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13/Dez/2021

Tendência de alta do milho com seca na Região Sul

A tendência é de preços globais sustentados para o milho em 2022, com demanda internacional aquecida. Os contratos futuros com vencimentos em 2022 na Bolsa de Chicago oscilam entre US$ 5,50 a US$ 5,90/bushel. Já os contratos futuros com vencimentos para 2023 em Chicago operam entre US$ 5,00 a US$ 5,60/bushel. As fortes altas dos custos dos insumos, especialmente nitrogenados, poderão afetar a intenção de plantio de milho nos Estados Unidos – o maior produtor global – na próxima temporada 2022/2023. No mercado interno, a estiagem que já provocou perdas irreversíveis na 1ª safra de milho 2021/2022 é um fator altista para os preços no curto e médio prazo, com tendência de escassez de ofertas internas nos primeiros meses de 2022. Apesar de novas estimativas divulgadas pela Conab indicarem produções elevadas no Brasil e no mundo, os preços do milho seguem em alta nos mercados interno e externo.

No spot nacional, as cotações são sustentadas pelo clima desfavorável na Região Sul do País, importante produtora da safra de verão (1ª safra 2021/2022). No mercado internacional, os valores são impulsionados pela aquecida demanda pelo grão norte-americano e pela melhora na produção de etanol. Nos últimos sete dias, os preços registram avanço de 1,8% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,4% no mercado de lotes (negociação entre empresas). No mesmo período, o Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) apresenta valorização de 1,5%, cotado a R$ 87,54 por saca de 60 Kg. Na B3, os valores são sustentados por preocupações com a disponibilidade no primeiro trimestre de 2022. Assim, os contratos Janeiro/2022, Março/2022 e Maio/2022 apresentam alta de 1,5%, 3,4% e 2,1% nos últimos sete dias, passando para, respectivamente, R$ 93,21 por saca de 60 Kg, R$ 94,80 por saca de 60 Kg e R$ 88,88 por saca de 60 Kg.

Na Bolsa de Chicago, o contrato Dezembro/2021 está cotado a US$ 5,88 por bushel avanço de 2,0% nos últimos sete dias. No entanto, dados indicando que restarão em estoque 37,9 milhões de toneladas ao final da temporada dos Estados Unidos limitam os ganhos. Os agentes esperavam estoques um pouco menores, de 37,72 milhões de toneladas. Os relatórios da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgados no dia 9 de dezembro, indicaram recuperações nas produções brasileira e global. Ressalta-se, contudo, que, no caso do Brasil, as possíveis perdas com a atual seca na Região Sul do País ainda não foram contabilizadas pela Conab. Para o milho safra de verão (1ª safra 2021/2022), a área brasileira foi estimada entre 4,5 milhões de hectares, aumento 3,7% em relação à temporada anterior. A produção deve ser de 29,1 milhões de toneladas, forte aumento de 17,6% sobre a safra anterior.

Para a 2ª safra de 2022, a semeadura da temporada de verão (1ª safra) dentro da janela ideal e os elevados preços do milho ao longo deste ano têm animado os produtores, que mostram intenção de aumentar a área em 5,7%, o que deve resultar em produção de 86,2 milhões de toneladas, forte aumento de 42% frente a 2ª safra de 2021. Para a 3ª safra de 2022, a elevação é de 17%, com expectativa de produção de 1,85 milhão de toneladas. Diante disso, a produção total de milho na safra 2021/2022 pode atingir 117,2 milhões de toneladas, um recorde. Como os estoques iniciais da temporada devem ser de 8,8 milhões de toneladas, a disponibilidade interna na próxima safra pode superar as 126 milhões de toneladas, a maior da história. Este é um quadro bastante positivo aos compradores, já que o consumo interno de milho, projetado em 76 milhões de toneladas, representaria apenas 59% da disponibilidade doméstica.

As exportações da próxima temporada são estimadas pela nossa Consultoria em 43 milhões de toneladas. As importações passam de 2,7 milhões de toneladas em 2021 para apenas 900 mil toneladas em 2022. Em termos mundiais, o USDA estima produção de milho de 1,208 bilhão de toneladas, pouco superior ao volume divulgado no relatório anterior, de 1,204 bilhão de toneladas, influenciado pelo aumento na produção da União Europeia e da Ucrânia. As exportações mundiais devem passar para 192,7 milhões de toneladas. As produções do Brasil e da Argentina foram mantidas pelo USDA em 118,0 milhões de toneladas e 54,5 milhões de toneladas, respectivamente, e as exportações, agora estimadas em 30 milhões de toneladas e 40,5 milhões de toneladas. Com a melhora da produção mundial, os estoques globais aumentaram 4% entre a safra anterior e a atual, podendo atingir 305,5 milhões de toneladas. Assim, a relação estoque final/consumo global para a safra 2021/2022 está em 26%, ainda 1% abaixo da média das últimas quatro safras.

Nas lavouras brasileiras, os produtores seguem atentos ao baixo volume de chuvas, que vem prejudicando o desenvolvimento da safra de verão (1ª safra 2021/2022), principalmente na Região Sul. No Paraná, até o dia 6 de dezembro, as lavouras apresentaram piora na qualidade. Assim, enquanto na semana anterior não eram identificadas lavouras em más condições, agora, 1% está em condição ruim, 9% em médias e 90%, em boas. No Rio Grande do Sul, a falta de chuvas e temperaturas acima do ideal para o período têm prejudicado as plantas, que já apresentam enrolamento das folhas e paralisação do crescimento e desenvolvimento. Até o dia 9 de dezembro, o cultivo chegava a 90% da área estimada para o milho no Estado. Em Santa Catarina, até o dia 4 de dezembro, a Conab indicou que 98,3% da área destinada ao cereal havia sido implantada, e as preocupações com clima também mantêm agentes atentos às possíveis reduções na produção estadual. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.