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17/Jan/2022

Tendência é de alta do milho com quebras na safra

A tendência é altista para os preços do milho nos mercados externo e interno. No mercado brasileiro, a tendência de alta decorre, dentre diversos fatores, das quebras acentuadas na 1ª safra 2021/2022, do dólar em patamares elevados, dos baixos estoques disponíveis no País e das cotações futuras em Chicago sustentadas, com viés altista. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros com vencimentos em 2022 oscilam entre US$ 5,58 e US$ 6,00 por bushel. Novas estimativas sobre a produção brasileira vão consolidando as perdas da safra de verão brasileira (1ª safra 2021/2022). As projeções da nossa Consultoria indicam uma quebra expressiva na 1ª safra da Região Sul do Brasil e em Mato Grosso do Sul. A 1ª safra 2021/2022 está estimada em 23,2 milhões de toneladas, 6 milhões de toneladas abaixo da estimativa inicial, devido ao clima seco e quente na Região Sul do País. No entanto, para a 2ª e 3ª safras, as estimativas são de recuperação na produção da temporada 2021/2022, impulsionadas pelo aumento de área, devido aos elevados preços praticados e à expectativa de clima favorável.

Com isso, no agregado, a produção total de milho no Brasil em 2022 está estimada pela nossa Consultoria em 113,7 milhões de toneladas, sendo 23,2 milhões de toneladas na 1ª safra, 86,62 milhões de toneladas na 2ª safra e 1,93 milhão de toneladas na 3ª safra de 2022. Também é esperado aumento anual do consumo interno, de 4,8 milhões de toneladas, estimado agora em 76,75 milhões de toneladas. As exportações devem passar de 20,7 milhões de toneladas em 2020/2021 para até 40 milhões de toneladas em 2021/2022. As importações deverão recuara para 1,5 milhão de toneladas, antes 3,2 milhões de toneladas na safra passada. Entretanto, esses números ainda podem ser revisados, diante da possível necessidade de importação para abastecimento nacional no primeiro semestre. Agora, os estoques de passagem, para janeiro/2023, estão estimados em apenas 6,8 milhões de toneladas, 18% abaixo da temporada anterior.

Neste contexto, os produtores seguem limitando o volume ofertado em todas as regiões. Assim, os compradores têm voltado ao spot, na tentativa de recompor os estoques, mas têm tido dificuldade para realizar novas aquisições. Esse cenário tem elevado os preços de forma consecutiva desde o início do mês. Nos últimos sete dias, o preço do milho registra alta de 3,5% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 2,8% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Em regiões, o milho é negociado acima de R$ 100,00 por saca de 60 Kg, como é caso de Campos Novos (SC). No Rio Grande do Sul, bastante afetado pela falta de chuva, o milho é comercializado próximo de R$ 100,00 por saca de 60 Kg. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP), acumula nove dias consecutivos de alta, cotado a R$ 96,50 por saca de 60 Kg, alta de 3,5% nos últimos sete dias. Refletindo as preocupações com a oferta, na B3, os contratos com vencimento no primeiro semestre do ano subiram.

O vencimento Janeiro/2022 está cotado a R$ 95,84 por saca de 60 Kg, elevação de 2,4% nos últimos sete dias. Os contratos Março/2022 e Maio/2022 apresentam valorização de 1,5% e 1,2% no mesmo comparativo, respectivamente, a R$ 98,12 por saca de 60 Kg e a R$ 94,02 por saca de 60 Kg. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em relatório divulgado no dia 12 de janeiro, indicou redução nos estoques mundiais de milho na safra 2021/2022, para 303 milhões de toneladas, contra 305 milhões de toneladas apontadas em dezembro/2021, o que está relacionado à menor produção na América do Sul. Para o Brasil, o USDA estima produção de 115 milhões de toneladas e, para a Argentina, de 54 milhões de toneladas, respectivas diminuições de 3 milhões de toneladas e de 500 mil toneladas em relação à expectativa anterior. A produção norte-americana é estimada em 383,94 milhões de toneladas e a mundial, em 1,206 bilhão de toneladas. Com o consumo passando para 1,17 bilhão de toneladas, a relação estoque/consumo se mantém em 25% na temporada 2021/2022.

No Brasil, com o avanço da colheita, os produtores da Região Sul do País observam os impactos da seca sobre as lavouras. Nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste, a colheita ainda não foi iniciada e as lavouras apresentam desenvolvimento satisfatório. No Rio Grande do Sul, a colheita de milho atingiu 20% da área. Apesar do retorno das chuvas em algumas regiões, a produtividade estadual já caiu, e os produtores começam a solicitar os seguros. Em Santa Catarina, a colheita chegou a 4%. No Paraná, apenas algumas regiões do sudoeste do Estado iniciaram a colheita. A proporção de lavouras em condições ruins segue aumentando, passando de 25% da área na semana anterior para 29% na última semana. A semeadura da 2ª safra de 2022 também já teve início, com 1% da área estadual já implantada. Na Argentina, o déficit hídrico e as altas temperaturas seguem preocupando produtores e dificultando o desenvolvimento das lavouras. A semeadura chegou a 86,4% da área. Fontes: Cogo Inteligência em Agronegócio e Cepea.