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02/Jun/2022

Setor de proteína animal busca milho no Paraguai

A indústria de carnes da Região Sul, principal consumidora de milho para ração no Brasil, está elevando as compras externas do cereal vindo do Paraguai como uma alternativa para driblar os altos custos de produção, e já encontra no país vizinho o grão a preços mais competitivos. De um lado, os preços locais do milho foram impulsionados pela guerra na Ucrânia e expectativas de maior exportação do Brasil, principalmente caso se confirme um recorde de produção na 2ª safra de 2022. De outro lado, o Paraguai também inicia em junho uma colheita de safra cheia e conta com localização estratégica para entregas na Região Sul, embora uma operação de fiscais agropecuários brasileiros na fronteira preocupe a cadeia. A Cooperativa Central Aurora Alimentos, terceira maior processadora de aves e suínos no Brasil, informou que irá comprar milho do Paraguai. As principais unidades industriais da Aurora estão localizadas no oeste de Santa Catarina, região próxima do Paraguai, situação que facilita essa operação.

O milho virá por rodovia e entrará no País pelo Porto Seco de Dionísio Cerqueira (SC). O volume de compras dependerá da negociação de preços. A consultoria paraguaia DasAgro estima as exportações de milho do país entre 3,5 milhões e 3,8 milhões de toneladas, das quais 2-2,5 milhões podem vir para o Brasil neste ano comercial, iniciado em maio no Paraguai. Esse volume seria cerca de o dobro do visto no ciclo passado. De maio/2021 a abril/2022, as exportações de milho paraguaio somaram 1,3 milhão de toneladas, sendo 99% para o Brasil. O milho exportado pelo Paraguai está cotado entre US$ 230,00 e US$ 235,00 por tonelada na fronteira, mais frete de U$ 5,00 por tonelada, com entrega prevista entre junho e julho. Isso significa que o milho importado custaria cerca de R$ 1.142,00 por tonelada, considerando câmbio futuro com dólar a R$ 4,76.

A S&P Global calcula que, no mercado interno, o milho esteja cotado em Cascavel (PR) a R$ 1.475,00 por tonelada e, mesmo com a entrada da colheita nacional, em junho/julho, este valor ficaria próximo da paridade de exportação para o período, por volta de R$ 1.400,00 por tonelada, já que o país está entrando na temporada de exportações. A região de Salto del Guairá, fronteira com Paraguai, é bem próximo de Cascavel (PR), ou até mesmo Foz do Iguaçu (PR), o frete fica baixo. Então, de fato, o custo dessa importação do Paraguai fica mais barato que o cereal doméstico. A estimativa é de exportações fortes do Brasil este ano, e isso contribui para alta nos preços. Com volumes muito expressivos de milho saindo do Brasil, haverá importação mais forte neste ano, principalmente nos últimos meses. Boa parte da exportação de milho do Brasil sai pelo Porto de Santos (SP), aonde o produto chega em grande medida por meio de ferrovia, trazido da Região Centro-Oeste.

Já a Região Sul do Brasil não tem uma logística tão favorável para receber o cereal de Mato Grosso, por exemplo. Neste cenário, a Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS) afirmou que o Estado perdeu muita produção com a seca no ano passado, e agora terá que importar 4,5 milhões de toneladas, não só do Paraguai, que será um grande fornecedor. O Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) destacou que as indústrias têm buscado mais grãos do Paraguai, pois é um grão de excelente qualidade tal qual o do Brasil. No Brasil, a safra será robusta, mas o setor de proteínas procura trabalhar para não ficar tão exposto aos custos. O setor tem utilizado as importações e cereais de inverno como alternativas para reduzir as despesas com alimentação animal. No Paraguai, a produção do cereal que começará a ser colhido em junho está estimada em 5,5 milhões de toneladas, contra 3,135 milhões no ciclo anterior. Isso porque a área de plantio da “safrinha” paraguaia atingiu 910 mil hectares, número 20% maior que o do ano anterior e 33% acima da média histórica dos últimos cinco anos.

Os preços do milho foram um incentivo para o aumento no plantio, mas também a colheita de soja que se antecipou muito devido à seca, e às perdas da safra de soja de verão, um cenário semelhante ao ocorrido na safra brasileira da Região Sul. Então, parte do motivo para uma produção maior foi aproveitar a janela de plantio de milho e antecipar em quase 30 dias este ano o plantio. A janela ideal para semeadura do cereal no Paraguai é o mês de fevereiro. Porém, tem sido difícil manter embarques fluídos ao Brasil, principalmente pela fronteira Ciudad Del Este/Foz do Iguaçu, que representa 50% das exportações de milho aos brasileiros, devido à operação padrão dos fiscais agropecuários que elevou o tempo médio de transporte na região de 3 para 10 dias. Se não se resolver esta situação de fronteira, permitindo um fluxo contínuo dos embarques, provavelmente as exportações de milho do Paraguai serão mais massivas através da Hidrovia Paraguai/Paraná, que demora de 15 a 20 dias. Fonte: MoneyTimes e Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.