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30/Mai/2022

Pressão baixista sobre o milho com dólar e 2ª safra

Após subir do patamar de R$ 84 por saca de 60 Kg em novembro/2021 para o pico de R$ 100 em março/2022, os preços internos do milho vêm sofrendo pressão baixista e a média atual está na casa dos R$ 87 por saca de 60 Kg. A baixa acentuada do dólar e o avanço da colheita recorde da 2ª safra de 2022 está afastando compradores e pressionando os preços internos. O dólar emendou na sexta-feira (27/05) o terceiro pregão consecutivo de queda, rompeu o piso de R$ 4,75 e encerrou a semana, marcada por retorno mais forte do apetite ao risco no exterior, com desvalorização de 2,79%. No fim da sessão, o dólar fechou com baixa de 0,49%, a R$ 4,73. Com isso, a moeda fecha a semana passada com baixa de 2,79%, após ter perdido 3,63% na anterior. Em maio, o dólar acumula desvalorização de 4,14%. No ano, a perda é de 15,02%. Atentos ao início da colheita da 2ª safra de milho de 2022, que deverá ter produção recorde, os compradores se mantêm afastados das aquisições de novos lotes, à espera de queda nos valores.

Esses demandantes também indicam estar estocados. Do lado vendedor, alguns agentes estão mais flexíveis nos preços de negociações, seja para aproveitar os atuais patamares ainda elevados, antes de possivelmente os valores se enfraquecerem diante da colheita, seja para liberar armazéns para entrada da nova produção. Por enquanto, a maior parte dos lotes da 2ª safra de 2022 deve ser destinada a negócios antecipados, e não ainda no spot. O Indicador ESALQ/BM&F (Campinas/SP) registra recuo de 2,5% nos últimos sete dias, cotado a R$ 86,90 por saca de 60 Kg. Nos últimos sete dias, as baixas são de 1,5% no mercado de balcão (preço pago ao produtor) e de 1,6% no mercado de lotes (negociação entre empresas). Na B3, o início da colheita e a perspectiva de safra recorde resultam em ajustes negativos nos vencimentos futuros.

O contrato Julho/2022 tem desvalorização de 2,7% nos últimos sete dias, a R$ 90,56 por saca de 60 Kg. O contrato Setembro/2022 apresenta baixa de 2,3% no mesmo período, a R$ 93,41 por saca de 60 Kg. Os produtores estão atentos à paridade de exportação, como alternativa para negociações e sustentação das cotações. Com as recentes desvalorizações externa e do dólar, os preços nos portos também estão em baixa. No Porto de Paranaguá (PR), o milho registra queda de 1,7% nos últimos sete dias a R$ 92,24 por saca de 60 Kg. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em 15 dias úteis de maio, o Brasil exportou 801 mil toneladas de milho, muito acima das 13 mil toneladas escoadas em todo o mês de maio de 2021. As importações também estão avançando, passando de 62 mil toneladas em maio de 2021 para 85 mil toneladas na parcial deste mês. De maneira geral, as lavouras vêm apresentando bom desenvolvimento no Brasil.

Em Mato Grosso, único Estado que já iniciou a colheita, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) indicou que, até o dia 20 de maio, 1,2% da área havia sido retirada. No Paraná, dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) mostram que 99% do milho da safra de verão (1ª safra 2021/2022) havia sido colhida. Agora, o mercado acompanha as condições da 2ª safra de 2022. Neste caso, do cereal que está na lavoura, 14% estão em condições médias, 84%, em boas, e 2%, em ruins. A estimativa de produção do Paraná segue mantida em 16 milhões de toneladas, um recorde para o Estado. No Rio Grande do Sul, a colheita da safra de verão (1ª safra 2021/2022) acontece de maneira lenta, devido às chuvas e à prioridade dos trabalhos com a soja. A Emater-RS informou que as atividades de campo somavam 90% da área estimada até o dia 26 de maio, avanço de apenas 1% frente à semana anterior. Na Bolsa de Chicago, os vencimentos futuros voltaram a recuar durante a última semana, após a sinalização de que a semeadura da safra ganhou ritmo nos Estados Unidos nos últimos dias.

Além disso, as vendas externas do cereal dos Estados Unidos ficaram abaixo do que agentes aguardavam. Os vencimentos Julho/2022 e Setembro/2022 apresentam desvalorização de 2,3% e 2,2% nos últimos sete dias, a US$ 7,76 por bushel e a US$ 7,44 por bushel. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), 72% da safra de milho do país havia sido plantada até o dia 22 de maio, forte avanço semanal de 23%, mas ainda atrasada frente à temporada anterior, quando as atividades totalizavam 89%. Quanto às vendas semanais, exportadores relataram escoamento de 151,6 mil toneladas do cereal na semana encerrada em 19 de maio, o menor volume para o atual ano comercial. Na Argentina, com a redução da umidade dos grãos, houve progresso na colheita. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, os trabalhos de campo avançaram 2,7%, totalizando 30,1% até o dia 26 de maio. A expectativa de produção se mantém em 49 milhões de toneladas. Fontes: Cepea e Cogo Inteligência em Agronegócio.