02/Ago/2021
Mesmo diante das intensas movimentações para importação de milho, especialmente da Argentina, que está finalizando sua colheita, a tendência é altista para os preços internos no curto prazo, com futuros sustentados na Bolsa de Chicago e fortes quebras na 2ª safra brasileira de 2021. Os preços do milho seguem avançando no mercado interno. Esse cenário é reflexo da diminuição da oferta de vendedores, que seguem atentos à colheita da 2ª safra de 2021 e à redução na produtividade, em decorrência do desenvolvimento prejudicado pela seca e pelas geadas. No geral, a comercialização segue em ritmo lento, com demanda pontual diante dos elevados patamares de preços. No mercado spot, os avanços mais significativos ocorrem nas regiões consumidoras de Santa Catarina e de São Paulo. Nos últimos sete dias, as altas são de 1,3% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 2,5% no mercado de lotes (negociação entre empresas).
Especificamente na região consumidora de Campinas (SP), referência para o Indicador ESALQ/BM&F, os preços registram avanço de 2,8% nos últimos sete dias, a R$ 101,40 por saca de 60 Kg, voltando aos patamares observados no fim de maio. Na B3, os contratos futuros de milho estão em alta, impulsionados por preocupações com a oferta. No entanto, especificamente no dia 29 de julho, os futuros recuaram, com notícias indicando possível aumento nas importações brasileiras do cereal. Nos últimos sete dias, os vencimentos Setembro/2021 e Novembro/2021 registram altas de 1,3% e de 1,1%, cotados a R$ 100,45 por saca de 60 Kg e a R$ 100,66 por saca de 60 Kg. As atenções seguem voltadas às perdas de produtividade das lavouras da 2ª safra de 2021 causadas pelas baixas temperaturas. No Paraná, a queda é de 58% na produção em relação à expectativa inicial (de 14,6 milhões de toneladas), passando para 6,1 milhões de toneladas, praticamente a metade do volume produzido em 2020.
Essa redução é a maior da história, o que pode diminuir as exportações e elevar as importações no Paraná. A colheita da 2ª safra de 2021 havia alcançado 7% da área até o dia 26 de julho. Em Mato Grosso, a colheita havia alcançado 72,8% do total estimado, avanço de 20,8% na semana. Há queda na produtividade, passando de 106,29 sacas de 60 quilos por hectare em janeiro para 93,8 sacas de 60 quilos por hectare neste mês, o que deve resultar em produção de 32,0 milhões de toneladas, redução de 4 milhões de toneladas em relação à expectativa inicial e de praticamente 3 milhões de toneladas na comparação com o ano anterior. Com os relatórios indicando que a produção nacional terá diminuição considerável, alguns consumidores já aumentaram as aquisições de milho de outros países do Mercosul. Os dados preliminares de importação brasileira já se mostram bem representativos. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em 17 dias úteis de julho, chegaram aos portos brasileiros 136,8 mil toneladas, o que já é 200% superior a todo o volume recebido em julho de 2020, com a Argentina e o Paraguai como os principais fornecedores ao Brasil.
Os dados de janeiro a junho indicam que praticamente todo o cereal que chegou ao Brasil neste ano veio do Paraguai, seguido por Argentina. Novas negociações para exportação seguem travadas, pois os preços nos portos se mantêm muito abaixo dos praticados no mercado interno. No entanto, as embarcações de lotes comercializados previamente devem ganhar ritmo com o avanço da colheita. A estimativa de exportações foi reduzida novamente pela nossa Consultoria, para 20 milhões de toneladas nesta safra, mas esse volume pode ser ajustado para baixo, pois a quebra na produção brasileira e os preços mais altos no mercado interno podem fazer com que exportadores destinem os lotes ao mercado físico. Os embarques do cereal brasileiro registraram 1,12 milhão de toneladas nos 17 dias úteis deste mês. Quanto aos preços nos portos, além da desvalorização externa, a queda do dólar pressionou as cotações.
No Porto de Paranaguá (PR), o preço médio é de R$ 76,59 por saca de 60 Kg, recuo de 0,8% nos últimos sete dias. Nos Estados Unidos, com as baixas temperaturas no Brasil e o impacto nas lavouras da 2ª safra de 2021, os vencimentos voltaram a avançar. Na Bolsa de Chicago, os contratos Setembro/2021 e Dezembro/2021 estão oscilando entre US$ 5,50 e US$ 5,60 por bushel. As atenções também se voltam ao desenvolvimento da safra nos Estados Unidos, que pode ser afetado pelo clima seco. Segundo relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, até o dia 26 de julho, as lavouras consideradas boas ou excelentes correspondiam a 64% da área, 1% abaixo do registrado na semana anterior e 8% menor que no mesmo período de 2020. Na Argentina, as atividades estão em bom ritmo. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, até o dia 29 de julho, a colheita havia alcançado 81,4% da área estimada, aumento de 9,2% na semana. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.