07/Mar/2022
A tendência é altista para os preços do milho nos mercados externo e interno. Com o conflito entre Rússia e Ucrânia – que respondem, juntos, por 20% das exportações globais – e com quebras na América do Sul, as cotações futuras em Chicago estão em tendência de alta, sustentadas acima do patamar dos US$ 7,50 por bushel. Na Bolsa de Chicago, os futuros com vencimentos no primeiro semestre de 2022 oscilam em um intervalo entre US$ 7,50 e US$ 7,60 por bushel. A alta do petróleo, que ultrapassou os US$ 100 o barril do tipo Brent, impulsiona a produção de etanol de milho, que absorve 40% da produção dos Estados Unidos. A área plantada com milho dos Estados Unidos deverá recuar 1,4% na próxima safra 2022/2023. Os preços do milho estão avançando nos mercados interno e externo. No Brasil, após o recesso de Carnaval, os compradores estão de volta ao spot em busca de recompor partes dos estoques, mas esbarram na retração de vendedores, que estão focados na colheita da safra verão (1ª safra 2021/2022) e no aguardo de novas valorizações para negociar.
Nos Estados Unidos, as altas seguem atreladas ao conflito entre Rússia e Ucrânia, dois importantes produtores e exportadores mundiais de milho. Com as exportações ucranianas interrompidas, as incertezas quanto ao abastecimento global cresceram. Além disso, o atual cenário pode atrapalhar a semeadura da nova safra na Ucrânia, prevista para ser iniciada em abril. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) registra alta de 0,9% nos últimos sete dias, cotado a R$ 98,15 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, os aumentos são de 0,5% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 0,4% no mercado de lotes (negociação entre empresas). No mercado futuro brasileiro, os movimentos também são de alta, mesmo diante da colheita na Região Sul do País. Na B3, o contrato Março/2022 tem avanço de 1,8% nos últimos sete dias, a R$ 100,51 por saca de 60 Kg. Os vencimentos Maio/2022 e Setembro/2022 registram valorização, ambos, de 4%, a R$ 101,56 por saca de 60 Kg e a R$ 96,21 por saca de 60 Kg.
A demanda voltou a se aquecer nos portos, com exportadores aumentando o volume e os valores das ofertas para entregas em março e abril. Esse cenário se deve a preocupações relacionadas à paralisação das operações nos portos do Mar Negro. A Rússia e a Ucrânia são responsáveis por 20% das exportações mundiais de milho e por 3% do consumo global desta temporada. Com a procura elevada, os preços apresentam forte alta de 8,6% nos últimos sete dias no Porto de Paranaguá (PR), para R$ 100,33 por saca de 60 Kg. Alguns negócios estão sendo reportados com valores superiores tanto no spot quando para o mês de abril. No entanto, quando se fala da 2ª safra de 2022, as negociações e os preços estão mais fracos. Os preços para entrega entre julho e setembro estão em média em R$ 87,00 por saca de 60 Kg, enquanto os contratos futuros com vencimento nestes mesmos meses na B3 já superam os R$ 95,00 por saca de 60 Kg.
Em fevereiro, as exportações brasileiras de milho totalizaram 717,7 mil toneladas, volume 8% inferior ao de fevereiro/21, refletindo o baixo interesse pelas compras do cereal ao longo do mês passado. As importações também caíram 84% neste início de temporada, chegando aos portos brasileiros apenas 47 mil toneladas. No campo, o tempo mais firme continuou favorecendo os trabalhos nas lavouras brasileiras. Quanto à safra de verão (1ª safra 2021/2022), no Paraná, 38% da área estadual tenha sido colhida até 26 de fevereiro. Em São Paulo e Santa Catarina, 25% e 68% já foram retirados do campo, respectivamente. No Rio Grande do Sul, a colheita avançou e soma 60% da área, progresso de 3%. Com o atual andamento das atividades, a expectativa é de redução de 53% na produtividade. A média nacional da colheita é de 23,3%.
A semeadura da 2ª safra de 2022 avança em ritmo maior. Em Mato Grosso, até 25 de fevereiro, os produtores já haviam implantado 82,7% da área, avanço semanal de 14,3%. 48,5% da safra já foi vendida, 20% abaixo da temporada anterior. No Paraná, a área da 2ª safra de 2022 alcançou os 36%. Quanto à comercialização, 3% foram vendidos, abaixo dos 8% da safra anterior. Em Mato Grosso do Sul, o tempo seco também tem beneficiado o avanço da semeadura, mas o produtor deve seguir atento ao período ideal da janela, que vai até o dia 10 de março neste Estado. Até o dia 25 de fevereiro, o cultivo havia alcançado 35% da área estadual, 15% acima do verificado na temporada passada. Na Argentina, a colheita da safra 2021/2022 continua progredindo. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires indica que 4,9% da área nacional já havia sido colhida até dia 3 de março, com os rendimentos médio em 4,9 toneladas por hectare, abaixo do da safra anterior, mas ainda mantendo a estimativa de produção em 51 milhões de toneladas. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.