26/Jul/2021
A tendência é altista para os preços do milho no mercado interno, com as fortes quebras na 2ª safra de 2021 que estão provocando rompimento de contratos de exportação, para deslocar o produto para consumo doméstico. As exportações tendem a sofrer forte queda em 2021, com os preços praticados no interior acima das ofertas nos portos, para embarques ao exterior. O limitador será a paridade de importação que oscilará conforme evoluem cotações futuras em Chicago e câmbio no Brasil. O dólar à vista fechou a sexta-feira (23/07) teve variação negativa de 0,02%, para R$ 5,2101. Na semana, a divisa ganhou 1,82%, elevando os ganhos de julho para 4,70%. Com esses níveis de câmbio, o milho da Argentina, por exemplo, já chega no Brasil a valores abaixo dos praticados em algumas regiões do interior do País. As preocupações com o clima nas regiões produtoras de milho no Brasil e nos Estados Unidos têm impulsionado as cotações do cereal, visto que as recentes geadas e as previsões de nova frente fria no Brasil e o clima seco e quente nos Estados Unidos podem reduzir o potencial produtivo das lavouras.
Neste contexto, os vendedores brasileiros estão reticentes em negociar a preços menores, reduzindo a liquidez interna. Além disso, no Brasil, os produtores estão com as atenções voltadas à colheita da 2ª safra de 2021, que segue atrasada em relação à temporada anterior em todas as regiões produtoras. Assim, os produtores priorizam as entregas dos lotes negociados antecipadamente, aguardando o avanço da colheita para contabilizar as possíveis perdas de produtividade. Do lado dos consumidores, uma parte tem optado por aguardar as entregas e/ou um maior volume colhido para retornarem aos negócios. No entanto, os que não têm mercadoria para o curto prazo tem aceitado os patamares indicados por vendedores, que, em alguns casos, superam R$ 100,00 por saca de 60 kg. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP), registra avanço de 1,2% nos últimos sete dias, indo a R$ 99,99 por saca de 60 Kg, o maior valor nominal desde 1º de junho deste ano.
Na parcial de julho, o Indicador já acumula alta de 8,7%. Mesmo diante da recente forte valorização, os atuais preços do cereal seguem 5% inferiores aos recordes registrados em maio/2021, mas já são 47% superiores aos negociados no mesmo período de 2020, em termos reais (valores deflacionados pelo IGP-DI). Nos últimos sete dias, as cotações acumulam elevações de 3,7% no mercado balcão (preço pago ao produtor) e de 3,1% no mercado de lotes (negociações entre empresas). Na B3, os preços futuros estão avançando, reflexo das incertezas quanto à disponibilidade do cereal nos próximos meses. O vencimento Setembro/2021 tem alta de 2,7% nos últimos sete dias, a R$ 99,12 por saca de 60 Kg. Os contratos Novembro/2021 e Janeiro/2022 apresentam incremento de 2,8% e 3% nos últimos sete dias, cotados a R$ 99,57 por saca de 60 Kg e a R$ 100,22 por saca de 60 Kg, nessa ordem.
As cotações nos portos brasileiros também estão em alta, impulsionadas pelos avanços externos e pela valorização da moeda norte-americana. A média dos preços no Porto de Paranaguá (PR) registra avanço de 2,3% nos últimos sete dias, a R$ 77,23 por saca de 60 Kg. Até o momento, os embarques seguem calmos, mas a expectativa é de que, a partir de meados de agosto, as exportações podem aumentar. Quanto aos preços, os vendedores ainda preferem as negociações no Brasil, em função da maior remuneração. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), apenas 523,9 mil toneladas de milho foram embarcadas nos primeiros 12 dias úteis deste mês, muito abaixo dos 3,9 milhões de toneladas enviados em todo o mês de 2020. Para as importações, até o fim da semana de 12 a 16 de julho, o volume era de 31 mil toneladas, 13 mil toneladas a menos que no mesmo período do ano passado.
Esse ritmo de importação aquecido se deve às preocupações de consumidores com o real volume a ser produzido no Brasil, fazendo com que uma parte deles já comece a comprar mercadoria dos países vizinhos, como Argentina e Paraguai. Alguns compradores até sinalizam estarem aguardando a produção desses países para retornarem ao mercado. A Argentina deve colher 48 milhões de toneladas, baixa de 3,5 milhões de toneladas entre as safras 2020/2021 e 2019/2020. A colheita havia alcançado 72,2% da área destinada ao cereal até o dia 22 de julho. No Brasil, os trabalhos de campo estão mais adiantados em Mato Grosso. Além da queda de 2 milhões de toneladas na produção em relação às estimativas iniciais, o aumento do consumo do cereal para a produção de etanol reduziu a oferta em 8,5% nesta temporada de Mato Grosso. No Paraná, 4% da área havia sido colhida até o dia 19 de julho, sendo que, desse total, apenas 10% das lavouras estão em boas condições, frente a 44% no mesmo período do ano anterior.
Outras importantes regiões produtoras também seguem com atrasos na comparação com 2020. Em São Paulo, Goiás e Minas Gerais, os trabalhos de campo estavam em 10%, 14%, 30%, da área, respectivamente, até o dia 16. Em Mato Grosso do Sul, onde a colheita vem ocorrendo em apenas algumas áreas, novas estimativas já foram divulgadas relatando o impacto negativo das geadas. Em Mato Grosso do Sul, serão produzidas 6,2 milhões de toneladas, queda de 40,8% em relação ao registrado na temporada passada. Nos Estados Unidos, o clima quente e seco nas regiões produtoras tem elevado as cotações na Bolsa de Chicago. Assim, o vencimento Setembro/2021 registra avanço de 0,1% nos últimos sete dias, cotado a US$ 5,64 por bushel. Os contratos Dezembro/2021 e Março/2022 apresentam alta de 0,9% e 0,8% no mesmo período, a US$ 5,61 por bushel (US$ 220,95 por tonelada) e a US$ 5,68 por bushel (US$ 223,90 por tonelada), respectivamente. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), mesmo com o clima adverso no cinturão produtor dos Estados Unidos, as lavouras em boas condições seguem em 65%. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.