Os consumidores do Paraná terão de complementar o suprimento em outros Estados ou países. Os produtores de proteína animal terão que buscar em outro lugar, seja Mato Grosso, Goiás, eventualmente a região oeste pode importar do Paraguai e da Argentina. A safra paranaense não vai ser suficiente para abastecer o mercado interno.

As compras de milho de fora do Estado já ajudam a limitar as cotações no mercado disponível. Foram relatados negócios com milho a R$ 94,00 por saca de 60 Kg CIF mais ICMS na região norte do Paraná. Na semana passada, saíram acordos envolvendo milho de Mato Grosso a R$ 93,50 por saca de 60 Kg mais ICMS, posto na região oeste do Estado. Na região de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, enquanto os pequenos consumidores indicam R$ 96,00 por saca de 60 Kg no spot, as fábricas de grande porte da região indicam R$ 90,00 por saca de 60 Kg, preço pelo qual fecharia a conta para importar. Os compradores já haviam buscado milho fora do País após as perdas causadas pela estiagem e devem repetir o movimento já que novas reduções da oferta são esperadas por causa das geadas. Deve começar a chegar mais milho importado. Apenas 11% das lavouras do Paraná estão em situação boa a excelente. A produção deve ficar em torno de 7 milhões de toneladas, ante um potencial inicial de 17,5 milhões de toneladas, e muito do milho a ser colhido já está comprometido para exportação.

Além de recorrer a outros Estados, principalmente Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, as indústrias de ração locais também devem disputar a produção de trigo. Dentro de 40 dias começam a ocorrer as primeiras colheitas de trigo. Provavelmente, parte vai para ração. O Paraná tende a recorrer à importação mais para o fim do ano, a começar pelos vizinhos Paraguai e Argentina. A Fortesolo, especialista em movimentação e armazenamento de fertilizantes, está operando com milho no Porto de Paranaguá e prevê receber nos próximos dias mais um navio com o cereal vindo da Argentina. A expectativa é de que sejam importadas de 35 a 40 mil toneladas de milho a granel, destinados à alimentação animal. A carga dos três primeiros navios que chegaram ao litoral paranaense nos últimos meses com milho totalizou 102.799 toneladas. Segundo o Itaú BBA, o cenário para o milho no Brasil é de disponibilidade apertada até a 2ª safra de 2022.

A Argentina e o Paraguai também tiveram problemas de safra neste ano, o que pode motivar uma busca por milho norte-americano, dependendo dos preços no país e da taxa de câmbio quando a safra dos Estados Unidos estiver consolidada. O Brasil pode importar em torno de 2 milhões a 2,5 milhões de toneladas de milho nesta temporada. Esse movimento deve ser mais representativo entre o quarto trimestre deste ano e o primeiro trimestre do ano que vem, passada a entrada da 2ª safra de 2021. O cenário, com a quebra, é de pressão ainda maior sobre as margens da indústria local. O que tem ajudado é que o milho não está no pico de preços. O câmbio se apreciou, e os preços na Bolsa de Chicago recuaram um pouco, isso acabou pressionando os preços no Brasil, mas assim são valores elevados. As oportunidades para quem precisava adquirir o grão, entre R$ 80,00 e R$ 85,00 por saca de 60 Kg, ficaram para trás, a menos que o câmbio se aprecie de maneira significativa. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.