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21/Fev/2022

Tendência de alta do preço do milho no longo prazo

A tendência é altista para os preços futuros do milho, com a alta da cotação do petróleo impulsionando a produção de etanol de milho nos Estados Unidos, a expectativa de redução da área plantada nos EUA na safra 2022/2023 e as quebras nas safras da América do Sul em 2021/2022. Na Bolsa de Chicago, os contratos futuros com vencimentos no primeiro semestre de 2022 estão acima do patamar de US$ 6,50 por bushel, enquanto os contratos para o segundo semestre de 2022 operam entre US$ 6,00 a US$ 6,50 por bushel. Na Bolsa de Chicago, os preços estão avançando, impulsionados pelo clima seco em regiões produtoras da Argentina e por preocupações com o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, este último país é o quarto maior exportador mundial de milho. Além disso, as altas nos preços do trigo também dão suporte às cotações do cereal. A tendência é altista para os preços internos ao longo deste primeiro semestre de 2022. No curto prazo, são relatadas baixas nas cotações em regiões que estão colhendo a 1ª safra.

Mas essa pressão baixista é pontual. A quebra na 1ª safra de milho 2022 no Brasil está estimada preliminarmente pela nossa Consultoria em 6,7 milhões de toneladas (-23%), para 22,5 milhões de toneladas. Para a produção total das três safras de 2022, a projeção da nossa Consultoria foi revisada de 120,8 milhões de toneladas, previstas inicialmente, para 113,7 milhões de toneladas, uma redução de 6%. A confirmação da safra recorde em 2022 dependerá da 2ª safra, estimada pela nossa Consultoria em 89,3 milhões de toneladas, que deverá ter um clima mais favorável que o registrado em 2021. Em caso de uma 2ª safra recorde, poderá haver pressão baixista sobre os preços internos no início do segundo semestre deste ano. No curto prazo, há uma pressão baixista sobre os preços do milho no mercado brasileiro, influenciados sobretudo pela ausência de compradores.

No geral, os agentes buscam um direcionamento mais claro dos valores no médio prazo, o que, por sua vez, deve ser verificado pelo avanço da colheita da safra de verão (1ª safra 2021/2022), por ajustes na produtividade e pelo desenvolvimento das lavouras da 2ª safra de 2022. Por enquanto, a expectativa é de que, no curto prazo, a oferta fique mais restrita no spot nacional, devido ao baixo estoque de passagem e da quebra de produção da safra de verão (1ª safra 2021/2022) o que, inclusive, já tem limitado o recente movimento de queda nas cotações. Vale lembrar que os atuais valores do milho operam em patamares próximos aos verificados no início do segundo semestre de 2021, quando o clima desfavorável levou produtores a reduzirem a oferta. No entanto, é importante mencionar que o retorno das chuvas na Região Sul do País e a intensificação da colheita na Região Centro-Oeste, até o momento, animam os produtores, que se mostram otimistas com relação às produções da 2ª safra de 2022 e da 3ª safra de 2022.

Esse cenário faz com que os contratos futuros do segundo semestre negociados na B3 se desvalorizem com mais força. Assim, enquanto os vencimentos Março/2022 e Maio/2022 registram recuo de 1,6% e 2,3% nos últimos sete dias, a R$ 96,83 por saca de 60 Kg e a R$ 93,80 por saca de 60 Kg, respectivamente. O vencimento Julho/2022 apresenta baixa de 3,3%, a R$ 88,40 por saca de 60 Kg. No mercado spot, o Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) registra queda de 0,6% nos últimos sete dias, cotado a R$ 96,49 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as baixas são de 0,9% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,4% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Apesar de os valores externos terem subido, o baixo interesse pelo produto brasileiro, comum neste período, tem feito com que os preços nos portos voltem a ficar bem inferiores aos praticados no interior do País. Nesta parcial de fevereiro, o valor médio do cereal negociado no Porto de Paranaguá (PR) está R$ 6,40 por saca de 60 Kg abaixo da média registrada na região oeste do Paraná e ainda R$ 5,30 por saca de 60 Kg inferior ao Indicador ESALQ/BM&F.

Nos últimos sete dias, as cotações no Porto de Paranaguá (PR) apresentam recuo de 3,6%, com média de 88,63 por saca de 60 Kg. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) confirmam o baixo interesse externo pelo milho brasileiro neste mês. Em nove dias úteis, saíram dos portos brasileiros 383,2 mil toneladas do cereal, bem abaixo das 2 milhões de toneladas embarcadas em janeiro. As importações também começaram a diminuir o ritmo, somando, no mesmo período, 14,9 mil toneladas, também inferior às 162 mil toneladas de janeiro. As chuvas diminuíram na Região Centro-Oeste, mas ainda têm sido insuficientes na Região Sul e em partes da Região Sudeste. Vale lembrar que, de um lado, as chuvas contribuem para o melhor desenvolvimento das lavouras da 2ª safra de 2022, mas, por outro, dificultaram a colheita da safra de verão (1ª safra 2021/2022).

No Paraná, 26% da área da safra de verão (1ª safra 2021/2022) havia sido colhida até o dia 14 de fevereiro. O cultivo da 2ª safra de 2022 alcança 29% da área estimada, contra apenas 8% da temporada 2020/2021. No Rio Grande do Sul, até 17 de fevereiro, 54% das lavouras já haviam sido colhidas, com a produtividade bem inferior à projetada inicialmente. Por enquanto, a redução no rendimento está estimada em 53%. Em Mato Grosso, o cultivo da 2ª safra de 2022 caminha mesmo em meio a precipitações. 57% da área estadual já havia sido semeada. Em Mato Grosso do Sul, esse percentual é de 13%. Para São Paulo, Minas Gerais e Goiás, a semeadura havia atingido 11%, 9% e 10%, respectivamente. A média nacional está em 35%. Na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires apontou, no dia 17 de fevereiro, que a colheita alcançou 1,7% da área destinada ao cereal. No entanto, com o avanço dos trabalhos de campo, os rendimentos têm variado entre as regiões, o que fez com as estimativas fossem reduzidas, de 57 milhões de toneladas para 51 milhões de toneladas. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.