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04/Abr/2022

Tendência de pressão baixista sobre preço do milho

A tendência é baixista para os preços no mercado interno, com a forte queda do dólar – que reduz a paridade de exportação – e a expectativa de uma 2ª safra recorde em 2022 no Brasil, que poderá ampliar a oferta doméstica no segundo semestre deste ano. A previsão de forte recuo (-4,1%) na área plantada nos EUA em 2022/2023 é altista para os preços futuros nos curto e médio prazos. O conflito Rússia x Ucrânia – países que respondem, juntos, por 20% das exportações globais – e a alta do petróleo – que impulsiona a produção de etanol de milho nos EUA – também são fatores altistas. Na Bolsa de Chicago, os futuros com vencimentos no 1º semestre de 2022 oscilam em um intervalo entre US$ 7,30 e US$ 7,50 por bushel. O dólar encerrou a sessão de sexta-feira (01/04) em baixa de 1,97%, a R$ 4,66, o menor valor de fechamento desde 10 de março de 2020 (R$ 4,64). Com isso, a desvalorização acumulada no ano atingiu 16,30%. Os preços do milho seguem acumulando quedas no mercado brasileiro.

No geral, o movimento de baixa esteve mais intenso na semana passada, quando vendedores, com necessidade de fazer caixa, estavam mais flexíveis nos valores de negociação. A partir do dia 30 de março, muitos produtores se afastaram do spot nacional, reduzindo o ritmo de desvalorização do cereal. Do lado comprador, boa parte já havia aproveitado os menores preços no começo da semana e recomposto os estoques e, nestes últimos dias, também reduziram as aquisições. Nesse cenário, a liquidez está limitada. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) registra forte queda de 6,2%, cotado a R$ 92,04 por saca de 60 Kg. A média mensal do Indicador foi de R$ 99,69 por saca de 60 Kg em março, alta de 3,0% sobre a de fevereiro. Nos últimos sete dias, as cotações apresentam recuo de 8,6% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 6,8% no mercado de lotes (negociações entre as empresas).

Na B3, assim como observado no físico nacional, os futuros também se desvalorizaram com força na semana passada. O contrato Maio/2022 acumula baixa de 6,2% nos últimos sete dias, a R$ 91,31 por saca de 60 Kg. Os contratos Julho/2022 e Setembro/2022 estão cotados a R$ 90,37 por saca de 60 Kg e a R$ 89,29 por saca de 60 Kg, quedas de 5,4% e 6,1%, na mesma ordem. As cotações externas passaram a subir, impulsionados por expectativas quanto ao relatório de perspectivas de plantio e de estoques, que foi divulgado no dia 31 de março pelo Departamento de Agricultura do Estados Unidos (USDA). O USDA indicou que a área de milho em 2022 deve somar 36,220 milhões de hectares, abaixo do esperado pelo mercado e ainda 4,0% inferior ao de 2021. Já os estoques, até o dia 1º de março, eram estimados em 199,4 milhões de toneladas, 2% superiores aos de 2021.

No começo de março, os prêmios no Porto de Santos (SP), para embarque em abril, estavam em +US$ 2,20 por bushel para venda e em +US$ 1,80 por bushel para compra. No encerramento do mês passado, exportadores voltaram a priorizar negócios para embarques apenas no segundo semestre. Os preços do milho no Porto de Paranaguá (PR) recuaram apenas 0,3% no acumulado de março, mas, nos últimos sete dias, a queda é de expressivos 11,5%, a R$ 90,54 por saca de 60 Kg. Destaca-se que os valores nos portos vinham operando, até a semana passada, acima do Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP), contexto que já foi alterado. A semeadura da 2ª safra de milho de 2022 está praticamente concluída em Mato Grosso. Os produtores estão animados com as previsões indicando chuvas nos próximos 30 dias, tendo em vista que devem favorecer o desenvolvimento das lavouras cultivadas fora da janela ideal.

A semeadura da 2ª safra de 2022 no Paraná alcançou 97% da área estimada até o dia 28 de março. O clima tem ajudado na colheita do milho safra de verão (1ª safra 2021/2022), sendo que 85% da área já havia sido retirada até o dia 28 de março, avanço de 5% em relação ao relatório anterior. Em Mato Grosso do Sul, com avanço representativo de 12,8%, a área semeada com o milho 2ª safra de 2022 até o dia 25 de março somava 95,1% do esperado. As colheitas da safra de verão (1ª safra 2021/2022) do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina estão adiantadas, favorecidas pelo clima. Na Argentina, a colheita havia totalizado 14,4% da área nacional até o dia 31 de março, avanço de apenas 4,4%. Os produtores argentinos, que já estavam preocupados com a seca registrada no início da temporada, agora estão atentos a geadas, que podem reduzir ainda mais a produção da atual temporada. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.