25/Abr/2022
A tendência é de preços mais firmes para o milho no mercado brasileiro, com viés de alta no curto prazo, com as cotações futuras em Chicago sustentadas em patamares elevados e alta do dólar no Brasil, que voltou para o patamar de R$ 4,80, após registrar perdas acentuadas ao longo de abril. Na Bolsa de Chicago, as cotações futuras para o 1º semestre de 2022 oscilam entre US$ 7,80 e US$ 8,00 por bushel e para o 2º semestre de 2022, entre US$ 7,20 e US$ 7,50 por bushel. Apesar de o movimento de queda nos preços do milho ainda ter sido observado em parte das regiões produtoras na semana passada, já há pequena reação em algumas localidades, especialmente nas regiões consumidoras. A recuperação vem após os futuros atingirem os maiores valores em 10 anos na Bolsa de Chicago, superando os US$ 8,00 por bushel em alguns momentos, patamar observado pela última vez em 2012.
Esse cenário anima os produtores, que voltaram a reduzir a quantidade de ofertas. As cotações do cereal estavam em forte queda nas principais regiões brasileiras desde o início de abril, pressionadas pela retração de compradores e pela necessidade de alguns vendedores em negociar devido ao avanço da colheita de safra verão (1ª safra 2021/2022) e às boas expectativas para a 2ª safra de 2022. As estimativas oficiais apontam produção recorde. Agora, porém, os preços estão reagindo. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) apresenta avanço de 0,7% nos últimos sete dias, a R$ 87,93 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, a alta é de 1,2% no mercado de balcão (preço pago ao produtor), mas queda de 0,7% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Na B3, as altas são mais intensas, influenciadas pelas elevações externas. O vencimento Maio/2022 registra alta de 3,8% nos últimos sete dias, a R$ 91,91 por saca de 60 Kg; o Julho/2022 tem avanço de 4,6% no mesmo período, a R$ 93,01 por saca de 60 Kg.
Apesar dos aumentos internacionais, a baixa demanda para entrega imediata e a desvalorização da moeda norte-americana frente ao Real pressionam as cotações do milho nos portos. Mesmo assim, os preços seguem mais elevados que os praticados no mercado interno. Nos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR), as quedas são de 0,8% e de 0,95% nos últimos sete dias, com médias de R$ 89,14 por saca de 60 Kg e R$ 89,00 por saca de 60 Kg, respectivamente. O line-up do Porto de Paranaguá (PR) aponta que, entre meados de abril até a metade de maio, o volume total de embarques deve ser de 314,8 mil toneladas. No acumulado parcial deste mês, o Brasil exportou 238 mil toneladas de milho, quase o dobro da quantidade observada em abril/2021, de 130 mil toneladas. Do lado das importações, o ritmo segue maior que o do ano anterior. Na parcial deste mês, chegaram 112,63 mil toneladas aos portos brasileiros, 46% superior às 77 mil de todo o mês de abril de 2021.
No mercado a termo, com foco para o segundo semestre, as negociações também estão lentas, com compradores e vendedores atentos ao ritmo do plantio nos Estados Unidos e às tensões entre Ucrânia e Rússia. Até o momento, as ofertas de compra para entrega em agosto e setembro estão entre R$ 89,00 e R$ 90,00 por saca de 60 Kg, superiores às praticadas atualmente em boa parte das regiões. No campo, o clima segue favorável às lavouras da 2ª safra de milho de 2022 no Brasil, mas muitos produtores seguem atentos às frentes frias previstas para as próximas semanas. Das lavouras do Paraná, 97% apresentaram boas condições e apenas 3% estavam em situação mediana até o dia 18 de abril. Quanto às fases, a maior parte (47%) está em desenvolvimento vegetativo.
Na Argentina, o clima seco tem favorecido a colheita, que, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, havia atingido 23,2% da área total até o dia 21 de abril, avanço de 3,8% em relação à semana anterior. Nesse cenário, uma diferença elevada de produtividades entre as regiões tem sido observada. Até o momento, a estimativa de produção na Argentina se mantém em 49 milhões de toneladas, 3,5 milhões a menos que na temporada anterior. Nos Estados Unidos, o clima frio vem atrasando o andamento da semeadura, que chegou a apenas 4% da área nacional até o dia 18 de abril, avanço semanal de apenas 2%, mas 3% inferior ao mesmo período de 2021. Quanto aos preços internacionais, as preocupações com o atraso da semeadura nos Estados Unidos e com a safra da Ucrânia influenciaram os valores. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.