23/Mai/2022
A tendência é de cotações futuras sustentadas em patamares elevados nos curto e longo prazos, diante do recuo da área plantada nos EUA, ausência da Ucrânia no mercado exportador e projeções de redução da produção e dos estoques de passagem na próxima temporada 2022/2023. A previsão de forte recuo (-4,1%) na área plantada nos EUA em 2022/2023 é altista para os preços futuros nos curto e longo prazos: a queda da área poderá ser maior do que a estimada, dado o forte atraso dos trabalhos de plantio na atual safra, ante a média histórica para esse período do ano. Os preços do petróleo em patamares elevados impulsionam a produção de etanol de milho nos EUA. Em Chicago, os futuros com vencimentos em 2022 oscilam em um intervalo entre US$ 7,30 e US$ 7,80 por bushel e para 2023 de US$ 6,45 a US$ 7,35 por bushel. No mercado interno, a tendência é de sustentação dos preços, com os futuros em alta em Chicago, alta do dólar e adversidades climáticas que ameaçam áreas produtoras da 2ª safra de 2022.
Entretanto, ainda que ocorram quebras localizadas na 2ª safra deste ano, a projeção é de uma colheita recorde que poderá conter e até reverter a tendência de preços sustentados no Brasil. A estimativa da nossa Consultoria é de produção de 115,5 milhões de toneladas na safra 2021/2022 (+33% sobre 2020/2021) e 131,9 milhões de toneladas no total das 3 safras de 2022/2023. Apesar da chegada de uma forte frente fria no Brasil na semana passada, apenas algumas regiões produtoras do Paraná, de Mato Grosso do Sul e de Minas Gerais é que registraram geadas, mas com intensidades de baixa a moderada e que não devem resultar em grandes quebras na produção. Diante disso, os agentes voltaram a se mostrar otimistas com a 2ª safra de 2022. Ressalta-se, no entanto, que, em Mato Grosso, é a falta de chuvas que vem preocupando produtores. Segundo a Aprosoja de Mato Grosso (Aprosoja), a estimativa é de quebra de 10% na produção da temporada em relação ao estimado inicialmente.
Ainda assim, a produção no Estado deve ser 20% maior que a da temporada anterior, totalizando 39 milhões de toneladas, de acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Quanto às negociações, estão lentas, tendo em vista que os agentes estão atentos ao clima frio e aos possíveis impactos sobre a produção. No geral, parte dos compradores se mostra abastecida e à espera da colheita da 2ª safra de 2022. Os vendedores, por sua vez, estão afastados do spot, de olho no campo e sem necessidade de liberação de armazéns. As atenções de agentes também estão voltadas à semeadura de milho nos Estados Unidos, que está bem atrasada frente a anos anteriores. Agora, previsões indicando chuvas podem atrasar ainda mais as atividades de campo no país norte-americano. Nos últimos sete dias, os preços do milho registram alta de 1,4% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,1% no mercado de lotes (negociação entre empresas).
O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas - SP) apresenta valorização de 3,3% nos últimos sete dias, a R$ 88,48 por saca de 60 Kg. Na B3, os vencimentos futuros estão recuando, influenciados pelas boas perspectivas para a safra e por desvalorizações externas e do dólar, que reduzem a paridade de exportação. O contrato Julho/2022 tem recuo de 3,6% nos últimos sete dias, cotado a R$ 93,06 por saca de 60 Kg; Setembro/2022 apresenta desvalorização de 3,3% no mesmo período, passando para R$ 95,59 por saca de 60 Kg. No Brasil, apesar das preocupações com a frente fria e de possíveis impactos das geadas nas lavouras, os produtores seguem com a colheita da safra de verão (1ª safra 2021/2022) na Região Sul do País. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicou que 80% da área nacional havia sido colhida até o dia 14 de maio. No Paraná, até o dia 16 de maio, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) relatou que restava apenas 1% para ser retirado das lavouras.
No Rio Grande do Sul, a Emater-RS aponta que 89% da área foi colhida, avanço de apenas 3%. A elevada umidade dos grãos limitou as atividades no Estado. Quanto à 2ª safra de 2022, produtores de algumas localidades de Mato Grosso já iniciaram a colheita. No Paraná, as lavouras da 2ª safra de 2022 estão em fase final de desenvolvimento, com 87% em boas condições; 11%, em medianas; e apenas 2% estão ruins. Na Argentina, o ritmo de colheita de milho segue lento, já que os produtores priorizam os trabalhos envolvendo a soja. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, houve avanço de 1,6% na colheita na semana passada, que somou 27,4% da área total estimada. A estimativa de produção se mantém em 49 milhões de toneladas. Nos Estados Unidos, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), 49% da safra de milho havia sido semeada até o dia 15 de maio, contra 22% na semana anterior e 67% na média das últimas cinco safras. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.