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09/Ago/2021

Pressão baixista se acentua sobre preços do milho

A pressão de baixa começa a se acentuar sobre os preços do milho no mercado brasileiro, com o aumento dos volumes importados nos últimos meses, a valores que limitam a escalada das cotações internas. Mesmo com a forte quebra na 2ª safra de 2021, o rompimento de contratos de exportações para redirecionamento do grão para o mercado interno e a entrada de grão importado da Argentina e do Paraguai barram a alta dos preços internos. As negociações envolvendo milho estão travadas no mercado interno, e os preços do cereal apresentam movimentos distintos dentre as regiões, com as quedas predominando. Nas regiões em que o milho está recuando, a pressão vem especialmente da retração de compradores, que se atentam ao avanço da colheita e ao menor ritmo das exportações. Além disso, alguns demandantes aguardam entregas de lotes negociados antecipadamente. Na Região Centro-Oeste, apesar das estimativas de redução na produção, as cotações estão caindo, especialmente em Mato Grosso.

Em São Paulo, a menor presença de compradores e a oferta proveniente de outros Estados, sobretudo da Região Centro-Oeste, com tradings ofertando maiores volumes, resultaram em queda nos preços em muitas localidades do Estado, que, vale lembrar, vinham registrando avanço consecutivo há cinco semanas. Apesar desse cenário, na região de Campinas (SP), o Indicador ESALQ/BM&F do milho se mantém na casa próxima dos R$ 100,00 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, o Indicador apresenta queda de 1,6%, para R$ 99,10 por saca de 60 Kg. Nas regiões em que o movimento ainda é de alta, como Recife (PE), Barreiras (BA), Joaçaba (SC), Ponta Grossa (PR) e Marília (SP), a sustentação vem do maior interesse comprador e da resistência de vendedores em negociar novos lotes. No Paraná, especificamente, os valores estão sustentados especialmente por incertezas quanto à oferta. Vale lembrar que este foi um dos Estados mais atingidos por adversidades climáticas neste ano.

Até o momento, a estimativa é de produção de apenas 6,1 milhões de toneladas no Paraná, o que é menos que o suficiente para o consumo estadual até o próximo ciclo. Com isso, os compradores buscam importar o cereal do Mercosul e em outros Estados brasileiros, como São Paulo e Mato Grosso. Nos últimos sete dias, há queda de 0,1% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,8% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Na B3, os contratos de milho acompanham o movimento de queda do mercado spot, com os vencimentos Setembro/2021 e Novembro/2021 se desvalorizando 2,6% e 2,2%, respectivamente, nos últimos sete dias, a R$ 97,80 por saca de 60 Kg e a R$ 98,41 por saca de 60 Kg. A disparidade entre os preços internos e os de exportadores mantém a liquidez baixa nos portos. Enquanto em agosto do ano passado o preço do milho operava no Porto de Paranaguá (PR) em pouco mais de R$ 5,00 por saca de 60 Kg acima do negociado na região norte do Paraná, na parcial do atual mês, o cereal é comercializado no norte do Estado a R$ 23,00 por saca de 60 Kg superior ao valor do porto.

E a situação é a mesma quando a comparação é feita entre os valores negociados no Porto de Santos (SP) e no interior de São Paulo (Campinas). Em agosto de 2020, o milho era comercializado nas duas regiões praticamente nos mesmos preços, ao passo que, neste mês, a média de Campinas/SP está R$ 24,19 por saca de 60 Kg superior à do produto no Porto de Santos. Esse cenário tende a manter os vendedores destinando mais cereal para o mercado interno. Apesar do baixo interesse, os preços nos portos estão reagindo, sustentados sobretudo pela valorização do dólar frente ao Real. Nos últimos sete dias, a alta é de 1,4% nas cotações no Porto de Paranaguá (PR). No campo, o tempo seco e firme na maior parte do Brasil favorece os trabalhos, mas ainda preocupa agentes quanto às condições das lavouras, especialmente na Região Sul do País. No Paraná, até o dia 02 de agosto, 10% da área estimada havia sido colhida. Do milho que está na lavoura, 53% apresentam condições ruins; 41% estão em médias e apenas 6%, em bom estado.

Em Mato Grosso, a colheita atingiu 84,2% da área estimada até dia 30 de julho. Agentes do Estado seguem atentos às expectativas de menor oferta. Com o avanço da colheita, é possível confirmar o impacto do clima adverso nas lavouras. A produção agora é estimada em 31,910 milhões de toneladas, queda de mais de 3 milhões em relação a 2020. Em Mato Grosso do Sul, avanços também foram registrados nos últimos dias. A colheita atingiu 9,6% da área até o dia 30 de julho, 4% abaixo da temporada 2020. Na Bolsa de Chicago, os valores acumulam queda, pressionados pela perspectiva de clima favorável ao desenvolvimento das lavouras nos Estados Unidos. Porém, a baixa é limitada pela demanda aquecida, com exportadores indicando vendas acima do esperado pelo mercado. Os contratos de Setembro/2021 e Dezembro/2021 estão cotados a US$ 5,55 por bushel e a US$ 5,53 por bushel, respectivamente, desvalorizações de 0,4% e 0,6% nos últimos sete dias. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.